Capítulo Seis - Latente.

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Aaron.

Cheguei ao prédio de Olive um pouco antes do previsto. Eu estava levemente zonzo com tudo o que havia acontecido e, durante todo o percurso, não consegui tirar Lillian e os beijos que tínhamos compartilhado da cabeça. Somente quando cheguei às escadas e ouvi um grito da parturiente, consegui me concentrar no que eu tinha ido fazer ali.

— Graças a Zeus você chegou! — Foi o que eu ouvi assim que abri a porta do apartamento setenta e sete e um homem me abraçou.

— Franklin Johnson, solta o Aaron! — Ouvi a voz de Olive ao fundo, enquanto eu estava com o rosto enterrado, de maneira forçada, no ombro de Franklin que, se eu me lembrava bem, era o dono da empresa de publicidade com quem eu fechei um contrato só porque queria um momento com Olive, já que ela trabalhava com ele.

— Você acha que só você precisa de ajuda aqui? — Foi o que ele disse após me soltar e se jogar em cima do sofá de dois lugares de forma teatral, já que Olive ocupava o de três lugares. Notei que o estofado estava molhado, bem como a calça de Olive, indicando que a bolsa já tinha estourado. — Eu também estou em trabalho de parto!

Virei os olhos na direção de Franklin um pouco surpreso enquanto ele inspirava o ar pelo nariz, soltava pela boca e passava a mão na barriga como se, de fato, estivesse em trabalho de parto. Tentei não questionar muito a sanidade dele, afinal, ele era um empresário de sucesso e amigo de Ian – e esse último "adjetivo" explicava muita coisa.

Fui até onde estava Olive, que repetia os mesmos movimentos de respiração de Frank, mas por motivos reais.

— FRANK, VOCÊ NÃO ESTÁ TENDO UM FILHO! — Ela ralhou antes de soltar um grito, provavelmente por conta de uma contração.

Eu não sabia muito bem o que fazer naquele momento, então apenas esperei que passasse, vendo lágrimas de dor escorrer pelas bochechas avermelhadas. Ela estava vestindo apenas uma blusa muito larga e moletom, seus cabelos estavam presos em um coque mal feito no topo de sua cabeça e tudo o que era visível em seu corpo estava ensopado de suor.

— Vamos para o hospital. — Eu disse, ao que ela assentiu.

— A bolsa do parto está no quarto. É a azul com um trem feliz na frente. — Olive explicou de um jeito meio sôfrego, com a respiração acelerada que indicava que eu tinha que levá-la para um obstetra o mais rápido possível.

— A minha é a dourada brilhante. — Frank disse.

Nem me senti muito surpreso quando vi a tal bolsa dourada junto com a que Olive havia indicado. Passei rapidamente os olhos pelo quarto, encontrando várias fotos de Olive, Ian, amigos e parentes espalhadas sobre as cômodas e prateleiras, mostrando uma pequena parte da vida feliz que eles tinham, o que me fez pensar que talvez eu tivesse feito a escolha certa ao pedir para que Olive fosse atrás de Ian quando tive a chance de pedir a ela para ficar comigo. Embora, talvez, estar com ela agora me poupasse de todos os nós que estavam sendo criado pelo meu cérebro no meio de sentimentos confusos que simplesmente tomavam conta de mim, eu não me arrependia.

Peguei as duas bolsas e voltei para a sala, entregando a dourada a Frank, que abriu um sorriso. Provavelmente eu não deveria dar corda às suas loucuras, mas, pela expressão de Olive, ela já tinha tentado fazê-lo desistir da ideia absurda de estar em trabalho de parto e não tinha obtido muito sucesso.

Me aproximei do sofá onde ela estava e passei um braço por trás de seus joelhos e o outro atrás de suas costas, erguendo-a do sofá para levá-la ao carro e em seguida ao hospital. Assim que passei pela porta, Olive gritou com Frank que eu não iria voltar para pegá-lo no colo e que ele deveria fechar a porta quando saísse.

Sem Você (Concluído).Onde histórias criam vida. Descubra agora