XV - Esperança ou muita confiança? - Semepolhian

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A imimoya havia visto poucos nascimentos de dragões, mas sempre se abalava ao lembrar do de seu companheiro.

O recém nascido permanecia sentado olhando de um lado para o outro. Enquanto isso, os outros dois eram desamarrados, ainda em choque. Na Fortaleza de Vingüeval, havia trinta e sete magos, oito guardiões, dois dragões, quinze egüeses, quinze nimases, apenas ela de imimoya yamanzi, só Guiodor de zubuiu, nenhum imimoya yenkwen e Argristong. Naquele momento, tinham mais um guardião e dois em potencial.

Definitivamente, não era muita coisa, mas já eram mais do que no dia anterior. Se pudéssemos encontrar mais deles...

Antes de qualquer coisa, eles precisam ser treinados.

— Quais são seus nomes? — Perguntou Emmethorion tentando parecer mais gentil agora que não eram prisioneiros.

— Sirius. — A voz do garoto tinha trocado o tom nervoso pelo confuso.

— Anima.

Emmethorion franziu o cenho em dúvida.

— ... E o sobrenome...?

Os dois se olharam sem entender, porém responderam:

— Aquilae.

— Bellator. — As respostas da garota já tinham perdido parte da rispidez, porém ainda não havia um pingo de confiança.

E eu posso julgar? O que faria no lugar dela? Se queriam que se juntassem a eles, teriam que fazer melhor do que isso.

— Vocês parecem assustados. — Falou Semepolhian. — Não sabiam quem eram?

Os dois novamente se encararam e negaram com a cabeça em seguida. A imimoya sentiu como se tivesse levado um soco na boca do estômago. Eram jovens, porém velhos se considerasse o tanto que conseguiram sobreviver... Mas sem ao menos saber?

— Como?! — Despejou as palavras após o silêncio do conselho. — Não perceberam que cresceram bem mais devagar que todos?

Nem o garoto que não parava de falar respondeu. Não é possível...

— De onde vocês são? — Semepolhian voltou a questionar. — Onde cresceram?

— Nas montanhas do oeste. — Respondeu a garota, Anima.

— Sozinhos?

— Por que estão tão curiosos com as nossas vidas?! — Em uma resposta ela recuperou a força de antes.

— Por que agora vocês são parte do nosso grupo que está sendo caçado e morto pelos nakoushiniders e gostaríamos que ficassem vivos... E mais do que isso... Que ficassem do nosso lado caso o que está por vir realmente chegue.

— O que está por vir? — A voz do garoto, Sirius, estava assustada.

Semepolhian olhou para Emmethorion, que permanecia sem intervir, lembrando da conversa do dia anterior.

— Não sabemos. — Respondeu simplesmente. — E por isso precisamos saber se podemos confiar em vocês. Para isso, precisam responder nossas perguntas.

Os dois jovens se encararam pela terceira vez.

— Moramos na montanha só com o homem que nos criou... Não percebemos como todos cresciam... — Ela levantou os braços e os deixou cair nas pernas enquanto revirava os olhos de forma irônica.

Semepolhian ignorou a afronta. Se foram criados por esse tal homem, ele também deve ser não humano e provavelmente mais velho que os dois... Então ou pode ser alguém que lutou na Guerra das Sete Noites ou que se escondeu muito bem durante todo esse tempo... De qualquer forma, era uma pessoa que os podia auxiliar de alguma maneira e, naquela situação, toda ajuda era mais que bem vinda.

— Qual o nome dele? — Semepolhian perguntou.

— Que diferença isso faz?! — Anima exclamou como se os tivessem ofendendo.

— Só responda as perguntas. — Emmethorion finalmente reagiu ao interrogatório. — Por favor.

— Groleo... Dinígo.

A guardiã das águas e o da floresta se encararam com o semblante chocado e completamente confusos. Aquele Groleo Dinígo?!

— Por favor, — Emmethorion se ajeitou na cadeira — podem nos dizer exatamente o que sabem sobre nós, não humanos, e... Sobre vocês?

A garota novamente trocou olhares com o de cabelos escuros antes de responder.

— Esse homem nos contava histórias sobre não humanos como se fossem... Só histórias... Mas ele sumiu essa manhã e...

— Essa manhã?! — O nimás Sküeval expressou o espanto dos outros. — Não disseram que são das montanhas do oeste?!

— Sim... E então encontramos um guardião das sombras... Tene-Tenedre-Tesenbre...

— Tenebrisen Kalamo?! — Emmethorion sugeriu em uma exclamação.

— Isso! Ou algo bem parecido...

Não é possível...

— Então ele provavelmente fez o que conhecemos como viagem nas sombras — ela prosseguiu — e nos jogou na beirada da floresta... E então vocês nos sequestraram.

— Para onde Groleo foi? — Semepolhian questionou novamente ignorando o ataque.

— Não ouviu que eu disse que ele sumiu?! Não sabemos para onde ele foi.

Talvez ele tenha ido para lá, mas... Não é possível ela ter citado dois heróis de guerra à toa... Talvez seja mentira... Mas eles realmente são guardiões e ninguém vê Groleo Dinígo e Tenebrisen Kalamo há muito tempo... Fora que isso explicaria as armas... E precisamos muito de um número maior e três dragões mais que dobrariam a situação atual...

— E você? — A voz de Vêlhima interrompeu seus pensamentos.

A egües olhava em direção do outro garoto, Hiems, que havia permanecido todo aquele tempo sem afirmar absolutamente nada, o que para Semepolhian era uma confirmação de que eles realmente só estavam juntos quando foram pegos... Mas isso era muita coincidência...

— Eu cresci com minha mãe em um pequeno castelo em Hendali antes de começarmos a viajar pelo continente. — Ele parou de falar alguns instantes engolindo a saliva. — Eu a perdi e fui morar com meus tios em Oppidum Morgan. Passei uma contagem lá antes de perceberem que não envelhecia e então vim para cá.

Resumido, simples, eficiente. Semepolhian preferiu aquela resposta, sabia lidar melhor com guardiões isolados e sem esperança do que com possíveis herdeiros de heróis.

— Eu digo que devemos treiná-los. São mais três para o nosso lado e eu nunca vi um ovo dessa cor. — Sugeriu Semepolhian apontando para o ovo vermelho.

— Eu concordo. — Disse Emmethorion sem deixar de olhar para os três recém chegados com desconfiança. — Vamos lhes dar um cômodo de dormir e alimentação, mas, se ficarem, devem ajudar nas tarefas da fortaleza.

— Se? — A garota perguntou com as sobrancelhas unidas.

— Não podemos obrigar vocês a ficarem, caso queiram ir, são livres para o fazê-lo.

Semepolhian engoliu em seco. Se estivessem aliados aos nakoushiniders, deixá-los ir seria o mesmo que se entregarem. Porém, independentemente se falaram a verdade sobre quem eram, tinha certeza que se tratava de não humanos e, portanto, precisavam se defender, mesmo que não se juntassem a eles. Além do mais, pensou consigo, não podem ser aliados dos nakoushiniders... São mesmo guardiões e eles não fazem acordos com não humanos... Nem que nós tentássemos ajudá-los... Mesmo que fosse só para escapar com vida.

Semepolhian sentiu a cicatriz em seu braço formigar por baixo do pano amarrado que usava para escondê-la.

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