Capítulo Dezenove - Fogo.

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Lillian.

Talvez poucas coisas na minha vida tivessem doído tanto quanto o término com Aaron. Quando eu entrei no carro e coloquei as mãos no volante, eu finalmente me dei conta do peso da nossa última conversa: o fim. Não havia mais Lillian e Aaron.

Quão irônico era pensar que tudo tinha começado quando ele resolveu dizer para Olive que Ian tinha levado o sorriso da garota, e acabado quando o próprio Aaron tinha levado o meu?

Chegava a ser ridículo que eu, no auge dos meus vinte e três anos, estivesse tão perdidamente apaixonada pelo meu professor de química. Pelo cara que tinha tentado acabar com o casamento da ex. Pelo cara que dançou comigo quando eu estava devastada. Pelo cara que tinha vindo até a minha casa se declarar na noite de ano novo.

Enquanto guiava meu carro pelos poucos quarteirões até meu apartamento, cogitei a hipótese de voltar lá e simplesmente ignorar o que ele tinha dito e me jogar nos braços dele, sentindo seu corpo quente e seu coração palpitando. Mas eu não podia fazer isso. Eu tinha que aceitar a escolha dele, porque o que eu estava pedindo era que ele aceitasse a minha.

Estacionei o Jeep na garagem e as lembranças da primeira vez que Aaron esteve no meu apartamento apareceram em minha mente. O dia que ele perdeu minha apresentação. Ele estava bêbado, mas mesmo assim fez com que eu me sentisse diferente em relação a ele, com seus toques, seus pedidos para que eu parasse de fugir dele. Sorri ao me lembrar de seus dedos gelados em minha mão, seu rosto e seu cheiro tão próximos... Mas então a realidade voltou. Isso era passado.

Subi as escadas lutando para não reviver cada momento romântico que tivemos juntos. Eu não precisava fazer tudo ficar ainda mais difícil. Assim que fechei a porta às minhas costas, as lágrimas voltaram a rolar pelo meu rosto. Era ridículo, não era? Sofrer dessa forma por um homem?

Falhei miseravelmente na tentativa de mudar o foco dos meus pensamentos ao me jogar no sofá e deixar as lágrimas caírem. Eu estava deitada no mesmo sofá onde eu e Aaron ficamos juntos pela primeira vez, no ano novo. O que se passava na minha cabeça, nesse momento, eram mãos quentes desenhando caminhos na minha pele, os dedos entrelaçados, a sensação de seus lábios me causando arrepios, nossos corpos suando...

Eu sempre achei idiotice ver as pessoas chorando por términos de relacionamentos. Eu sempre encarei as lágrimas, o luto e o sofrimento aparentemente sem fim, pensando "eu não vou ser essa garota". E, no entanto, aqui estava eu. Destruída por um cara. Entretanto, tudo em que eu conseguia pensar era que não era qualquer cara. Era Aaron.

Ele valia a pena.

E, droga, eu o amava tanto.

Aaron era diferente de tudo o que eu já havia sentido. No começo, era paixão, era fogo, era desejo, assim como foi com Asher e outros caras antes dele. Mas, depois, quando isso tudo ficava menos à flor da pele, eu pude perceber que Aaron não tinha nada a ver com os outros. Era completamente distinto. Não era só fogo, paixão e desejo que me faziam querer estar perto. Era isso, também, mas havia mais, tão mais... Eu me sentia nova demais para estar amando alguém, mas era isso. O que Aaron Parnell tinha de diferente era amor.

Mas isso não importava agora. Ainda havia amor, mas não havia mais Aaron. Ao menos, não para mim. Talvez para alguma outra garota sortuda que fizesse escolhas melhores. Alguém que não o ferisse tanto.

Eu sentiria falta de Aaron. De seu sorriso meigo, de sua voz mansa, de seus lábios macios e tudo o que tínhamos vivido juntos. Talvez fosse mais inteligente, afinal, ficar longe de alguém que causa tanto efeito sobre mim. Eu me sentia disposta a me tornar estilhaços por Aaron, mas ele não parecia se sentir assim.

Sem Você (Concluído).Onde histórias criam vida. Descubra agora