XXXIV - Após a batalha - Semepolhian

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Saiu da água e apertou a alça de sua bolsa logo antes de abri-la e encarar o ovo que trazia consigo. Isso vai dar certo, não vai? E sorriu. Bom, estamos do outro lado do continente que é para começar de verdade algo novo, então... Para onde vamos?

Levantou o olhar e encarou a mata fechada à direita e o campo aberto à esquerda. Voltou-se novamente para o ovo: Bom, se seguirmos a divisão vamos sempre saber onde fica o mar, não é? A resposta foi, como sempre, o silêncio.

A Semepolhian de quatorze contagens suspirou e começou a caminhada, que nunca fora comum em sua vida, mas estava determinada que a partir de agora seria. Depois de um tempo, a sensação que tinha era que já havia andado mais do que o havia feito em toda a sua vida, mesmo que não fosse verdade, já que seus pais a incentivaram a exercitar sua vida fora do mar, ainda assim...

Só gostaria de saber onde estamos...

Como se fosse mágica, não demorou muito para que avistasse um grupo de pessoas e imediatamente se dirigiu a eles para pedir informação. No entanto, assim que os soldados a viram, sacaram suas armas e começaram a correr em sua direção.

A imimoya yamanzi olhou para trás, mas não havia mais ninguém. Instintivamente, fugiu correndo e entrou na mata fechada na esperança de se separar dos soldados. Não muito longe, ouvia os gritos ríspidos pedindo para que parasse de fugir.

Ofegante e já cansada, esbarrou em um muro disfarçado entre as árvores. Não podia ver onde começava ou acabava, nem para os lados, nem para cima. Descobriu naquele instante que cada segundo era importante em uma perseguição, pois logo o grupo de pessoas apareceu ao seu lado.

— Para onde ela foi? — Questionou raivosamente um deles.

— Eu não sei, parecia ter vindo para cá. — Respondeu outra.

— Precisamos pegá-la, seria suficiente para sermos promovidos! — Declarou um terceiro.

— Vamos para lá. — Ordenou o primeiro.

E da mesma forma que apareceram, o grupo sumiu entre as árvores.

Semepolhian mirou a construção de pedras. Eu não faço ideia do que isso seja, disse mentalmente para não fazer barulho, mas me pareceu ajudar, então...

Com cuidado para não se afastar e perder a parede, acompanhou-a até encontrar uma abertura: uma grande porta sem portão que se abria para uma enorme cidade com um castelo no meio. Apesar do medo que a mandava parar, a curiosidade e o pensamento de que era por algo assim que viera para a superfície a estimulavam a explorar as casas vazias.

Quando chegou ao castelo central, encontrou novamente a ausência de portões e adentrou um salão gigantesco, como os dos palácios em Panthalassa. Apesar das diversas janelas, o ambiente era majoritariamente escuro, além de vazio, com exceção de um espaço no centro do local.

Se aproximou lentamente, mas não parecia haver ninguém. Havia um tapete com padrões bordados e diversos travesseiros sobre ele. Ao redor dele, tinha uma escada em espiral, que subia até o andar de cima, e galhos retorcidos, os quais cumpriam a função de pendurador de roupas de diversos estilos e de prateleira para itens que Semepolhian desconhecia.

Estava acostumada à água, a qual era muito mais turva do que o ar, então não foi difícil ver o garoto que sorrateiramente se aproximava. Porém reagir ao rápido movimento que ele fez para criar cipós que a prenderam contra o chão era outra história.

— Quem é você? — Questionou ele. — Como entrou aqui?!

— Eu só entrei. — Respondeu a menina confusa.

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