Dama da Noite.

Capítulo trinta e um.

Alicia narrando:

Calcei meus chinelos e desci de pijama mesmo atrás do Luiz, eu não queria nem saber quem tava lá. Achei o Luiz na área da piscina, quando ele e o CR me viram saíram correndo na minha direção. Eu abracei o CR, e desabei a chorar.

-O que foi princesa ?- meu irmão perguntava com um ar de preocupação, eu me soltei do CR e abracei ele 

-É o papai, luiz, ele ta doente, ta com um câncer, em estágio terminal, a mamãe acabou de ligar- ele deu um beijo no topo da minha cabeça

-Ei, vai ficar tudo bem, meu amor, eu vou organizar tudo e eles vem pra cá, eu quero eles aqui, e não quero que você volte pra lá, seu lugar mais do que nunca agora é aqui- eu assenti, ele me soltou- eu vou ligar pra mamãe e vou resolver as coisas ta ?- eu assenti e não parei de chorar, ele virou pra o CR e colocou a mão no ombro dele- irmão, cuida dela, ela precisa de você mais do que nunca- o CR assentiu, e me abraçou.

-Vai ficar tudo bem minha loirinha- ele me fez olhar pra ele- eu sempre vou ta aqui, eu prometo- eu sorri pra ele

-obrigada meu amor- ele me deu um selinho

-Vamos subir ?- eu assenti

-Amanhã eu falo com as meninas- subimos, e ele foi tomar banho, eu deitei na cama e fiquei pensando em tudo, tudo mesmo, perder meu pai era uma coisa inimaginável pra mim, eu era muito mais apegada ao meu pai que a minha mãe, pelo simples fato dele, do jeito dele claro, demonstrar muito mais afeto por mim que a minha mãe.

O CR saiu do banho espalhando aquele cheiro maravilhoso dele pelo quarto, ligou o ar, a TV, deitou do meu lado e me puxou pra ele, me fazendo deitar a cabeça no seu peitoral, e eu comecei a chorar novamente.

-Ei, para de chorar amor, eu to aqui, eu sempre vou ta aqui, você não ta sozinha- eu sentei na cama e olhei pra ele

-O problema é que sua vida também não me dá nenhuma certeza, e você sabe disso, a qualquer momento você pode ser preso, alguém pode te matar, já imaginou, eu não quero perder você e nem o meu irmão- eu olhei chorando pra ele, ele me puxou me fazendo deitar novamente.

-Ei, para com isso, não vai acontecer nada não, vazo ruim não quebra loirinha, você não vai se livrar de mim nem tão cedo- eu dei um tapa no peito dele- ai loirinha- ele riu

-Eu te amo, Carlos- eu olhei pra ele

-Eu te amo, Alicia- ele deu um beijo na minha testa- tu me mudou mano, tem noção ?- eu sorri pra ele e me aconcheguei, e logo dormi.

LD narrando:

Vê minha irmã naquele estado, e saber o motivo me deixou mal, eu sei que na cabeça dela ela ia ficar sozinha, a Alicia sempre foi assim, ela não sabe lidar com perdas, e todo o meu medo dela se envolver com o CR era esse, ela não ia suportar perder ele, e essa vida é isso, é não ter certeza se vive, eu tenho medo por ela. 

Eu subi e fui ligar pra minha mãe, a Nicole tava dormindo, então peguei meu celular e fui pra uma área da casa afastada pra poder conversar com a minha mãe, na segunda chamada ela atende.

IL:

-Oi mãe 

-Oi meu filho, como tá a sua irmã ?

-Ela tá mal ne ? Muito, mas me conta o que ta acontecendo 

-Seu pai foi fazer os exames de rotina que ele sempre faz, mas nesses houve uma alteração e descobrimos um tumor cerebral metastático, que surgiu no pulmão, por ser muito agressivo se espalhou rapidamente, e está em fase terminal- ela já chorava- eu não sei o que fazer Luiz.

-Mãe, vocês não podem continuar aqui, nossa família inteira ta aqui, vocês precisam vim pra cá, da pra comandar as empresas daqui, mas vocês precisam vim pra cá, eu vou providenciar tudo, vou falar inclusive com a Tia Laura, eu vou organizar tudo o mais rápido possível e quando a senhora chegar aqui precisamos conversar 

-Tudo bem, luiz, só peço que cuide da sua irmã, ela precisa de você

-Mãe, ela ta sendo bem cuidada. Mas o papai ta estável ? ele pode vim ?

- Eu vou conversar com o médico dele, e dou um retorno o mais rápido possível 

-Certo mãe, qualquer coisa ligue pra mim, eu amo você

- Eu também amo você meu filho 

FL

Eu nem reconheci minha mãe, eu nunca mais tinha visto os meus pais, e eu não fazia ideia de como minha mãe iria reagir ao que eu me tornei, mas eu sou isso agora, e ela teria que me aceitar, amanhã assim que amanhecer iremos embora, e eu começarei a organizar tudo pra chegada deles.

CR narrando:

Eu nunca senti nada ao ver alguém chorando, eu era um cara frio, eu não me sensibilizava com nada, mas ver a Alicia chorando, e saber que o motivo é que o pai dela ta morrendo, me deu um bagui tão estranho, eu só queria cuidar dela, ficar com ela, e nunca mais deixa ela sobre hipótese alguma.

Ela dormiu logo e eu fiquei olhando ela, ela era tão ingênua, tão vulnerável, tão única, que só de olhar pra ela eu me sentia o cara mais sortudo do mundo, eu não sabia que eu podia sentir isso por alguém, e sinto por ela.

Só de lembrar de tudo que eu fiz, e falei pra ela, da vontade de me matar, o que eu tava fazendo ? Eu só sei que nunca mais perderia ela, e nem faria nada que a magoasse, eu amava demais para perdê-la. Quero ter um monte de cria, quero me aquietar com ela, e achem isso gay, mas eu achei a mulher da minha vida.

Eu ia fazer tudo que tivesse ao meu alcance pra ajudar os pais dela, e tudo que tivesse ao meu alcance pra fazer ela a mulher mais feliz do mundo.