Capítulo 19 - Fugindo

1.1K 106 35
                                    


Fecho a minha mala e observo Ally sentada na minha cama, ainda está de madrugada e sei que a minha sogra está segurando Carter na casa dela. Agradeci no momento que foi meu sogro que me entregou meus filhos, assim não precisaria ver Carter depois de tudo que ouvi na noite retrasada.

-Posso saber porque a senhorita está com essa carinha?- ajoelho ao seu lado e ela sorri, essa menina tem os olhos do pai.

-A gente nunca mais vai ver o papai?- coloco a minha mão sob a dela e acaricio o local, me sinto uma coruja quando se trata desses dois.

-Claro que sim! Ele é o pai de vocês, e acima de tudo... Eu e ele ainda somos casados! Filha, entenda... Isso vai ser bom para a mamãe, para você e para o Miguel.

-Eu amo meu pai- ela respira fundo e aperta a blusa de frio que eu coloquei nela tem pouco tempo, estamos prontos para esperar a Joanna que vai nos levar até o aeroporto. Apesar de ser madrugada e eu não ter dormido na noite passada e muito menos essa, a adrenalina de que Carter possa aparecer me consome mais.

-Ei- eu a abraço- eu amo aquele cabeça dura também... Mas o papai fez algo que a mamãe ainda está magoada, coisas de adulto.- ela me aperta.

-Mamãe, será que dá para a gente ir no Tim Hortons- Miguel aparece e se senta na minha cama- quero muito ver a neve, não me lembro quando fui para o Canadá, eu já fui?- vou responder- ah mãe, quero conhecer a CN Tower... Sabia que Downtown é a maior rua de Toronto? Mãe...

-Cala a boca peste!- Ally grita e eu respiro de maneira calma para me tranquilizar.

-Acho bom a discussão não começar.- escuto uma buzina- vamos! A tia Jo está lá fora.

Não é como se estivesse indo para uma semana de férias, na verdade, é como se a forca me esperasse em qualquer lugar do aeroporto ou até mesmo do caminho. Jo me conhece tão bem que nem sequer falou comigo, sabe que estou perdida em meus pensamentos, acho que é por conta disso que ela escuta "Born To Be My Baby do Bon Jovi"  baixinho, talvez seja para que o silêncio não predomine o espaço. Mas, com a gritaria de Ally e Miguel horas rindo e horas brigando, acho que a última coisa que teria ali seria silêncio.

-O César me ligou, disse que você havia combinado um itinerário com ele- Céus, até me esqueci dele.

-Havia mesmo! Nossa- a encaro- Jo eu não fiz nada e...

-Eu vou dar meus pulos- sorri- E você tem certeza que fugir do problema pode ser a melhor saída? E enfrentar ele?!

-Eu já enfrentei, e não estou fugindo... Estou apenas querendo o meu tempo!

-Claro que sair de madrugada como se fosse uma fugitiva com duas crianças...

-Que aliás, eu sou a mãe...

-Sim, que você é a mãe e o pai está na casa da mãe achando que ela passou mal.

-Jo, não piora...

-Lauren, eu não sei se é a melhor solução... Eu torço por você, e sei que apesar de ser um escroto, um filho de uma...

-Shh, olha os meus filhos!- coloco a mão na boca e ela olha para o retrovisor as crianças prestando atenção na conversa.

-Filho de uma Edna... Ei olha, um dinossauro...

-Uau Miguel ele vai nos devorar- Ally grita brincando e os dois se ajoelham olhando pela janela de trás do carro.

-Continuando, apesar de ser tudo isso... Ele te ama, e você o ama mais ainda!

-Sim, eu o amo... Mas, não vem ao caso ok?! Eu preciso muito aliviar a minha cabeça e ter certeza que esse amor pode segurar tudo.

-E aonde vai ficar?

-No meu apartamento, seguramos para quando ele tivesse que ir na WS de Toronto... Eu pretendo passar de lá e ver como está tudo.

-Se você vai para arejar a cabeça, esqueça a WS... Vá para se divertir.- ela estaciona no aeroporto- chegamos!- eu abro a porta e olho para trás assustada- estou falando, acho que estou com uma fugitiva- ela abre a porta de trás do carro- olha a bagunça seus pestinhas!- grita com Ally e Miguel q dão uma gargalhada estridente.

-Vamos meus amores.- ajudo ela com as malas e logo um rapaz me trás o carrinho, acomodo as bagagens, Ally senta em uma ponta e Miguel na outra, faço um esforço para levantar, eles sempre fizeram isso, mas quem empurrava era Carter.- vocês pesam a mamãe não é o Hulk.

-Ah mamãe o papai consegue!- Jo sorri e me ajuda do outro lado.

-Vai, subam ai pestinhas!- eles voltam e nós duas empurramos.

-Obrigada por tudo Jo!- sorrio para ela e a minha amiga sorri de volta.

-Amigas são para essas coisas!

Depois de ser chamado o meu voo, acomodo meus filhos ao meu lado e me despeço da minha amiga, ela sorri de maneira triste, como se estivesse com pena de mim. Abraço meus filhos e me viro para ir em direção do avião.

-Lauren- uma voz firme da qual eu conheço me chama desesperada, olho para trás e parece que eu tenho vontade de correr e abraçar o dono dessa voz, beijar a boca dele e dizer o quanto eu o amo, e o quanto ele é importante, mas não posso.

-Papai!- Ally e Miguel correm em direção do pai e eu vou atrás dos meus filhos. Ver eles três abraçados me corta o coração.

-Você está indo para outro país com os meus filhos e não ia me contar?!- ele fala bravo.

-Como soube?

-A minha mãe nunca soube encenar- ele parece ter chorado- para que isso.

-É só por uns dias, preciso pensar em tudo que me disse, preciso de um tempo Carter, não queria que soubesse, mas eu ia te ligar assim que chegasse.

-São os meus filhos também!- sinto uma lágrima- E é você! Lauren, chega pelo amor de Deus, fica aqui, não faz isso comigo... Me pede qualquer coisa, qualquer mesmo, eu faço! Só não me corta o coração dessa maneira! Fica!- ele olha para mim com precisão e aperta meus filhos em sua cintura.

Querida LaurenOnde histórias criam vida. Descubra agora