Sem Você (Concluído).

Capítulo Três - Acasos.

Aaron.

Meu cérebro pulsando contra meu crânio deixava bastante clara a mensagem que meu bom senso não tinha conseguido me passar na noite anterior: não encha a cara quando você sabe que precisa lecionar no dia seguinte. Claro que o meu bom senso teria tido uma chance melhor se Max não tivesse me chamado para ir ao mesmo pub nos dois dias subsequentes ao que eu e Lillian dividimos uma bebida com o único objetivo de encontrar Georgia – o que era relativamente bom quando eu pensava que ele precisava parar com a obsessão maluca que criou com Pietra, e ruim porque no segundo dia ele confundiu a garota. Repare, eu disse garota e não o nome da garota e a frase está perfeitamente certa. Quanto ao nome, acho que Georgia pensa que Gaia é algum tipo de apelido fofo que Max criou para ela, o que me dá um pouco de dó e me faz pensar que talvez eu devesse usar mais ternos. Eles têm um efeito que não consigo entender.

E, por incrível que pareça, a ideia de Max não era apenas que "Gaia" estivesse no pub conosco, mas também Lillian, com quem ele tinha demorado mais ou menos trinta segundos para fazer amizade. O que aconteceu, para ser um pouco menos vago, é que depois que ele sugeriu que eu movimentasse alguma endorfina de modo não muito casto com Lillian, ele e Georgia foram se sentar na mesa do pub conosco (devo mencionar que a última não ficou muito feliz em ter que manter a língua fora da boca de Max. É sério, só pode ser o terno! A teoria de Lillian é que ele tem uma "bunda bonita", mas eu não acredito muito nisso) e, depois de uma piadinha infame sobre estarmos dividindo a mesma caneca, os dois se deram particularmente bem, o que deixou a acompanhante de Max bastante desconfortável. Quanto a mim? Eu era um bêbado com uma caneca de chope, eu estava pleno.

Então, depois de várias rodadas de chope, alguns petiscos e risadas, Max propôs que estivéssemos ali no outro dia. E no outro. E a coisa foi ficando divertida, talvez eu realmente precisasse de uma roda de amigos que não estivessem particularmente afundados em problemas, mas apenas em curtir aquele momento em que estávamos sentados ali. E, tive que dar o braço a torcer: Lillian era uma ótima pessoa e era muito bom contar com a sua participação no meu... processo de desintoxicação de Olive? Georgia esteve em um desses dias, o que Max não a tinha confundido com uma garota chamada Josie. A participação dela era basicamente puxar Max para beijos lascivos que deixavam todos constrangidos.

E é por isso que eu estou no meu melhor estilo moribundo em pleno quarto dia letivo.

Assim que entrei na sala de aula, quis muito que aquelas janelas de vidro não permitissem a entrada de tanta claridade. Meu primeiro instinto foi levar uma das mãos ao rosto, mas pensei que talvez eu não devesse deixar tão claro que eu estava de ressaca, então apenas tentei ignorar a maior parte da luz olhando para o chão.

Coloquei minha bolsa sobre a mesa e afundei na cadeira esperando que os alunos chegassem para dar início à aula. Apoiei os cotovelos na mesa e cobri o rosto com as mãos por alguns segundos.

— Um caminhão te atropelou depois que Max te deixou em casa? — A voz de Lillian se fez ouvir. Talvez fosse só meu cérebro me castigando, mas ela parecia ter berrado isso dentro dos meus tímpanos. Abri os olhos e uma fresta entre os dedos para vê-la, e notei que ela tinha uma distância normal de mim, então era só tortura cerebral, mesmo. — Você está péssimo.

— Obrigado por notar. — Respondi e baixei as mãos quanto ela ergueu as sobrancelhas para meu olhar entre a fresta — Eu adoro quando as pessoas notam que eu pareço ter sido atropelado, faz o meu dia mais feliz.

Ela puxou a bolsa que carregava em um dos ombros e começou a remexer seu conteúdo.

— Desculpe, Sr. Ranzinza, o fato de eu estar te achando um fracote para bebidas está ferindo o seu ego? — eu teria achado engraçado se o Sr. Ranzinza não fosse eu. — Eu bebi o mesmo tanto que você.