Aaron.
Eu estava sendo ridiculamente idiota. Como sempre. Por orgulho? Por medo? Eu estava realmente sendo covarde como Bonnie havia dito? Provavelmente a resposta era afirmativa para todas essas perguntas.
Talvez eu merecesse o soco na cara que Max queria me dar, afinal. Eu literalmente havia dito não para o amor da minha vida quando ela disse sim para mim todas as vezes que eu vacilei. Ela havia ido embora por mim. Eu podia não concordar com essa escolha, mas eu podia pelo menos aceitar que Lillian me amava o suficiente para largar tudo por mim. Pela minha felicidade.
E isso tudo estava diante dos meus olhos todo esse tempo, gritando. Quando ela subiu naquele palco e, de repente, eu tinha perdido o controle dos meus batimentos cardíacos, ou quando tudo o que eu queria era me afogar no mar que eram seus olhos. Ou quando eu a encontrei no fundo do pub universitário e tudo o que eu queria era segurar seu rosto e afundar meus lábios nos dela.
Meu coração, durante todo o período em que eu e Lils ficamos afastados, desde que ela foi embora até o dia que cantou para mim, sabia que nada tinha mudado. O problema foi que eu tentei me convencer de que amar Lillian não valia o risco de me ver virar estilhaços ao menor toque.
Porque, diferente de qualquer mulher antes dela, Lillian Brown podia me fazer quebrar com um sopro. E era por isso que era maravilhoso. Diferente. Era por ser um sentimento tão intenso, cheio de riscos, infixo, que valia a pena. Era por isso que eu estava perdidamente apaixonado por Lillian. E por isso que eu estava disposto a pular do bungee jumping sem saber se estava preso por uma corda de segurança – porque, no fundo, eu sabia que o amor daquela mulher não me deixaria cair. E eu tinha sido idiota o suficiente para achar que eu poderia dar de cara no chão e ter ficado com medo de saltar, quando a mulher que eu amava estava afirmando para mim que me seguraria.
Eu senti tanto medo de que Freya, a distância e todos os subprodutos disso tivessem machucado Lillian que eu nem parei para ouvir quando ela disse que poderíamos curar nossas feridas juntos. Que o fato de que nós teríamos que nos reconstruir depois de um terremoto poderia significar que seria novo e melhor.
Eu estava sendo covarde. Projetando em Lillian meus medos e inseguranças simplesmente porque eu já tinha sido suficientemente machucado pelos meus relacionamentos com Olive e Freya, sem me dar conta de que minhas ex-namoradas jamais foram, para mim, o que Lillian Brown era.
Ela era tudo. Eu amava suas covinhas nas bochechas, sua petulância, sua sagacidade, a forma como ela mergulhava de cabeça em tudo o que acreditava. Também amava quando ela se sentia frágil e a forma como ela parecia se acalmar dentro do meu abraço. Eu era apaixonado por seu sorriso, por seus olhos azuis, pelo seu bom humor. Eu era perdidamente apaixonado por cada coisinha, por menor que fosse, que fazia de Lillian Brown, bem, Lillian Brown.
Não havia unidade de medida capaz de mensurar o quão idiota eu tinha sido por perdê-la.
Depois de me dar conta disso, eu fiz a única coisa lógica que eu poderia fazer: fui atrás do amor da minha vida, pedindo a qualquer entidade que pudesse me ouvir para que não fosse tarde demais. Para que ainda tivesse conserto.
Estacionei em frente ao prédio de Lillian, agradecendo mentalmente pelo fato de que o remédio que Bonnie tinha me dado ter sido bastante eficaz, já que minha cabeça havia parado de doer – ou, pelo menos, os níveis de dor tinham baixado o suficiente para que eu conseguisse dirigir sem maiores complicações.
As primeiras gotas do que se tornaria uma chuva torrencial, dada a coloração cinza do céu, bateram contra a minha pele quanto eu saí do carro e corri até a entrada do edifício e pressionei o botão do interfone que correspondia ao apartamento de Lillian. Aguardei por alguns segundos, que pareceram uma eternidade, até perceber que não haveria resposta. Apertei o interfone da portaria, recebendo do porteiro a informação de que não havia ninguém no apartamento assim que fui atendido, além de que ele não tinha sido avisado sobre horário de retorno ou destino do locatário.
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Sem Você (Concluído).
RomansaSe a regra é que o casamento é o final feliz de qualquer história, Aaron Parnell com certeza é uma exceção - até porque estamos falando do casamento do amor de sua vida e ele não é o noivo. Decidido a não ter que conviver todos os dias com o casamen...