Capítulo Um - Nostálgico.

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Aaron.

Se há uma coisa que eu gostaria de deixar como legado, é a seguinte informação: Se sua ex-noiva te chama para o casamento dela, você deve apenas gentilmente agradecer e, à época, agendar uma viagem para qualquer lugar longe o suficiente para que você não tenha tempo de mudar de ideia e aparecer na cerimônia.

Acredite em mim, esse é um conselho sábio. Não apenas porque te livra de vários olhares ressentidos de pessoas que conviveram com vocês enquanto casal, mas porque te impede de tomar decisões idiotas.

E, posso dizer com propriedade, muitas ideias idiotas vem à cabeça nessa hora. E três ou quatro (eu perdi a conta, foi mal) doses de whisky te fazem facilmente achar todas elas geniais e querer pô-las em prática o mais rápido possível.

Para minha total tristeza e arrependimento, foi exatamente o que eu fiz.

Era o dia do casamento de Ian e Olive e, com a visão embaçada pelo álcool e sem consciência de que as quatro pessoas que eu via provavelmente eram apenas uma, eu decidi que, quando o padre falasse "Quem tem algo contra essa união fale agora ou cale-se para sempre", eu estaria lá para gritar que Olive deveria ficar comigo. O binômio bebida e dor de cotovelo nunca falha.

Eu mal tinha colocado os olhos na igreja (quatro igrejas, sejamos sinceros), quando um obstáculo surgiu no meu caminho: um obstáculo loiro, de olhos azuis e que havia me feito cair no chão (com a quantidade de álcool no meu corpo até um tapa me derrubaria, então o que dizer de um esbarrão?).

— Me desculpe! — Ela disse e senti quando, após se abaixar, colocou uma das mãos no meu cotovelo para me ajudar a ficar de pé.

De um modo confuso, virei meu rosto em sua direção. Por alguns poucos centímetros, meu nariz não esbarrou em sua bochecha, ao mesmo tempo em que ela aplicava um pouco de força para me por de pé, o que era muito difícil quando eu nem mesmo estava me esforçando para ajudá-la. Meu cérebro, etílico demais para reagir de modo aceitável, apenas considerou que a garota era loira, olhos azuis e estava na igreja e fez a seguinte conclusão:

— Olive! — As sobrancelhas da garota se ergueram de um modo nada discreto. — Olive, não se case!

Felizmente, eu não estava em condições de me mover rapidamente, ou pelo menos não tão rapidamente a ponto da pseudo Olive ser incapaz de prever o que eu estava fazendo. Porque, após dizer isso, eu coloquei minha mão direita na bochecha da garota e definitivamente teria a beijado se ela não tivesse desviado a tempo, de modo que eu beijei a parte do seu rosto próxima a orelha. Agora que paro para pensar, agradeço muito que eu tenha tentado dar um beijo de língua em sua maçã do rosto e não na sua boca. Você sabe, seria constrangedor.

— Desculpe, mas eu não sou a Olive. — Ela disse enquanto afastava gentilmente a minha mão do seu rosto — E, para o meu total desespero, acho que esse é o nome da noiva.

Foi como se, num estalo, eu lembrasse que Olive se casaria se eu não fosse até lá me jogar aos seus pés. Eu tentei levantar, mas a garota me manteve sentado no chão apoiando uma das mãos no meu ombro – odeio admitir que ela não teve que fazer muito esforço para me impedir de ir atrás de Olive.

— Para de me segurar! — Eu disse para a mulher — Eu preciso ter de volta o amor da minha vida!

— Calma! — Ela disse e, de modo displicente, se sentou no chão ao meu lado. Lembro de me pensar que ela sujaria o vestido azul celeste que estava usando, mas ela não pareceu se importar. — Eu não estou exatamente te impedindo de ir. Mas, o casamento acabou de começar, então você ainda tem algum tempo antes de entrar e impedir a cerimônia — ela abraçou os joelhos, apoiando gentilmente o rosto nos braços, seus olhos azuis olhando em minha direção — Me dê um bom motivo para impedir esse casamento e eu prometo que não vou te atrapalhar.

Sem Você (Concluído).Onde histórias criam vida. Descubra agora