Depois do almoço eu perguntei onde que eles viram Emily e a irmã.
"Do outro lado da trilha, mais pra lá"
"Será que ela já foi embora?"
"Acho que não. Vamos lá ver!" Flink subiu na bike e Flowey foi na cestinha.
Luka foi logo atrás e eu no bagageiro.
Quando passamos da lagoinha eu perguntei onde a gente tava, só pra zoar.
"Onde é que eu tô?"
"Será que tô na lagoinha?"
Eles completaram. As melhores amizades são aquelas que completam seus memes.Mais lá na frente, vimos uma menina de vestido azul claro com um laço vermelho. E é claro que era a Emily sem dúvida.
"Emily!" Flink foi até ela.
"Emily-chan!" Luka desceu comigo da bicicleta."Oh, oi pessoal..."
"Você ainda tá aqui! Que legal!"
"Eh..." Ela pareceu surpresa comigo.
"Oi, lembra de mim?" Eu disse.
"L-lembro sim... H-Helvética né?" A voz dela era baixa e macia.
"Yep."
"Vamos dar uma volta! Sobe na garupa!" Flink limpou a parte de trás da bike com a mão na luva que ele sempre usa."Cadê a sua irmã?" Luka e eu subimos na bicicleta denovo.
"Ah ela já foi. Ela tem aulas de dança agora. Minha mãe foi levá-la... E ela não é minha irmã."
"Não? Vocês eram parecidas..."
"Ela é minha irmã de criação."Eu fiquei calada. Ela ajeitou o vestinhinho e subiu na bike do mano. Flowey ficou resmungando alguma coisa.
"Vocês dão carona pra qualquer um no meio do mato? Hunf..."
"Ignora ela, é assim mesmo!" Flink nunca deixava ela fazer ele ficar bravo.
A garotinha sorriu e nos todos fomos conversando e dando a volta na lagoinha.Numa das curvas, Luka parou e ficou olhando pra um barranquinho do lado da trilha.
"Ei gente, pera aí!" Ela gritou pro povo da frente.
"O que foi?" Eu perguntei.
"Tá vendo o mesmo que eu?"
"Sei lá. O que você tá vendo?"
"Tem alguma coisa lá embaixo..."
"Ei, você não vai descer aí vai?"
"Eu vou... Não é muito íngreme..." Luka saiu de cima da bike e foi descendo.
Eu fiquei estarrecida. Não sabia se descia também ou se chamava o Flink. Na verdade ele já estava do meu lado.
"O quê que ela tá fazendo?"
"Sei lá, mas eu vou atrás."Eu desci. Não era íngreme e tinham muitas pedras.
Luka tinha visto que em baixo da raiz de uma árvore tinha um broto de uma Echo Flower.
"Se ela nasceu aqui, então devem ter mais! Imagina! Um dia vão ter muitas Echo Flowers aqui!"
"Echo Flowers precisam de sombra e umidade pra crescerem... Não vão ficar por toooda parte..."
"É verdade... Será que ela repete?"
Luka se abaixou e susurrou alguma coisa pra flor.
Ela repetiu baixinho.
"Awww que fofa! Eu quero uma assim!"
"Ei, não arranca ela daí!"
"Não vou arrancar! Só queria ver!""Ok bora subir..." Eu fui subindo rápido demais e meu pé escorregou numa pedrinha redonda. Aí meu joelho deu de contra com o chão cheio de pedregulho... Doeu. E eu acabei me esfolando.
"Ai, ai, Helv sua desastrada!"
"Heh..." Por um instante eu tentei me teletransportar pra cima, mas não consegui. Achei estranho, mas eu olhei minha canela e tinha um pequeno corte vermelho exatamente no pior lugar que eu gostaria que alguém visse.Da metade da minha canela pra baixo eu sou esqueleto, como meu pai. Pra cima até minha cintura, eu tenho corpo humano. Quando eu era criança, até meu joelho era esqueleto. Mas eu fui crescendo e a parte humana foi aumentando um pouquinho.
O corte era lá na canela, pertinho da parte à mostra da minha tíbia.
Eu... Tenho vergonha de mostrar meus ossos pros outros... Por isso vivo de meias.
Estava doendo e começando a sangrar. Mas nada grave.Eu subi com cuidado e Luka subiu também.
Flink se abaixou e eu sentei no chão.
"Puxa, quase na sua tíbia..."
"F-Flink cala a boca..."Emily ficou um pouco desesperada e caçou alguma coisa nos bolsos.
"E-ei se precisar eu tenho band-aid!" Ela tirou um pequeno do bolso do vestido.Eu já vi aquele curativo antes...
"Boa idéia, Emy!" Luka tirava a terra dos joelhos.
Eu olhei, por debaixo da meia, meu pé e não percebi que a humana já vinha com o curativo pra minha perna.Quando ela abaixou um pouco mais a meia, deu um gritinho e tombou pra trás de susto.
Aff, eu odeio quando isso acontece."Gaahhh!! S-su-sua p-perna!"
"Ei, calma. Isso é normal!" Luka riu.
"Eu já não te disse que somos híbridos? Temos parte esqueleto! Olha..."
Flink tirou as luvas que ele sempre usa e mostrou suas falanges, carpo e metacarpo. (Sim, eu sei cada nome dos ossos que temos visível e invisível. Decorei pra uma prova e nunca mais esqueci porque alguns eu vejo em mim mesma, no Flink, no papai e no tio Papyrus.)"Oh... Nossa... Que... Estranho... Digo, d-digo, Isso é diferente, t-tipo, incomum... Não que s-seja ruim..."
"Ei calma, relaxa..." Eu ri de como ela ficou nervosa pra não nos deixar magoados.
Emily colocou o curativo no corte e nós rimos.
"AI QUE DEMORA! BORA LOGO VOLTAR!"
Flowey gritou.Voltamos trocados, agora eu ia com o mano e Luka e Emily atrás de nós.
Eu percebi que Flink tinha tirado as luvas e dado pra Flowey se distrair.
"Porque tirou as luvas?"
"Ah... Eu quis... É legal lembrar que você é híbrido as vezes."Olhei meus pés nos tênis.
"Você acha... Que se nós fôssemos humanos, esse tipo de coisa aconteceria?"
"Que pergunta besta... Que tipo de coisa?""Coisas tipo... Ah... Sei lá."
"Você não devia se preocupar com esse tipo de coisa... Somos quem somos e você é você."
"Cê tá falando que nem a mamãe."
"Eh... Eu falo porque ela está certa."
Eu ri e ele pedalou mais rápido. Ouvi Luka falando alguma coisa pra gente e Flowey gritou pra ir devagar.No fim da trilha, deixamos Emily com a família dela.
"Obrigada."
"Que isso, a gente que agradece!" Luka e Flink disseram com um sorriso.
Eu desci da garupa e falei com ela quando os dois estavam mais longe.
"Foi... Você então?"
"E-eu?"
"Naquele dia... Na enfermaria... Eu acordei com um curativo igual a esse que você me deu!"
Ela se assustou.
"Ah sim! Eu lembro! Fui beber água e vi uma menina no chão... Era você?"
"É... "
"O que aconteceu pra você ficar daquele jeito?"
"É uma longa história, mas... Obrigada."
"Sem problemas..."
Ela sorriu.Voltamos pro nosso lado e já era hora de ir embora. Foi bem legal mas quando a mamãe viu o curativo ficou toda assustada. Mas eu disse que não foi nada de mais.
Eu não sei, mas essa Emily é bem legal. Espero que a irmã dela, ou meio irmã, seja tão legal quanto.

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Legacytale
FanfictionQuando sua mãe Frisk e seu pai começam a se hiperatarefar com o trabalho, Helvética percebe que suas visões ficam cada vez mais cheias de sentido, Asriel e Gaster só parecem mais e mais misteriosamente certos em suas previsões, e Sans cada vez mais...