Capítulo Trinta e Três

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April

Foi difícil aceitar que Margharita havia morrido. Mesmo que não fôssemos próximas, o nosso grupo não era mais o mesmo. Ela fazia falta.

Andrew e Henry passaram um tempo se recuperando dos ferimentos enquanto Rachel e Ben preparavam tudo para fazer uma reunião importante. Afinal, teríamos de organizar as coisas para finalmente começar a tentar viver nossas vidas da forma mais normal que fosse possível. Mesmo que o normal não existisse mais.

Depois de um tempo conversando com Dylan em um canto, Henry me chamou e fui até ele, com certo receio.

Aquela coisa de saber gostar dele ainda era meio nova para mim.

- Podemos conversar? - Perguntou ele quando me aproximei.

Assenti e o ajudei a levantar indo em direção a uma das salas mais próximas.

- Olha lá, o casalzinho perfeito vai produzir um bebê! - Alex gritou e todos voltaram seus olhos para nós.

Ignorei aquele comentário idiota e entrei na sala com Henry a tiracolo. Nos sentamos um de frente pro outro, e por um tempo apenas nos observamos ali, em silêncio.

- Você é tão confusa... - Henry começou falando baixo.

Dei uma risadinha nervosa, afinal, meu coração estava acelerado demais e parecia que a qualquer momento iria sair pela minha boca, só por saber que estávamos sozinhos ali.

- Às vezes você parece que sente algo por mim, mas em outros momentos... parece que não sente nada.

Henry olhou para o chão sem graça e depois cravou os olhos em mim, como sempre fazia.

Respirei fundo e tentei explicar o que sentia, porém antes que eu pudesse de fato abrir a boca, ele continuou:

- Eu não aguento mais isso, April. É quase tortura.

- O quê?

- Ter você assim tão perto e não poder fazer nem metade do que eu queria poder fazer.

Não pude deixar de imaginar em tudo o que poderia se passar em sua mente e tentei finalmente dizer para ele o que sentia aqui dentro.

- Aí que está a coisa, Henry. Eu gosto de você, quero você. Mas não sabia disso até um pouco mais cedo, quando tive de cogitar viver tudo isso sem você. - Admiti lembrando daquela cena e balancei a cabeça para esquecer. Ele estava salvo aqui.

Olhei para ele e notei que estava boquiaberto. Talvez não imaginasse que aquele sentimento era recíproco.

- V-você gosta de mim?

- Isso não estava um pouco na cara? - Perguntei com um sorriso amarelo e ele acabou rindo.

Ficamos mais um tempo ali sem dizer nada, apenas rindo porque sabíamos que aquele sentimento era o mesmo que rondava o coração do outro, e isso bastava.

Sentei ao seu lado e Henry se aproximou devagar enquanto afastava uma mecha do meu cabelo. Eu nunca o tinha visto tão de perto assim. Com tantos detalhes, cheiros e texturas.

Eu podia ouvir sua respiração, e eu tinha certeza de que ele podia ouvir meu coração saltitar lá dentro. Mas eu não estava me importando com isso, afinal, ele era o motivo daquilo tudo.

Diminuí o espaço entre nós e seus lábios finalmente encontraram os meus. Henry tinha gosto de jujuba, o que me fez rir em seus lábios.
Ele também riu, porque provavelmente eu tinha gosto de sanduíche naquele momento.

Mas ali, em seus braços, era quase como se nada no mundo importasse. Como se simplesmente tudo tivesse parado, até os idiotas dançantes e as aves no céu, para nos assistir naquele instante.

***

- Como não temos muitos quartos nesse andar, e queremos todos aqui juntos, vamos fazer as divisões agora. - Rachel informou a todos no que parecia uma recepção e deu uma olhada em uma folha branca inteiramente rabiscada.

- Os quartos vão ser divididos por gêneros para facilitar a convivência e uso de banheiro. Mas isso não quer dizer que vocês não podem ir dormir com seus namoradinhos. - Ben deu uma piscadela e continuou: - Não queremos impedir nenhum bebê de nascer.

Alguns deram risadas altas, mas apenas olhei para Henry, que virou para mim e piscou fazendo uma piadinha.

- Deixarei as duplas anotadas aqui, e cada um que dê uma olhada e organize suas coisas no quarto estipulado. - Rachel disse por fim e todos foram dar uma olhada na folha.

Algumas pessoas ficaram felizes com seus parceiros de quarto, mas outras ficaram bem insatisfeitas. Tipo Carter que havia tirado Aaron como colega de quarto e estava praticamente chorando no chão, gritando "não" sem parar.

Eu havia ficado em um quarto com a Rachel, e pensando bem, isso seria interessante. Quem sabe assim eu poderia conhecê-la melhor...

- Se instalem nos quartos e depois nos encontramos todos aqui para estipular as tarefas de cada um. - Ben disse por fim e todos foram até seus quartos, onde começaram a organizar suas poucas coisas e a limpar aquele cômodo que nem era tão ruim assim.

Até tinha televisão, pena que não funcionava.

- Oi colega de quarto! - Falei animada quando entrei no quarto frio, mas Rachel estava ao lado de Andrew, que me olhou estranho e virou a cara.

Provavelmente eu teria que lidar bastante com a presença dele e até atura-lo. Mesmo sendo um completo idiota.

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