Capítulo Quinze - Efeitos Colaterais.

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Aaron.

— Bom dia, flor do dia. — Uma voz feminina se fez audível. Por um breve momento, eu pensei que, se abrisse os olhos, ficaria cego para sempre por causa da claridade.

Posicionei a mão em frente aos olhos para cobrir a luz antes de efetivamente afastar as pálpebras e me permitir ver a luz do dia. Aquele local certamente não era o meu quarto e eu tinha apenas uma vaga lembrança da noite anterior, o que não deixava muito claro como foi que eu fui parar na cama de alguma desconhecida. Só havia alguma nitidez no que tinha acontecido antes do meu quarto shot de tequila, depois, apenas uns borrões desconexos: Bebida, muita bebida. Algumas bocas desconhecidas. Uma briga. Sangue. Asher, talvez? Uma ruiva, dor.

E mais nada. Como é que eu tinha ido parar ali?

Encarei a garota que tinha me desejado bom dia quando senti que podia virar o rosto sem que meu cérebro começasse a latejar. Ela era ruiva, seus cabelos compridos estavam presos em um rabo de cavalo e seus olhos castanhos me encaravam com certa diversão.

— Bom dia. — Respondi, me colocando sentado na cama e notando que estava sem camisa.

— Você está na minha cama e está me olhando como se nunca tivesse me visto na vida. — Ela comentou, apontando para um criado mudo que ficava ao lado da cama. Vi uma cartela de comprimidos e um copo d'água — Aspirina.

Encarei os traços gentis de seu rosto por um segundo. Os olhos castanhos, os lábios fartos... Um beijo se materializou na minha mente. E saquê. O que eu tinha feito, por Zeus?

— Bonnie Jenkins. — Minha mente se lembrou dela antes de eu pegar a aspirina e colocar na boca. Ela me encarou e sorriu, assentindo.

Eu demorei alguns segundos a mais que o necessário para engolir o comprimido, tentando me lembrar do que Bonnie e eu havíamos feito na noite anterior. O fato de eu estar sem camisa em sua cama dizia muita coisa e eu me senti incrivelmente mal com a situação. Eu tinha dormido com ela?

Não havia nada de errado em dormir com uma mulher como Bonnie, que era incrivelmente bonita, mas, se eu realmente tivesse feito isso, havia sido apenas para tentar me esquecer de Lillian ou aliviar minha dor por ter sido abandonado por ela, o que me fazia um idiota. Por ter usado Bonnie e por ter tentado procurar a anestesia para toda a dor que eu estava sentindo no álcool, o que era um péssimo hábito meu, e no corpo de uma mulher desconhecida de quem eu praticamente só lembrava o nome.

Senti o peso da cama mudar quando Bonnie se sentou ao meu lado, segurando meu rosto entre as mãos. Seu rosto se aproximou e ela me olhou de forma analítica, tão próximo que sua respiração batia em minha bochecha.

— Eu não fiz um trabalho tão ruim no seu supercílio, tendo em vista que eu estava levemente embriagada quando você me deixou te suturar. Você é bem corajoso. — Foi o que ela disse antes de soltar uma risada baixa. — Você vai ficar com uma cicatriz, com certeza.

Eu tinha deixado uma bêbada costurar meu supercílio. Eu precisava seriamente seguir o conselho de Max e começar a moderar na bebida. Estou claramente pondo minha integridade em risco.

— Bonnie — Chamei, fazendo a garota voltar a olhar para mim. Minha cabeça estava latejando tanto que era difícil raciocinar — O que nós fizemos ontem à noite?

Ela sorriu de um jeito engraçado ao notar que eu estava falando sério. Eu realmente não fazia ideia do que tinha acontecido e, por algum motivo, isso era engraçado para ela. Talvez ela estivesse menos bêbada que eu, tendo em vista que eu estava um caco e ela parecia muito bem, obrigada, e conseguisse se lembrar.

Sem Você (Concluído).Onde histórias criam vida. Descubra agora