Legacytale

Anjos de Neve

Nos despedimos do pessoal e fomos logo pra casa... O sol estava se pondo então estava tarde.
No caminho, Luka ia falando quão incrível tinha sido a coisa toda, Flink conversava com ela mas eu ia calada.
Deixamos ela em casa e demos um oi pra tia Undyne.

Voltando agora pra nossa casa, o mano parecia um pouco calado.
"Ei... O que quer apostar hoje?"
"Apostar?"
"Aquilo. Eu acho quem ninguém tá em casa... "
"Ah sim... Eu... Não quero apostar... Mas acho que a mamãe tá em casa."
Nós dois apostamos quem estaria em casa. As vezes eu ganho, as vezes ele ganha...
"Pô, nem um doce?"
"Meus tubinhos doces não." Ele gosta de uns doces que a mamãe compra pra ele as vezes (tipo Fini ou Pocky, canudinho doce)
"Af..." Eu ri.

"Ainda tem da lasanha?"
"Acho que sim... Era grande..."
Ele olhou os sapatos.
"Helv... Porque disse aquilo?"
"Aquilo... O quê?"
"Pra Salty... Você... Ficou com as orbes escuras..."
Suspirei.
"Eu... Não gosto que as pessoas ajam da maneira que ela age... Ela... É má..."
"Helv, não existe pessoas más. É tudo muito relativo. Ela deve ter uma razão pra ser assim. Todo mundo tem algo bom por dentro..."
Misericórdia. Uma coisa que mamãe vive nos ensinando desde pequenos.
Eu as vezes não concordo com isso. Fico irritada e sempre fui um pouco brigona quando alguém pisa no meu pé...
"Eu sei disso... Mas não ia deixar ela fugir assim sem pagar pelo que fez..."
"Ela nem fez tanto mal assim..."
...
"Tá..."
"E o carro tá do lado de fora. Ninguém ganhou."

Papai estava em casa.
Entramos e não tinha ninguém na sala, nem na cozinha. Subimos e Flink foi no banheiro, enquanto eu ia pro meu quarto... Passei pela porta da mamãe e do papai e ele estava lá dentro. Passei reto pra minha porta e deixei minha mochila.
Voltei.

"Pai...?"
"Ah oi Helv. Como foi a escola?" Ele parecia concentrado no que tava fazendo.
"Nós... Não fomos pra escola, a festinha lembra?" Eu suspirei. Ele largou o projeto, respirou fundo com uma cara de preocupação e virou pra mim, sorrindo... Um sorriso que eu sabia que era falso...

"Ah, sim... E foi legal?"
"Foi... Mas não tinha doce então foi uma merda."
Eu fiz piadinha pra aliviar o clima e ele riu sem notar isso.
Me encostei na parede...
"E você? O que ficou fazendo...?"
"Eu... Voltei mais cedo e fiquei trabalhando mais um pouco nisso..."
Ele tacou o lápis na escrivaninha e foi até mim.
"Vamos lanchar alguma coisa." Ele me olhou e riu amoroso. Isso é meio raro de acontecer...
"Ok..." Eu sorri de volta.

Flink já estava lá embaixo comendo os tubinhos dele.
Durante o lanche fiquei prestando atenção no papai e lembrando das coisas que tinham acontecido...

Sério mesmo que as pessoas só me odeiam por que eu sou... Eu?? Será que o papai e a mamãe pensaram nisso quando me... Fizeram?

"Talvez a gente vá na casa da vovó Toriel mais tarde... Isso se a mãe de vocês quiser..."
"Casa da vovó? Legal." O mano comia os doces dele e papai bebia seu ketchup.
Eu não tava com fome...
"O senhor vai buscá-la hoje?"
"Não... O carro tá com ela. Eu vim à pé."
"Ah entendi..."
"Papai, bora jogar vídeogame? Você pode ser o player 1 dessa vez!"
"Ah, bem que eu queria filhão. Mas o papai tem que terminar os negócios dele..."
"Cê não vai ficar intocado lá em cima vai?" Eu me levantei rápido. Ele tem o horrível costume de sumir dentro do quarto ou pior, no sótão ou porão, porque precisa de 'concentração'. Aí se intope de café e ketchup...

"... Eu... Venho aqui pra mesa da sala de jantar..." Ele riu disfarçando.

"Ok... Então eu jogo sozinho..."
"Eu jogo com você. Deixa só eu me trocar lá em cima..."

Subi rapidinho e fui direto pro meu quarto, tirar minha mochila de cima da cama e jogar no chão, junto com minhas meias.
Quando eu joguei no chão, a mochila fez um barulho diferente... Isso me chamou atenção.
Troquei os sapatos olhando pra ela, intrigada...
Quando terminei, levantei a bolsa e de lá de dentro, saíram não uma, mas duas bonecas da Chara!