Consequência de uma Noite.

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Já haviam se passado duas semanas e nenhuma notícia de Gabriel ou de Angela, foi idiotice minha pensar que alguém ajudaria uma garota de programa, ainda mais da maneira que nos conhecemos.

Não sei onde estava com a cabeça em pensar que ele viria me buscar ou me levar embora daqui. As coisas estavam horríveis, as meninas não olhavam para mim e nem falavam comigo, sempre faziam piadas do tipo "Para que vale as melhores amigas mesmo, sendo que existe as cobras disfarçadas!" a cada dia as coisas ficavam pior, a saudade de Angela apertava demais.

— Aqui onde fica a falsa? — era Melissa. — Anda ridícula, Paulo está te chamando!

Me levantei e fui seguindo Melissa, depois que Angela foi embora ela fez de tudo para assumir o cargo de "Prostituta Chefe" e vivia fazendo os caprichos de Paulo.

— Pode sair Melissa! — disse Paulo. Havia uma menina na sala sentado ao seu lado, me vi naquela menina, cheia de medo e de sonhos que foram interrompidos pela escolha desta vida. — Sente-se meu amor!— os apelidos cada dia eram mais frequentes, com isso ele não iria me comprar. — Essa é a Isabella, é nova aqui, Isabella essa é Sarah a melhor da casa! — ele sorriu. Se isso era um elogio eu preferia não ter ouvido. — Ela vai cuidar de você e te ajudar no que precisar, agora pode ir! — sorri para a tal menina e peguei em seu braço para leva-la. — Você não Sarah. — disse Paulo.

— Já disse que não tenho nada para falar com você!— fui em direção a porta. — Meu relacionamento contigo é o de funcionários para chefe!

— Vai continuar com isso? Já faz quase três semanas que não fala comigo, sabe que é diferente das demais e eu não tiro você dá cabeça, não te trato mais como um objeto, não te bato, eu a amo! — ele pega em minha mão.

— Já disse para não me tocar nunca mais! — puxei minha mão das suas e então sai da sala.

Fui em direção a Isabella que estava me esperando na porta e a levei até o quarto onde ela ficaria, era o quarto onde todas nós dormíamos.

— Não gosta do Paulo? — perguntou ela.

— São assuntos complicados, vem vou te arrumar, já são quase oito horas e essa casa vai lotar! — sorri.

— Tudo bem, não sabia que era assim, chegou e começou. — ela sorriu.

— Porque está fazendo isso com sua vida Isabella? — perguntei sem esconder a dúvida.

— Não é por vontade própria! — ela se acanha.

— Quase nenhuma de nós estamos aqui por vontade própria! — disse.

— Quando eu era pequena fui vendida no contrabando de crianças, fui para uma família de traficantes, acostumada a ser abusada eu fugi de lá, encontrei Paulo e ele me ofereceu casa, luxo e dinheiro em troca do meu corpo, era melhor que estar na rua, então eu aceitei! — seus olhos se marejam. — E você, porque escolheu essa vida Sarah?

— Matei minha mãe e depois a vida foi má comigo, tão má que estou aqui! — fui o mais fria que pude.

Ela se assustou mas não questionou.

— Pode me emprestar um absorvente? — perguntou ela.

— Claro! — fui até a gaveta onde ficavam minhas coisas e ela estava cheia de absorventes, achei estranho pois já era quase final de mês.

— Sarah, o que foi? — perguntou Isabella.

Não é possível, senti meu corpo cair ao chão, me sentei ao lado da cama e analisei o longo das semanas que já haviam se passado, como eu não pude perceber que minha menstruação estava tão atrasada assim? Corri até o escritório de Paulo abri a porta o mais rápido que pude.

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