Eu sonhei.
Sonhei que eu corria subindo uma ladeira.
Mas não era só uma ladeira. Era uma montanha. Um monte.
Quase no topo, tinha um grande buraco. Eu me aproximei pra ver lá embaixo. Era bem fundo e escuro.
Dei um passinho pra frente e meu pé ficou preso numa raíz. Eu tentei tirar, mas eu fui muito pra frente.
Eu caí no buraco.Eu... Continuo caindo...
Vejo flores amarelas flutuando perto de mim.Continuo caindo...
Flores vermelhas...Caindo...
Neve...? Flocos de neve...Ainda caindo...
Echo Flowers... Água gelada...
Gotinhas bateram no meu rosto...Eu... Ainda tô caindo?
Ou eu... Estou flutuando?Vapor quente... Ficou muito quente...
Eu via faíscas...
Faíscas coloridas...Estrelas...
Várias estrelas e faíscas coloridas...Do nada eu senti um abraço...
Um abraço amigo...Fechei os olhos e tinha alguém brilhante na minha frente...
Eu tentei abri os olhos mas ele era muito brilhante..."Eu... Morri?"
"Não... Eu morri."
"Quem... É você?"
"Helvética não é? Bonito nome..."
"Ahn?"
"Eu me chamo As..."Tudo ficou chiado e mais claro. Eu acordei!
Flowey estava no pé da minha cama, fazendo cócegas no meu pé com a mãos folhinhas...
"Ei! Pára com isso!" Eu ri.
"Hunf, pensei que não ia levantar..."
Ela saiu do quarto arrumando o vestido verde.Acordei sonolenta e fui tomar café da manhã. Nada de estranho aconteceu.
Fomos passar o dia na casa da Vovó Tori. Tio Papyrus, Papai, Flowey e Flink saíram juntos pra comprar coisas pro almoço. Eu fiquei com a mamãe e a vovó. Elas foram lá fora na jardineira, cuidar das coisas.
Eu fiquei na varanda. É bem legal pra fazer nada e olhar o jardim lindo que ela tem.
Ela conseguiu cultivar até umas Echo Flowers numa casinha estufa, porque essas flores precisam estar no escuro úmido para nascerem.
Mandei umas fotos pra Luka, e ela me respondeu com uns áudios que eu não escutei na hora. Mas era só ela gritando e perguntando o de sempre.Quando o papai, o mano, Flowey e o tio chegaram, fomos logo almoçar.
Depois disso, a mamãe pediu pro papai ajudar com alguma coisa no jardim...
Eu sou muito curiosa...
Claramente, fui ver o que era...
Péssima escolha...Quando eu cheguei lá, eles estavam bem. Só tentando abrir uma caixa de madeira com um pé de cabra.
Não estava dando certo.Eu fiquei olhando de longe. Tinha trazido um pacotinho de doce que ganhei de sobremesa, mas um dos doces escapou da minha mão, caindo na escadinha que dava pro jardim.
Eu, claro, não ia pegar pra comer. Mas não ia deixar doce no chão.
Me abaixei pra pegar, mas antes que minhas mãos alcançassem... Eu vi uma linha no chão...Pensei antes de pegar dessa vez, mas eu ouvi o papai falando.
"Frisk, esse negócio não funciona. Eu sei onde tem um machado..."
"Machado?? Sans, você é exagerado. Porque não usa seus ataques?"
"Nah..."Eu olhei pra frente. Pensei um pouco, mas minha curiosidade falou mais alto.
Eu peguei na linha.Tudo ficou sombrio... Tinha neve no chão.
Fui levantando a vista devagar... Vi alguém andando na neve... Quase se arrastando... Parecia uma menina apavorada.
Tinha sangue no vestido dela...
Eu vi outra coisa se aproximando daquela pessoa. Trazia uma coisa na mão e vinha arrastando na neve...
Era... Um machado? Todo... Sujo de sangue...Ele tinha um sorriso muito assustador e a cabeça dele parecia quebrada. Estorada.
Senti meu estômago dar enroladas e fiquei com náusea. Era muito assustador.A menina gritou baixo. Ele pegou a garganta dela!
A mão com o machado levantou a arma bem acima da sua cabeça.Eu não consegui mais ficar olhando. Ele... Ia partir ela ao meio! Ia descer o machado na cabeça dela! Eu ouvi um grito horrível depois que fechei os olhos e não aguentei mais.
Que horror.
Soltei a linha.
Caí pra trás. Papai e mamãe estavam no chão, nos exatos lugares da menina e do monstro assustador. Mas estavam rindo um do outro. Tinha conseguido abrir a caixa sem machado, nem pé de cabra.
Mamãe tinha terra no cabelo e papai estava com terra e umas flores na cabeça também.
Eles riam com tanta inocência e estavam tão felizes, que eu preferi sair dali, antes que as lágrimas quisessem sair.Porque tudo que eu vejo é dor e sofrimento? Horror e medo? Eu ainda não tive nenhuma visão de felicidade...
Mais tarde, fomos ver televisão juntos. Estava passando filme e o vovô Gorey ficava a cada dois minutos perguntando o que tinha acontecido, ou o que era isso, ou quem era aquele.
A vovó ficava explicando pra ele e toda hora a gente tinha que ficar fazendo 'xiu!'Vou perguntar pro Gaster o que são essas coisas que eu vejo, exatamente. São outras realidades?
Eu não sei, mas vou descobrir.
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Legacytale
FanfictionQuando sua mãe Frisk e seu pai começam a se hiperatarefar com o trabalho, Helvética percebe que suas visões ficam cada vez mais cheias de sentido, Asriel e Gaster só parecem mais e mais misteriosamente certos em suas previsões, e Sans cada vez mais...