Me deixem dizer Adeus.

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Gabriel Narrando.

A manhã havia chegado em clima de sol, era um bom dia para levar Sarah para o jardim do hospital, estava tão feliz hoje, as pessoas estão começando a se importar com Sarah, e isso é bom, pois ela poderia reconhecer que as pessoas da igreja se importam com ela, assim como Deus.

Ouvi a campanha tocar, certamente era Juh, ela estava bem adiantada, não havia nem ao menos tomado café.

— Filho, deixe que Marta atenda a porta, venha aqui! — disse papai. — Quero te dar a oportunidade de pregar um dia, vejo o tamanho da responsabilidade que tens com a palavra de Deus, e nada mas justo do que te dar uma oportunidade!

— Sério pai, tipo assim, pregar de verdade? — disse sorrindo feito criança. — Não sei se conseguiria.

— Conseguiria não, conseguirá, pois foi Deus quem me pediu, e ele capacita seus escolhidos! — ele me abraça.

— Pastor Ezequiel, Gabriel! — disse Juh nos cumprimentando.

— Que bom que chegou, tome café conosco! — sorri.

Mamãe estava calada o café inteiro, apenas observava as conversas e mal nos disse bom dia, papai conversou com ela, mamãe disse que não acordou bem, então, relevei.

— Estamos indo, chego por volta das seis, vou ao hospital, depois irei ao culto da tarde, e volto novamente, amo vocês!— os beijei e então me retirei.

No carro Juh parecia uma matraca não parava de falar, mas de todos os assuntos nenhum me interessou, estava mesmo com o pensamento em Sarah, em vê-la, abraça-la, e talvez beija-la, ela já não saia mais da minha cabeça.

— Senhor Gabriel! — disse uma das enfermeiras responsáveis por Sarah. — Tentamos falar com o senhor está noite inteira, Sarah não está bem, foram diagnosticados mais alguns problemas nela.

Aquilo me paralisou, meu coração parou, e toda quantidade de água do meu corpo se escorria pelas mãos.

— Pega água para ele por favor! — disse Juliana abanando.

— Que tipo de...

— Ela está com câncer nos ossos, e já está chegando ao sangue, somente um milagre irá tirar Sarah daqui, já não temos mais o que fazer, ela só piora a cada dia, talvez ela não passe de semana que vem.

— Não, não, não! — coloquei a mão na cabeça. — Jesus não..

— São noventa por cento de chance de ela não resistir, ela está fraca, e para continuar os tratamentos ela precisa suportar, e é capaz de...

— Eu fico com os cinco, eu fico, Jesus fica, e toda a minha fé e família fica, isso não é nada para Deus, nada! — disse segurando as lágrimas. — Quero vê-la!

A médica assentiu e me levou até o quarto de Sarah que já não era mais o mesmo, ela estava em uma parte deserta, lá só haviam os piores casos, dava arrepios, pena, e agradecimento. Sim, agradecimento, pois quando vemos pessoas nestes estados, conseguimos perceber o quanto somos inúteis de reclamar do que temos, reclamar da saúde que temos quando ainda conseguimos pelo menos respirar sem um oxigênio.

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