Legacytale

Blasters

"Ei, sobre aquela nossa conversa... É só entre a gente... Ok?"
"Ok." Eu não ia contar pra ninguém mesmo...

"Helv, eu quero que você vá até ali no meio do quintal e invoque um Blaster."
Quê!!? Ele nem me falou como que faz!
"Mas, você nem me fala antes como faz!??"
"Tenta sozinha primeiro. Já que você quer tanto..."
Eu fiquei com raiva. Fui até lá no meio e fiz uma careta.

"Vai ter que ser mais que isso..."
Ele estava agindo de uma maneira que eu não gosto nem um pouco. Sendo indiferente...
Estiquei minha mão pra cima e nada. Pensei no formato do bicho, mas nada, fiz uns movimentos pra cima e pra baixp com oa braços mas nada!

HUGH!! QUE RAIVA! Porque ele não me ENSINA!?

"Muito fraco." Ele falava com um tom de general.
Eu fiquei logo irritada.
"AAHG! VEM AQUI ME AJUDAR!! Por... Favor!?"
"Faz sozinha, não é a independente e não frágil? Como vai defender sua família desse jeito?"
Por que ele tá fazendo isso!? Ele nao é assim!
Me enchi de raiva e determinação... Não é uma mistura muito boa...

Levantei os dois braços e senti algo pesado flutuar em cima de mim. Fez um som diferente.
Papai olhou o ataque especial com um brilho nos olhos, mas ainda com a postura séria.
"Vai ter que ser mais do que isso pra enfrentar alguém... Vê como é pesado?"

Eu estava não aguentando mais a força... Se eu relaxasse o braço, era como se isso fosse cair em mim.
Era muito grande e fazia uma sombra horrível na noite, mas tinha os olhos brilhantes.

Papai se afastou um pouco e pôs as mãos nos bolsos...
"É assim que se infrenta de verdade..."
E surgiram ao redor dele quatro, repito, QUATRO, Gaster Blasters grandes, prontos pra atacar.

"Levante mais o seu." Ele disse, menos severo.
Eu fiz isso, com dificuldades.
"Agora recolha." Ele recolheu e fez sumir as armas dele.
Eu fiz o mesmo, mas ele demorou pra desaparecer.
"Quando ele atira, o arranque é muito forte. Você tem que mantê-lo longe do seu rosto ou corpo."
"Como atira?"
"É mais difícil do que parece."
"Mostra!"
"No que eu vou atirar pra sua mãe não brigar? E o barulho é alto..."
"Ah vai! Atira pra cima! Não pega fogo, pega?"
"Não..." Ele olhou pra cima, mas foi até o fim do quintal  e olhou pra fora da casa...
Aí um Blaster apareceu bem acima de sua cabeça.

Ele foi até mim.
"Quando você estiver pronta pra atacar, é só acionar como se fosse um ataque mágico normal. Não tem segredo..."

O barulho que esse negócio solta é horrível, mas é bem legal, apesar de assustador.

Sentamos denovo.
"Se sua mãe estiver no quarto, ela não escutou..."
"Hehehe..."
"Heh..."

"Obrigada pai..."
"Disponha... Eu sirvo pra isso não é mesmo?"
Rimos.
"Ei, ainda tem uma coisa uma coisa que eu preciso falar pra você..."
"O quê?"
"Essa arma é realmente destrutiva. E por ser destrutiva, eu quero dizer que é perigosa."
"Tá, eu sei... Eu vi..."
"E aquilo não é metade do que se pode fazer... Ela funciona através das suas emoções. Por isso eu te irritei pra que o seu aparecesse. É preciso ira e raiva pra fazer o que funcione de verdade."
Fiquei calada e observando-o. Ele falava sério.
"Então ok... Não é coisa de brincar como as magias comuns..."
"Não é uma magia comum pra começo de conversa."
"Ah... Ok."
"E lembre do que eu disse. Emergências..."
"Emergências, genocídios iminentes, e perigos... Entendi já..."

"Que bom..." Ele ficou calado com uma expressão um pouco triste.

"Eu não queria que esse dia chegasse..."
"Por... Quê?"
"Não queria ter que te explicar coisas que quero esquecer... Tem coisas que são horríveis de contar... E lembrar."
Eu encostei a cabeça no seu ombro.
"Eu... Não gosto de usar isso. Me trás lembranças ruins... E não quero que você tenha lembranças como essas também..."
"Mas pai... Todo mundo tem boas e más lembranças..."
"Eu sei disso. Mas você é só uma criança..."
"Papai... Você não pode me proteger de tudo... E... Eu não sou mais tão criança..."
Eu segurava o rosto dele, tristonho. Sentei mais perto e ele me abraçou.

"Desculpa por ser grossa às vezes... Eu perco a cabeça..."

"Desculpe por ser um pai tão negligente. Eu queria te ajudar com o dever, levar vocês pra passear, passar o dia junto, jogar videogame... Mas esses trabalhos me consomem e eu nem noto."
"Eu sei..."
"Mas entenda... Estamos fazendo isso pra ficarmos juntos denovo. Eu, você, mamãe, maninho. Todos nós. Nossa família. Um dia tudo isso vai passar e eu e sua mãe vamos trabalhar meio período todo dia!" Ele riu e eu ri falso.

Não é isso que eu quero saber. Isso eu sei. Eu quero proteger vocês. Eu quero saber que mal ronda nossa vida todo dia! Porque mamãe tá estressada, porque papai fica tão focado na máquina e isso preucupa Gaster, porque Chara fica perseguindo Flink. Aliás, porque ela fica nos perseguindo? Isso eu quero saber. As bonecas, as visões, o meu olho que arde... Na verdade ele nem tem ardido esses dias.

Papai beijou meu rosto.
"Princesinha."
Eu olhei pra trás dele e mamãe estava na porta nós olhando com uma carinha fofa.
Ela abraçou a gente, sentando junto também.
"O que os dois estão fazendo aqui fora einh? Vão pegar um resfriado."
"Conversando."
Ele brincava com meu cabelo platinado.
Mamãe sorriu pra mim e beijou minha testa e a do papai.
"Meus anjinhos..."
Eu permanecia séria.

"Ei, cadê o sorrisão?" Papai gostava de me ver sorrindo.

Eu sorri pra vê-los sorrir também, mas por dentro, eu ainda estava com medo.

Os dois se levantaram e trocaram uns carinhos fofos.
"Muito bem, hora de dormir..."
"Poisé... Eu tô quebrado..."
"E eu preciso de uma boa noite de sono... Você também Helvética."

Eu olhei pra trás e o quintal escuro dava um certo medo.
Sei lá, as sombras escuras de noite me assustam. Eu penso que vejo formas humanas, alguém me espiando, ou algo assim, mas é só uma sombra.
Levantei e entrei, fechando a porta de vidro de correr.
A gente geralmente deixa aberto pela manhã mas de noite fechamos, claro.

Subimos e eu dei boa noite pros meus pais.
Deitei na cama e fiquei lá, de olhos abertos... Não queria ir pro Void agora... Eu queria saber o que Chara está tramando...