Tempestade Pesadelo

28 3 5
                                    

Quando eu entrei denovo em casa, papai estava jogando com o Flink e o Tio Papy estava na cozinha olhando a lasanha no forno.
Eu sentei no sofá e fiquei olhando... Eles parecem bem.
De repente, o celular do papai toca e ele atende.
Era a mamãe.

"Mamãe acabou de sair. Mano, quer vir com a gente?"
"A gente?" Flink desligou o jogo e a TV.
"É. Quer vir junto com o papai e o tio?"
"Eu quero!"
"Ela já saiu?" Papyrus pegou a mochila dele. "Eu deixei a comida esfriando no balcão."
"Tudo bem, vamos logo."
Eu não falei nada.
"Helv, não se importa de ficar olhando a casa, se importa?"
"Eu tô sempre olhando ela."
"Ok, já sabe. Voltamos logo."
"Tchau Helvética!" Papyrus foi saindo.

E eles saíram e eu fiquei só. Parecia que ia chover...

Foram só alguns minutos e começou a chuviscar.
Eu fechei as janelas, a do meu quarto, do quarto do mano e do papai e da mamãe.
Desci e fechei a porta de vidro de correr da sala de jantar e a outra porta da cozinha. Essas duas dão pro quintal.
Até que eu fui fechar a janela da sala que dá pra frente de casa.
Quando eu fechei foi como se a chuva fosse caindo devagar.
Imaginei o carro azul do papai na chuva.

Fechei os olhos por um instante na frente da janela e quando abri... Vi uma linha no chão.

Eu toquei.

E de repente, o flash de um raio me fez cair sentada.
Tudo parecia... Muito grande!
Eu parecia ter... Diminuído?

De repente, eu senti que alguém estava me carregando do chão!
Fiquei assustada e comecei a me mexer.
"Ei, ei, o que foi pirralhinha? Ficou assustada?" Era uma voz tão familiar...
Virei o rosto e ele me virou me pondo no colo. O papai estava mais novo... Minhas mãos estavam muito pequenas... Olhei meus joelhos, e vi meus ossos... Eu me lembro disso... Eu vivi isso...

"Calma. Está chovendo em algum lugar... A mamãe já vai voltar..."
Ele fez um carinho na minha cabeça. Eu não conseguia falar. Tinha alguma coisa na minha boca.

"Você não devia tá chupando o pipo... Você não quer usar aparelho, quer?"
Ele tirou o pipo da minha boca e eu gruni... Era como se eu ainda não soubesse falar... Eu era um bebê!

"Ok, hora do seu lanche..."
Olhei ao redor e ele me pôs sentada no sofá.
Foi até a mesa de jantar e trouxe uma mamadeira.
"Já tá frio... Eu acho... Se não tá, tá morninho..."

Aparentemente estavamos sozinhos em casa. Tinham brinquedos antigos meus no chão e eles pareciam novos, e um edredom macio em cima do tapete, onde eu costumava brincar.

Papai me colocou no colo e pôs garrafa na minha boca. Eu nao quis abrir a mandíbula pra comer, mas quando senti o gosto era... Tão gostoso... Que onda de nostalgia...

Cheiro de leite quente me trás boas lembranças... Lembra quando eu era pequena e quando o Flink ainda mamava e bebia isso na mamadeira.

Ele parecia bem calmo, sorria feliz...
Eu tentava entender porquê isso é uma linha do tempo diferente... Parece tudo igual à 16 anos atrás...

"O quê você deve tá pensando agora?" Ele riu. Olhou o celular do lado um instante e começou a cantarolar pra eu dormir.
Eu senti meus olhos pesando ... Quando percebi, já tinha acabado o leite.

"Mas já? Caraca, sua gulosa."
Mas a minha barriga roncava... Eu ainda tava com fome... Gemi e puxei a camisa dele.
"Que foi?"

Encostei o rosto nele e senti aquele conforto tão bom... Que nunca mais tinha sentido...
Puxei ele denovo, grunindo e choramingando.
"Ainda tá com fome?" Ele me levantou. Olhou ao redor e viu uma coisa na bancada.

"Não diz pra sua mãe que eu fiz isso..." Ele levantou, comigo, e pegou uma garrafa de ketchup. Me pôs na cadeirinha e pegou a mamadeira...
"Eu não vou te dar muito... Nem direto da garrafa..."
Aí ele abriu e colocou pra que eu bebesse. E eu bebi.

LegacytaleWhere stories live. Discover now