XXII - Uma alternativa - Semepolhian

921 131 13
                                    

Não conseguia parar de ouvir: "E o que quer que nós façamos? Que matemos pessoas aleatórias para não deixar que outras pessoas aleatórias morram?!"

Semepolhian tinha sempre concentrado seus pensamentos no ódio que os nakoushiniders tinham por pessoas como ela e que, portanto, devia ter por eles. Mas nunca pensou que poderia haver outra opção sem ser lutar ou se esconder... E se, ao invés disso, pudessem provar que não precisavam daquilo...

Por que temos que provar que não precisamos ser mortos?

Estava sentada encostada numa das árvores do pátio entre as torres. Olhou para Sirius e Hiems lançando magias um no outro e rindo. Mirou Anima com o grupo de magos que tinha decidido ensinar "luta de verdade", os derrubava com mais dificuldade, mas ainda assim ganhava, mesmo com eles usando magia.

Semepolhian pensou na ideia de aprender as coisas de verdade, ser realmente ensinada e não ter que se virar sozinha... Parecia uma realidade feliz.

Estava absorta em pensamentos quando Emmethorion chegou e se sentou ao seu lado. Ele olhou na direção em que ela mantinha os olhos fixos e perdidos, onde se encontrava Anima.

— Nossa, — comentou o guardião da floresta, — com ela aqui, os nakoushiniders que deveriam se preocupar...

A imimoya riu e recobrou os sentidos para olhar para o rapaz ao seu lado.

— Nesse ritmo, — continuou ele — poderíamos de verdade vencer uma guerra...

A das águas desmanchou o sorriso recordando as ideias que tivera antes.

— Sobre isso... Estive pensando... E se, ao invés de lutarmos... — Não sabia por onde começar. — Assim, o grande problema é que eles são muitos e outros sem magia se juntam a eles todos os dias... Mas e se eles não se juntassem?

Emmethorion a olhou com as sobrancelhas unidas.

— Está sugerindo que...

Ela mudou de lugar ainda sentada para poder ficar de frente para ele.

— Estou sugerindo que podíamos sair e falar com eles... Mostrar que não somos os monstros que eles pensam... Ajudar com comida, água... Entende?

— Mas por que eles não iriam aproveitar essa oportunidade para nos matar?

— Porque vamos ser discretos, claro! Também não estou dizendo para sair andando com uma comitiva...

— Mas mesmo assim. Para isso, eles teriam que ouvir o que temos a dizer! Por que acha que aceitariam isso?!

— Porque vamos ser bem estratégicos... Ir até as pessoas que não têm outra opção... Dar ao povo uma alternativa... Temos que pelo menos tentar.

Podia ver em seus olhos castanhos que ele não gostava da ideia. Não o julgava, era algo louco, porém na situação em que estavam, loucura não era a opção mais difícil da lista.

— Talvez possamos tentar uma vez e ver no que dá. — Disse Emmethorion por fim. — Mas vamos com um grupo bem reduzido!

— Sim.

— Com pessoas estratégicas e...

— Já pensei nisso. — O interrompeu e voltou a encostar na árvore para observar as pessoas. — Devemos ir para a Região do Latonhem, ao leste. Não tem muita coisa entre lá e a margem da floresta. Nesta época do ano eles estão no período de seca, então podíamos focar nesse quesito. Sendo assim, acho que devia ir nós dois, Arguistrong, já que agora ele é humano, Kalin, pois dependendo da situação ela pode apagar da memória deles que estivemos lá, e a garota, caso dê errado.

Os GuardiõesOnde histórias criam vida. Descubra agora