Capítulo Quarenta e Dois

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Henry

- Quem iria imaginar que existe uma sauna dentro deste hospital? - Andrew falou rindo, enquanto colocava a toalha branca sobre os ombros, provavelmente sentindo o calor daquele local fechado e quente.

Rachel riu.

- Qual era a utilidade disso? - Ela perguntou, olhando ao redor.

Pensei um pouco.
Realmente, aquilo não fazia sentido, ao não ser que fosse usado para algum tipo de terapia relacionada ao calor ou alguma merda assim. Ou talvez fosse usado pelos médicos que precisavam descansar entre suas horas extras e dar uns amassos com alguém que fosse real.

- Provavelmente eles sabiam que dois jovens casais precisariam se divertir aqui. - Disse James Bond rindo e jogando sua toalha em mim, que quase caí com aquele leve impacto. Eu realmente precisava de alguns exercícios.

- Uma sala fechada e super quente não é bem o que imagino quando penso em diversão. - Admiti e sentei em um dos bancos de madeira que haviam ali, puxando April para mais perto de mim. - Você não tá afim de sair daqui?

- Já estava achando que não faria essa pergunta. - April disse suprimindo um sorrisinho que lutava para aparecer em meio aos seus lábios, e acabei rindo com aquilo, mesmo sem motivo algum.

***

Eu tinha esquecido de como era o pôr do sol. Esquecera das cores e da sensação que aquilo me causava. Eu adorava o pôr do sol. Adorava a calma e a felicidade que aquilo me passava, mesmo que pelos poucos minutos que durava. Era uma daquelas coisas incríveis e simples que só damos valor quando perdemos. E foi até doloroso ver aquilo. Porque eu sabia, que logo eu estaria de volta àquele hospital onde tudo que eu via era a massa cinzenta que entrava pelas brechas da janela todas as manhãs.
Eu queria ter começado tudo antes. Queria ter beijado a April antes e poder assistir ao pôr do sol com ela inúmeras vezes, sem me preocupar em perder-lá a qualquer momento. Eu, na verdade, gostaria de ter feito um monte de coisas que não fiz.

- No que você está pensando? - April perguntou depois de um tempo.
Virei-me para ela e a encarei por alguns minutos, sem me preocupar se ela me acharia psicopata ou até mesmo idiota de sempre olhar para ela daquele jeito bobo.

- Em nada. - Respondi entrelaçando nossos dedos.

Ficamos ali por mais um tempo, apenas contemplando o azul tomar o lugar do laranja que preenchia o céu, e as nuvens se aproximarem devagar, formando desenhos que tentávamos descobrir.

- Ah, vocês são tão lindos. Até dá dó. - Disse uma voz grave, me fazendo dar um pulo.

Levantei rapidamente, segurando a garrafa de plástico que estava em minha mão. Pelo visto minha arma havia sumido.

- QUEM É VOCÊ? - Gritei tentando parecer forte e assustador, mas até April se segurou para não rir daquilo. Se dependesse da minha voz "malvada", nós estávamos perdidos.

O homem riu, sacando uma arma.

- Sua garrafa é assustadora, mas não há nada que você possa fazer, bonitão.

April levantou, com a minha pistola zoada em mãos e deu um sorrisinho, mostrando-a para o homem.

- Parece que estamos empatados.

O homem riu mais, pegando um smartphone velho em seu bolso. Ele digitou uma senha complicada e virou-o para nós, mostrando uma foto de Andrew e Rachel, amarrados naquela mesma sauna de algumas horas atrás.

April levou uma das mãos ao rosto, em choque. Como se não bastasse os dançantes e o medo que sempre estava por perto, ainda tínhamos de lidar com isso, seja lá o que for.

- O que você quer? - Perguntei tentando não demonstrar todo o medo que eu sentia naquele momento.

- Para começar, manda a sua namoradinha abaixar essa merda. - O homem falou ríspido, apontando para a pistola que April segurava.

Ela fez uma careta, e eu suprimi a vontade de matá-lo.

- Ou o que?

- Ou seus amigos morrem.

Me virei para April devagar, e segurei sua mão, sussurrando que tudo ficaria bem, mesmo que nem mesmo eu tivesse aquela certeza.

Ela jogou a arma no chão e abaixou a cabeça, provavelmente tentando impedir suas mãos de tremerem como já tremiam.

O homem se aproximou com um sorriso maldoso no rosto e puxou April para trás de si rapidamente, me pegando totalmente desprevenido.

Ela estava chorando. Eu podia ouvir sua respiração mais forte, e as lágrimas escorrendo pelo seu rosto devagar. April estava em pânico, esperava que eu fizesse alguma coisa, talvez batesse no cara e salvasse a nós dois. Mas eu não conseguia. Apenas fiquei paralisado vendo o mesmo se aproximar com aquele sorriso assustador enquanto arrastava ela atrás de si.

Senti uma pancada na cabeça. Algo forte, como uma pedra ou algo assim, mas não o vi pegar nada. Tudo girou, e de repente o chão estava muito mais próximo do que de costume. Olhei para cima, mas a última coisa de que consigo lembrar eram as linhas que marcavam o rosto do tal homem enquanto ele sussurrava:

- Vamos nos divertir.

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