Capítulo Dezessete - Verdades.

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Aaron.

Estacionei em frente ao Wendy's e encarei o relógio de pulso, cujos ponteiros demonstravam que eu tinha aproximadamente uma hora para almoçar. Vi o Toyota Camry de Bonnie estacionado do outro lado da rua e fiquei feliz por ela já estar ali. Bonnie havia me chamado para almoçar e era nossa tentativa número três de ter um "encontro" normal.

Desci do carro e avancei em direção ao restaurante, passando pelas portas e cumprimentando alguns funcionários que já me conheciam, uma vez que eu costumava almoçar ali algumas vezes por semana. Segui pelas mesas de madeira até encontrar Bonnie sentada no canto. O cabelo ruivo, preso em um rabo de cavalo alto e alinhado, sempre tornava mais fácil encontra-la. Ela estava olhando alguma coisa no celular quando eu me aproximei e a abracei pelas costas, fazendo-a tomar um susto.

— Não me assusta assim! — Disse e sorriu antes de dar um beijo na minha bochecha. — Sua sorte é que tudo o que eu tinha na mão era um canudinho não letal ou a essa altura eu estaria te suturando. De novo.

Soltei uma risada enquanto puxava a cadeira do lado oposto da mesa para me sentar.

— Foi assim que me senti quando vi você saindo do apartamento do Max de manhã. — Retruquei e vi Bonnie apoiar o cotovelo na mesa e, em seguida, o rosto na mão. — Nunca vou esquecer a sua cara porca de quem foi pega no flagra.

— Foi uma vez só e já faz mais de uma semana. Não precisa ficar com ciúmes. — Ela disse, divertida.

Eu podia jurar que suas bochechas estavam levemente rosadas com a menção que fiz ao dia que a vi fugindo sorrateiramente da casa de Max às seis da manhã, toda desgrenhada e carregando seus sapatos nas mãos. Claramente querendo fugir de um despertar desconfortável com o sorriso sacana de Maxwell.

— Ninguém me garante que foi só uma vez.— Respondi e visualizei Bonnie erguendo uma das sobrancelhas. — E eu não estou com ciúmes de você.

— Eu sei que não. Você está com ciúmes do Max. — Ela disse, me fazendo girar os olhos.

Bonnie colocou o canudinho dentro do copo de suco que estava a sua frente.

— Eu e Max apaixonados e vivendo um caso. Essa piada nunca perde a graça. — Retruquei, ironicamente, o que fez Bonnie rir. — Você já fez o pedido?

— Sim! Pedi para você também, porque sei que no quesito falta de tempo, você é como eu. Espero que não se importe. — Assenti, deixando claro que não me incomodava. — Tentei te ligar para perguntar o que você queria, mas, aparentemente, você não é muito de atender telefonemas. Então, quando mencionei seu nome para a garçonete, ela disse que sabia o que você costuma pedir.

Eu não tinha recebido nenhuma chamada no celular desde que saí da faculdade, então, tateei os bolsos dando pela ausência do aparelho.

— Acho que eu esqueci o celular na faculdade. — Dei de ombros, justificando o motivo de não ter atendido.

Jenkins e eu conversamos por alguns minutos, aguardando que o meu cheeseburger e seu fried chicken com salada verde chegassem. Era sempre muito divertido estar com Bonnie, apesar do pouco tempo que nos conhecíamos. Ela era descontraída, o que me fazia pensar que o fiasco da noite em que ela tinha costurado meu rosto teve, no fim, um saldo positivo. Max a adorava (talvez de uma forma menos amigável que eu, mas, ainda assim, a adorava) e eu gostava muito de passar um tempo com ela, me divertindo com suas intermináveis histórias médicas. Muitas envolviam vômito e desmaios de residentes.

Ouvi meu nome completo ser chamado às minhas costas e, antes de me virar para trás para atender, vi a feição de Bonnie mudar totalmente, como se tivesse visto um fantasma. Assim que girei o corpo para trás, dei de cara com dois agentes da polícia, acompanhados pelo Sr. Flowers.

Sem Você (Concluído).Onde histórias criam vida. Descubra agora