Querida Lauren

Capítulo 18 - Meus motivos

-Você poderia por favor me deixar tomar banho sozinha?- minha cabeça até dói de tanto que tenho que forçar a língua para que ela enrole, na verdade, eu preciso fingir que ainda estou bêbada, quando na verdade nem me lembro mais como é ficar assim.

-Lauren fica quieta, tira essa roupa e entra debaixo do chuveiro.- eu nua ao lado do homem que me leva a loucura? Não! eu vou ter uma recaída e tanto.

-Será que dá para você sair?!

-Eu não vou te deixar sozinha!

-Não se importou em deixar quando mais precisei de você- minha voz sai em um grito e dessa vez a língua não enrola- e não adianta, eu não estou bêbada! Fiz isso para você parar de ser um idiota e ver que posso me divertir sozinha!- ele me encara por longos segundos e eu me pergunto o que ele pensa nesse momento, Carter engole seco e eu me ajeito sentando no vaso sanitário do meu banheiro, minha cabeça está pesada, deixo que ela caia por entre meus braços que a apoia firme.

-Tanto que não conseguiu beber e se divertir, pelo contrário... A sua diversão foi me ligar e zombar da minha cara.- ele se ajoelha entre as minhas pernas.- eu posso ser o que você quiser Lauren, estou tentando encontrar forças para ser o melhor marido, mas eu preciso de ti na minha vida, eu quero me redimir, preciso que me deixe falar- minha cabeça permanece no mesmo lugar.- Bom! Depois da Camille achei que nunca mais alguém fosse aparecer na minha vida, mas, apareceram tantas mulheres que você não faz ideia. Mas, eu transferi todo o medo da traição para qualquer uma que eu acordasse abraçado ou sei lá, conhecesse os pais.- sua voz está firme e eu não o vejo- Mas então, parece que no dia que você entrou no meu escritório, começou a morder aquele lápis, e ficar de um jeito. Céus, eu me apaixonei desde o momento que eu te vi.- isso faz com que meu peito aperte.- Lauren, aos poucos você cuidou de mim, fez com que eu entendesse o motivo de brincar com a vida, de te ligar de madruga- ele ri- sempre amei te ver brava comigo. Mas ai, você virou mãe, das melhores criaturas barulhentas que eu poderia ter, meus amores... E a nossa vida mudou, nosso tesão não era mais o mesmo, você não queria mais fazer sexo sempre, e eu deixei meu lado homem gritar, tanto que acabei me deixando levar. Lauren, eu me considero um monstro- ele começa a chorar e vejo que está se encostando na parede- sei que não vai ter nada com que eu faça, sei que preciso te conquistar, mas... Você é o amor da minha vida, a mulher que eu vou amar... Sempre! Tem noção do quanto eu vou sofrer se tiver que sair da sua vida para sempre? - eu respiro mais uma vez de maneira funda, mas, a teimosa lágrima desce.- Ela me provocou, e eu confesso que fui errado em manter ela ali, mas, ela sempre me disse que tinha uma mãe doente e me pedia segredo. Lauren, confesso que sim, eu me senti atraído por ela, e merecia apanhar na cara... - meus olhos fecham fortes agora, eu não aguento e começo a chorar.- eu não sei o que falar mais- ele chora- preciso que você me perdoe, ou pelo menos me diga algo.- minha voz está presa na minha garganta, o que eu posso dizer a ele?

-Carter- ele me encara e eu levanto a minha cabeça, sinto minhas pálpebras pesadas para serem abertas, ele me encara por um tempo e eu não paro de chorar.- Vai embora!- falo em tom de suplica, não estou brava, só preciso ficar sozinha.

-Lauren... Eu preciso provar para você que nunca conhecerei alguém melhor que a mulher da minha vida!

-Carter, por favor! Me deixa sozinha- ele se levanta e sai sem dizer mais nada.

Pronto! É só a porta fechar que eu deixo tudo que estava remoendo sair do meu peito como se fosse um espelho estilhaçando em mil pedaços, acho que preciso deixar esses sentimentos extravasarem e respirar fundo. Parece que todas as palavras dele ecoam na minha cabeça, eu não consegui responder nada e nem sequer me defender, eu apenas queria que ele saísse dali, céus... Como pode doer tanto?!

Ele apenas se justificou?! Disse que eu era importante mas mesmo assim teve a capacidade de me trair, com uma mulher do qual ele sentiu atração?! Eu preciso pensar, acho que estou em um ninho, estou errada aqui... Não posso permanecer perto dele, preciso levar meus filhos para outro lugar, preciso voltar para Toronto, passar uns dias longe dele, longe de tudo, apenas com meus filhos... Preciso sentir falta do Carter e saber se realmente vale a pena eu chorar dessa forma por um homem como esse.

Com toda força que reuni, levanto e saio devagar em direção da minha cama, deito fazendo com que meu corpo relaxe, ou pelo menos tente fazer isso, choro, choro sem medo de nada, apenas de não encontrar mais razões para viver com o pai dos meus filhos.

Meus pensamentos são interrompidos por um momento, o telefone toca fazendo com que eu pare de pensar em qualquer coisa. Atendo.

-Alô?

-Lauren, é a Edna! As crianças estão bem... Mas, o Carter saiu para te encontrar e não voltou ainda.

-Ele saiu daqui tem pouco tempo... - respiro fundo- acho que daqui a pouco ele chega.

-Vocês dois vão ficar nessa até quando?!

-Edna eu pensei aqui, vou passar uns dias em Toronto... Vou levar as crianças, cuida dele por mim, mas não fala nada para ele, prometo que assim que chegar lá eu aviso, só preciso muito descansar minha cabeça e relaxar. Pode por favor não falar para ele?

-Minha filha, ele é pai dessas crianças, merece saber.

-Eu vou falar quando estiver lá, por favor, preciso pensar em tudo.

-Está bem! Eu te ajudo Lauren.