LIII - O outro lado do portal - Sirius

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Sirius se lembrou da última vez que passara por um portal, há meses atrás. Sua vida tinha mudado completamente desde então, em uma sequência de acontecimentos que lhe pareceria uma loucura se não os tivesse vivido. Mesmo assim, respirou fundo e entrou no portal estelar.

Do outro lado, os imimoyas se aglomeravam conforme tinham saído da passagem, que logo se fechou após o guardião ter atravessado. O círculo vazio onde antes estavam os raios de luz foi rapidamente ocupado pelas pessoas tentando aliviar a aglomeração e Balírion e Borotraz saíram voando para se afastarem do aperto.

Em meio a movimentação, Sirius se perdeu dos outros e foi tentando abrir espaço para fora do acúmulo de pessoas. Passou por nimases, pessoas com roupas cinzas e outras com as da fortaleza, que lhe encaravam em choque. Gostaria de parar para interagir com eles, mas preferia que antes encontrasse ou Hiems ou Silena.

Com dificuldade, foi abrindo espaço e se afastando do centro da multidão, procurando por rostos específicos até encontrar aquele que no fundo era o que mais esperava. Assim que Anima o viu, os dois correram de encontro para compartilhar um abraço caloroso.

— Eu achei que nunca mais fosse te ver... — A voz em tom caloroso da irmã ao seu ouvido soava como facas.

— Me desculpa... — Tentou dizer sem força. — Anima, eu... Me perdoa, por favor... — Porém não conseguiu terminar.

Já havia passado tanto tempo e ainda não sabia como dizer para ela que havia escolhido não voltar para a fortaleza, ainda que não tivesse escolha. Poderia só dizer que estavam feridos demais para conseguirem chegar até a fortaleza, mas já tinha sido ruim o suficiente para Anima acreditar que ele não voltaria. Agora que estava ali, também não iria tentar esconder parte da verdade.

Porém, assim que percebeu que os braços da garota ainda se agarravam ao seu corpo, com um deles passando por debaixo do seu ombro e o outro por cima e ela fazendo um pouco de esforço para ficar na mesma altura que ele, todos os pensamentos rapidamente se dissiparam. Talvez, naquele momento, aquilo era o melhor que ambos tinham a dizer e, em silêncio, apertou carinhosamente um pouco mais o abraço.

Passaram longos segundos assim, e teriam passado ainda mais se Anima não tivesse se afastado para passar as costas das mãos pelas bochechas enxugando as lágrimas que haviam corrido. Enquanto isso, ela olhou em volta, como se ponderando se Sirius tinha chego com os imimoyas yenkwen e estava prestes a dizer algo quando uma voz mais que familiar veio de alguns metros à direita:

— Eu não acredito...

Os dois imediatamente se viraram para encarar Groleo.

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