Capítulo Doze - Duzentas e quinze milhas.

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Lillian.

Lils, você está bem? Trouxe o Max para casa, mas ele ainda está usando medicamentos, então não posso deixa-lo sozinho. — Recebida às 17:35h.

Nós estamos bem? Você está chateada por eu não ter atendido? — Recebida às 18:00h.

Lillian, eu não quero ser o chato... Estou preocupado. Pode falar comigo, por favor? Não precisa ser muita coisa. Manda um emoji. — Recebida às 19:23h.

Lils, por favor. Não faz isso comigo. — Recebida às 19:58h.

Lillian Brown, por favor, responda seu namorado logo. Eu não aguento mais vê-lo olhando com essa cara de cachorro triste para o celular. É o Max, aliás. — Recebida às 20:05h.

Eu nunca tinha experimentado uma dor semelhante a que eu estava sentindo. Eu já havia quebrado os dois braços, havia derramado ácido em mim mesma, havia me queimado com soda cáustica para fazer Freya parar de se ferir com aquilo e, ainda assim, nenhuma dor física era comparável com o que eu estava sentindo.

As mensagens de Aaron preocupado, ao mesmo tempo em que me aqueciam e me faziam sentir amada, me machucavam um pouco mais. Como se isso fosse possível.

A última vez que eu havia falado com ele foi quando ele me mandou uma mensagem, quando chegou ao hospital, falando porque não havia me atendido e relatando a conversa com Freya. Minutos depois, eu estava vendo a soda queimar a pele da mulher com lágrimas nos olhos.

Ele não fazia ideia do que tinha acontecido. Ele só estava preocupado, enquanto eu estava tomando a decisão que mudaria tudo, sentada no sofá onde ficamos juntos pela primeira vez. Lembrando-me da nossa dança no baile e da primeira vez que o beijei. Tomando ciência de que eu estava tão apaixonada por ele que estava disposta a tudo para que ele fosse feliz, ainda que eu não pudesse ser parte disso.

Peguei o celular, mas ao invés de responder Aaron e Max, fui até as ligações recentes. Havia uma ligação de Aaron perdida, mas, o último número registrado para o qual eu havia ligado era de Hayden, meu irmão. Eu não tinha a intenção de retornar as mensagens de Aaron ou de responder as suas mensagens. A última havia sido recebida há duas horas e desde então, silêncio.

Eu tinha que me acostumar com isso.

Eu havia escolhido a alternativa de Freya e decidido arrancar o curativo de uma vez. Se eu tentasse tirar Aaron da minha vida aos poucos, a dor seria muito maior. Para mim e para ele.

Entretanto, ele parecia não estar disposto a fazer as coisas serem fáceis, pensei, quando o celular que eu acabara de deixar sobre a mesinha de centro apitou, revelando a chegada de mais uma mensagem.

Peguei a garrafa que havia deixado pela metade e enchi minha taça mais uma vez. A levei a boca e senti o sabor doce do vinho tinto deslizando pela minha boca e passando pela minha garganta. Eu sabia que a resposta para o que estava sentindo não estava no fundo de uma garrafa, mas, eu queria ser anestesiada. Eu precisava.

— Por quê? — Perguntei a qualquer entidade que pudesse me ouvir, de olhos fechados, na esperança de que ela percebesse que o que havia acontecido era um erro e que, quando eu abrisse os olhos, tudo estivesse milagrosamente resolvido. — Por favor...

Senti as lágrimas voltando a escorrer e tomei mais um gole do vinho. A campainha tocou, me tirando do transe. Continuei na mesma posição, esperando que a pessoa que estava na porta desistisse. Eu estava com a televisão desligada, então nenhum som delataria minha presença.

Sem Você (Concluído).Onde histórias criam vida. Descubra agora