Capítulo Oito - Química (Parte 01)

970 133 131
                                    

Aaron.

Três dias haviam se passado desde que Max tinha conseguido que eu apenas pagasse as despesas médicas de Asher – que saíram bem caras, por sinal – e a faculdade me fizesse uma advertência formal.

O advogado havia, do mesmo modo, convencido Lillian que deveria ajuizar uma ação contra o garoto por violação de seu direito de imagem e danos morais, uma vez que a divulgação da foto havia trazido a ela muito mais que mero dissabor, mas consequências que poderiam repercutir contra ela por muito tempo. Até aquele momento, o processo estava sendo autuado e distribuído, aguardando as primeiras providências judiciais, o que demoraria a acontecer pelo menos até a semana seguinte, segundo Max, uma vez que aquele dia era ano novo. Trinta e um de dezembro.

Eu havia decidido ficar sozinho, embora meus pais tivessem tentado com afinco me fazer mudar de ideia e ir para Nevada, onde grande parte da família Parnell, inclusive eles, residiam e se reuniriam para as festividades. Max, do mesmo modo, tentou me arrastar com ele para New York, onde ficaria com a família por alguns dias, entretanto, nenhum deles havia conseguido me convencer a entrar no clima de virada de ano.

Eu apenas queria ficar sozinho, talvez começar a ver uma série nova ou ler um livro enquanto a neve caía e pessoas se deliciavam nas festividades. Calmaria era apenas o que eu desejava. E, aparentemente, Lillian também, já que ela havia decidido ficar sozinha em seu apartamento, assim como eu.

Desde a delegacia, Lillian e eu não havíamos nos encontrado. Depois que ela foi embora com Max, Freya me trouxe até em casa, tentando conversar comigo sobre quaisquer amenidades, entretanto, eu só consegui me concentrar na mulher quando ela estacionou o carro de modo brusco e seus lábios se espremeram contra os meus com voracidade. A verdade é que a pergunta de Lillian rondava a minha cabeça e, talvez, este tenha sido o único motivo pelo qual eu não dormi com Freya naquele dia.

A pergunta que ela me fez não havia sido respondida ou sequer mencionada, ainda que tivéssemos trocado mensagens de texto algumas vezes, desde aquele dia, como estava acontecendo nesse exato momento.

Eu pelo menos tenho um motivo para estar passando o réveillon sozinha. Você só é esquisito e parece antissocial.

Sorri para o celular. Naquele momento, eu realmente era um esquisito usando moletom e meias às 22:30h enquanto todos estavam junto com as pessoas que amavam para comemorar. Meu notebook estava aberto sobre a mesinha de centro porque, em algum momento, eu realmente acreditei que lançaria no sistema as notas das provas, mas tinha decidido seguir o plano original e escolher qualquer coisa na Netflix. Os alunos sobreviveriam.

Eu não sou nenhuma dessas coisas. Eu tenho uma companhia: Johnnie Walker. E já te convidei para vir aqui, também. Eu e Netflix estamos com saudade.

Zapeei pelos filmes do catálogo em busca de algo que me chamasse atenção, alguns segundos antes de Lillian me responder.

Você, com whisky? Que surpresa! Diga ao Johnnie que o primo Jose Cuervo mandou lembranças, está aqui comigo. Não importa o que você diga, eu não vou vestir um sutiã e sair debaixo das cobertas para te ver, mesmo sendo você. Se vire para matar a saudade com isso aí.

Havia uma imagem em anexo. Lillian estava enrolada nas cobertas e usava a garrafa de tequila para cobrir metade do rosto. A metade descoberta denunciava que ela estivera chorando, pois estava levemente inchada e rosada.

Tirei uma foto dos meus pés com meias e a tv conectada à Netflix no fundo.

Tequila? Uau. Está jogando pesado. Como você mencionou o sutiã, acho que deveria mandar algo sensual para você, tal como minhas meias do Pateta. E, só para constar, nada contra você vir para a minha casa sem sutiã. Eu já sei que seus peitos são caídos, não precisa tentar esconder.

Sem Você (Concluído).Onde histórias criam vida. Descubra agora