Aaron.
— Eu não sei o que aconteceu comigo ontem, mas foi grave. — Disse assim que abri os olhos e vi Lillian sentada em uma poltrona, com vários papéis espalhados sobre a mesinha de centro, que ficava no meio do local onde eu estava deitado e ela.
Ela ergueu os olhos dos papéis que tinha em mãos, direcionando-os a mim por trás das lentes de seus óculos. Eu me lembrava, vagamente, de ter me dado conta de que tinha esquecido de sua apresentação no dia anterior, então, havia duas opções: ela estava ali para me matar ou eu tinha conseguido pedir desculpas a ela. Percebi que a primeira era verídica quando ela sorriu e respirei aliviado.
— Acredite, você diz isso com toda essa calma porque ainda não viu sua cara de derrota. — Lillian contou e apontou com a ponta do lápis que segurava para o copo térmico de café no canto da mesa, praticamente engolido pelos papeis, e um saquinho de papel pardo com a logo da padaria daquela rua estampado. — São para você. As aspirinas também.
Me ergui do sofá apenas para poder ficar sentado e pegar as coisas de cima da mesinha, entretanto, assim que o fiz, me senti levemente tonto e meu cérebro pulsou contra o meu crânio. A primeira coisa que fiz foi engolir as aspirinas, torcendo para que a ressaca passasse logo. Logo na sequência, tomei o primeiro gole de café, que Lillian havia pedido amargo provavelmente sabendo que eu iria precisar daquilo e, ao abrir o saquinho da padaria, encontrei croissants.
— Acho que você me desculpou. Você até me comprou croissants. — Disse antes de colocar o pequeno pão na boca e morder um pedaço.
— Para começo de conversa, se eu não tivesse te perdoado, você acordaria no tapete de entrada, porque ele fica do lado de fora. — Dei uma risada, mas ela tentou manter uma feição séria, ainda que sem muito sucesso — E foi difícil não te perdoar quando você se jogou aos meus pés e começou a implorar.
— Tenho certeza absoluta de que eu fiz isso. — Ergui as sobrancelhas antes de morder novamente o croissant, num claro sinal de que sabia que nada disso tinha acontecido.
— Sim, logo depois de dizer que não podia viver sem mim, dizer que eu era mais importante que o Max na sua vida, começar a chorar... — Ela deu um sorrisinho antes de continuar — E prometer que iria ajudar a arrumar o ginásio da faculdade para o baile.
— Eu tenho certeza que eu não disse nada disso. — Respondi, sabendo que era uma batalha perdida.
— Eu sei, a parte do Max não ficou muito convincente, nem bêbado você desprezaria o amor da sua vida. — Lillian soltou uma risada quando eu girei os olhos — Mas o resto procede.
— Você deveria ficar pedindo essas coisas para o seu namorado, sabia? — Tomei o último gole do café quente.
— Asher está voltando de Springfield. — Ela respondeu, colocando todas as folhas em cima da mesinha de centro, logo depois acomodando seus óculos sobre a pequena pilha que se formou. — Ele foi buscar a máquina de neve falsa. Ao contrário de você, ele não é um bêbado que desonra seus compromissos.
O sorriso amável que ela me lançou era tão falso que chegou a me ofender. Asher merecia um crédito – não é qualquer namorado que viaja trezentas e oitenta e oito milhas para buscar uma maldita máquina de neve, mas, Lillian sabia ser convincente. Coloquei uma das mãos sobre o peito em um gesto dramático.
— Auch. — Disse, fazendo Lillian dar uma risadinha — Eu não sou bêbado!
A garota ergueu as sobrancelhas de modo auspicioso.
— A parte impressionante é você negar logo que é bêbado. — Ela cruzou as pernas e repousou o tronco na poltrona que ocupava. — Sua negação é anulada totalmente pelo fato de que você dormiu no meu sofá e está fedendo a chope misturado com alguma outra bebida. — Ela pausou por um momento enquanto eu cheirava minha própria camisa. Era verídico. — Max e eu estamos cogitando te levar para os alcóolicos anônimos se você não parar de beber.
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Sem Você (Concluído).
RomanceSe a regra é que o casamento é o final feliz de qualquer história, Aaron Parnell com certeza é uma exceção - até porque estamos falando do casamento do amor de sua vida e ele não é o noivo. Decidido a não ter que conviver todos os dias com o casamen...