Capítulo Quinze

27 10 0
                                    

Henry

Durante o caminho de volta a escola, eu não conseguia parar de pensar naquelas palavras que quase fizeram meu humilde coração parar de vez.

Olhei para April de soslaio por alguns instantes, e vez ou outra ela sorria para mim.

Seria muito difícil lidar com aquilo se ela sorrisse sempre daquele jeito.

Quando chegamos no colégio, April estacionou o carro numa ruela perto da escola para que pudéssemos andar sem muitos barulhos até a entrada.

Caminhamos lentamente todos juntos, e ao meu lado conseguia ouvir a respiração quase ofegante de Carter, que dava leves fungadas de vez em quando.

- Eu... acho que preciso vomitar. - Carter falou quebrando o silêncio enquanto andávamos tensos.

- Vomita aí no chão, mocinha. - Emma disse irritada, e fez Andrew rir.

- Ei, calem a boca! - Sussurrei e continuei andando. Sentia que estava quase caminhando para a morte.

Seguimos reto até perto da janela onde via-se os outros grupos e meu coração foi invadido por uma espécie de felicidade. Estávamos quase lá.

- Henry... - Chamou Andrew cutucando meu braço.

- Agora não, estamos quase lá. - Falei o ignorando.

O Andrew continuou me cutucando, e um tempo depois acabei me virando irritado. Afinal, o que era de tão importante?

E tão próximos lá estavam, mais de dez idiotas dançando ao redor de nós sem parar. Como eu não tinha notado aquilo?

Tentei arrumar uma saída, mas já estávamos encurralados demais para tentar correr ou fazer qualquer outra coisa.

Gritei algo que nem mesmo eu entendi, e tentamos partir para cima dos retardados, que só chegaram mais perto de nós, fazendo movimentos agressivos e rápidos.

De repente estávamos em um pequeno espaço, rodeado por eles. Não teríamos mais chance nenhuma.

Todos começaram a gritar loucamente, e aquilo quase me deixou surdo.

Que merda, aquilo seria a última coisa que eu ouviria na vida.

April do nada se lançou nos meus braços e fechou os olhos fazendo careta. Acho que ela estava tipo esperando a morte ou algo assim.

A abracei também e dei uma última olhada em seus olhos fechados. Se agora fosse a hora da minha morte, pelo menos eu morreria com aquela vista. April em meus braços de olhos fechados e corpo quente.

Respirei fundo, já não havia espaço entre nós e os dançantes, quando um barulho seguido de muitos outros quase me deixam moco de vez. Acho que eram armas.

Sem soltar April, abri meus olhos e dei uma olhada no que estava ao nosso redor.

Andrew e Carter agachados no chão quase com os rostos no núcleo da Terra, e Emma bem tranquila sentada em uma mochila. Ela não tinha medo?

Grande parte dos 'carinhas' estavam no chão se debatendo, e a outra parte corria para longe. Provavelmente assustados.

- A gente estava prestes a morrer, e vocês decidiram se abraçar? - Perguntou a Emma com cara de tacho se levantando.

April abriu os olhos e me encarou por um instante, sem me soltar. Ela ainda estava assustada.

Olhei para o Carter e senti uma leve raiva e vontade de socar seu estômago, quando notei que ele estava fazendo de novo aquela cara de emoji de lua.

- Vocês estão namorando? - Andrew perguntou com um sorrisinho malicioso.

- Não! - Eu meio que gritei irritado e vi algumas pessoas na janela rindo.

April me soltou devagar e se levantou prendendo os cabelos.

- Eu só estava com medo, idiotas. - Ela disse revirando os olhos e ofereceu uma das mãos para me ajudar.

Aceitei sua ajuda e me levantei, arrumando minha camisa amassada.

- Aprilzinha, você sabe que pode me abraçar sempre que estiver precisando, não é? - Carter disse chegando perto dela e pondo um de seus braços no ombro de April.

Tive vontade de dar outro soco nele pela segunda vez em menos de cinco minutos, porém me controlei. Não queria que nos enchessem mais ainda com essas histórias de casal, mesmo que fosse um dos meus maiores desejos.

- Claro, Carterzinho, você seria a primeira pessoa que eu procuraria em um momento de necessidade. - April disse fazendo aspas com os dedos, e o empurrando para longe.

Depois de finalmente parar com aquele assunto constrangedor, caminhamos rapidamente pelo resto do caminho até entrarmos na escola e encontrar os outros.

Mas eu não conseguia parar de pensar naquele pequeno instante que passamos. E acabei chegando na conclusão que depois daquele abraço, eu até queria quase morrer outra vez.

Delayed's Onde histórias criam vida. Descubra agora