Capítulo Quarenta e Oito

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                            Henry

Era difícil respirar, e a cada instante eu me forçava a buscar o pouco oxigênio que circulava por entre as paredes brancas e angustiantes daquele cômodo. Eu não sabia a quanto tempo estávamos ali, e nem muito menos onde estávamos, mas eu não aguentava mais. Meus olhos queimavam, minha cabeça parecia que ia explodir a qualquer momento, e de tempos em tempos eu fazia tudo que era possível para manter meus pensamentos em ordem.

Eu não podia enlouquecer. Tinha que aguentar tudo aquilo, por April.

Levantei e comecei a caminhar em círculos, para manter "a forma" e distrair minha mente, mas logo a imagem de April cortando seu braço, Rachel coçando todo o corpo até sangrar e Andrew morto invadiram minha mente. Aquilo era loucura, e eu mal podia acreditar que realmente estava acontecendo.

- Henry! - Chamou uma voz que eu seria incapaz de não reconhecer.

Me virei procurando de onde a voz de April vinha, mas ela não estava em canto nenhum.

- Henry! - Repetiu a mesma.

Olhei para a televisão, mas ela também não estava lá. De onde vinha aquela voz?

- Você realmente achou que eu seria capaz de te amar? - Ela ironizou, e eu pude sentir que ria, aonde quer que estivesse. - Você é um solitário medíocre!

Fiz uma careta.

- Por que você está falando essas coisas?

April riu.

- Como eu poderia amar você, tendo um Sebastian?

Ignorei aquele comentário. Aquilo não podia ser real, e eu tinha de manter a calma.

Mas ela continuou.

- Eu odeio você!

Me agachei em um canto e me encolhi, tapando os ouvidos. Eu não podia ouvir aquilo. Era doloroso demais. De repente, tudo o que havíamos vivido, cada risada, beijo e conversa, não havia passado de mentiras. April nunca me amou.

Algumas lágrimas escorreram de meus olhos enquanto ela continuava a falar aquelas coisas horríveis, e nada mais parecia fazer sentido para mim.

- Pare! Por favor, pare! - Gritei em um fio de voz, a única que me restara e desatei a bater minha cabeça contra a parede, na esperança de que aquilo ofuscasse a dor que aquelas palavras causavam em minha mente.

Tudo girou mais uma vez, e levei as mãos à parte de trás de minha cabeça, de onde fluía bastante sangue. Senti meu corpo bater no chão, fazendo-me tremer com aquela dor, e olhei para as paredes brancas mais uma vez. Então, esse era o plano deles. Nos deixar tão ferrados psicologicamente que não seríamos capazes de dar um passo sem entrar em pânico.

Foi aí que percebi tudo.

Aquilo não era real.

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