Lillian.
Encarei a garrafa de tequila sobre a mesinha de centro. O líquido dourado estava praticamente intocado, exceto pela quantidade que eu tinha colocado no copo dosador uma ou duas vezes, ao lado de um pires com sal e limão.
A verdade é que eu nem mesmo gostava de tequila, mas, aquela garrafa havia ficado esquecida na minha casa após alguma das sociais que fizemos nos últimos tempos, antes de Asher provar quão babaca era. Havia ficado guardada em um dos armários da cozinha até eu decidir que ficar bêbada era uma ótima resposta para os meus problemas.
Aquela velha história de que, bem, não vai resolver nada, mas enquanto você estiver embriagada, não estará sentindo nada.
Eu apenas tinha consumido uma dose da bebida e o ácido do limão ainda estava marcado no meu paladar. A segunda dose estava servida, mas havia deixado o copo sobre a mesinha, ao lado da garrafa.
Aquilo não era a solução para nada.
A verdade era que, embora eu não estivesse quebrada, eu simplesmente não tinha vontade o suficiente para dar o impulso necessário para deixar aquilo para trás. É como se eu tivesse caído no limbo e tivesse aceitado ficar ali por um tempo. Claro que, a atitude de Asher mexeu comigo. Eu mentiria se dissesse que não. Quando esse tipo de coisa acontece, você põe as coisas em perspectiva, coisas que antes pareciam tão essenciais se tornam meras banalidades e, aquelas pequenas coisas para as quais você sequer dá muita atenção, se tornam gigantescas.
Eu gostava de Asher por vários motivos. Ele era bonito, divertido, inteligente, mas, isso tudo foi perdido quando ele agiu como agiu. Não importava mais que ele fosse um dos melhores alunos da escola, capitão do time de basquete, popular ou qualquer outra coisa nesse sentido. Eu havia confiado nele e ele simplesmente brincou com isso.
Por outro lado, eu havia descoberto valores bobos que, agora, pareciam enormes para mim. Eu gostava de como Max podia ser protetor e cuidadoso, embora fosse devasso e provavelmente um dos seres humanos mais egocêntricos que já habitou o planeta; da mesma forma, eu gostava de como Aaron estava sempre presente e como seu sorriso parecia uma fonte de calor, sempre aquecendo o que estava em volta. Havia várias coisas que, de repente, pareciam tão grandes. Eu me sentia grata por cada pessoa que estava comigo naquele momento.
Claro que toda a situação da foto havia chegado ao conhecimento da minha família, motivo pelo qual eu não estava com eles. Não que eles tenham feito qualquer coisa, até porque eu tinha sido apenas vítima na história, mas, encarar olhares ressentidos ou de pena da minha família não estava nos meus planos, ainda que Hayden, meu irmão, tenha me garantido que estava tudo bem. Eu sabia que haveria julgamentos e simplesmente não me sentia inteira o suficiente para encará-los.
Olhei para a garrafa de bebida, tentada a virar a segunda dose enquanto era abraçada pelo silêncio do apartamento vazio, mas, concluí que tudo o que eu conseguiria se resolvesse me embebedar seria mais dor de cabeça, então, desisti. Dizem que você passa a virada de ano fazendo é o que você mais fará no ano que segue e, definitivamente, eu não seria a bêbada do nosso grupinho. Esse título já tinha dono.
Fechei os olhos e puxei o cobertor que me cobria até a altura do nariz, sentindo o calor envolver todo o meu corpo.
Parecia que eu só tinha fechado os olhos por alguns segundos quando a campainha tocou, me tirando do transe. Obviamente, estranhei a ideia de ter uma visita surpresa em pleno ano novo e, quando abri a porta, tudo o que pensei foi "uma dose não pode ter me deixado tão bêbada".
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Sem Você (Concluído).
RomantizmSe a regra é que o casamento é o final feliz de qualquer história, Aaron Parnell com certeza é uma exceção - até porque estamos falando do casamento do amor de sua vida e ele não é o noivo. Decidido a não ter que conviver todos os dias com o casamen...