Capítulo 16 - San Juan

8.6K 722 623
                                    

Despertei naquela manhã antes mesmo do toque inicial, sentindo alguém mordiscando minha orelha. Me mexi temendo que fosse um sonho, mas na verdade era Guilherme. Abri os olhos um pouquinho só pra espiar, o cara estava deitando em cima de mim, me provocando com sua respiração pesada no pé do meu ouvido enquanto me fazia sentir sua ereção por dentro das vestes. Mesmo com a perna ferrada de uma picada de cascavel, ele não parava. Contive uma risadinha enquanto meu pau ganhava volume também pelo moletom neutro, enquanto me consertei na cama até sentar temendo que alguém nos flagrasse. Ele não parecia preocupado, com aquela cara de pau que ostentava.

"Bom dia, Guilherme Carvalho", sussurrei, mordendo os lábios enquanto o admirava sentado a minha frente.

"Bom dia, Felipe Barreto", repuxou o canto dos lábios naquele sorriso descarado que eu tanto gostava. "Como pode ver, vim lhe dizer pessoalmente que to inteirasso e pronto pra outra!", abriu as mãos indicando a si mesmo com um gesto de espetáculo, o que me fez rir.

"Você é louco! Outra não, por favor... Já tá bom, né?", supliquei-lhe com sinceridade, balançando a cabeça. "Aliás, você recebeu alta já?"

"Não. Eu fugi mesmo", revelou com um sorriso travesso que fez duas covinhas dançarem em seu rosto. Revirei os olhos pra ele.

"Você é louco?!"

"O que você acha?", aproximou-se, pondo aqueles braços fortes ao redor do meu corpo enquanto se inclinava pra alcançar minha orelha com a boca novamente, me fazendo suspirar. Olhei ao redor com desespero temendo que alguém nos visse, mas sem forças suficientes para espantá-lo de cima de mim – o cara é realmente forte!

"Eu não acho nada, tenho é certeza!", engoli em seco.

"Por isso tu gostas tanto de mim, admite", declarou em um convencimento engraçado que eu sabia que era mera brincadeira. E, de repente, o sinal tocou. Esperei que ele se afastasse, mas ele continuou deslizando a língua pelo meu pescoço deixando um rastro molhado na pele que me fez arrepiar. Perturbado em ver todos pulando da cama pra se arrumar – em especial os que estavam partindo de férias – e nada do Guilherme se afastar, o empurrei com força deslizando por trás da cama até ficar de pé. Flagrei-o rindo da minha fuga, mas concluí que ele era realmente um louco – e que eu gostava disso... Então, quem era mais louco?

"Não vai admitir, não?", ficando de pé, continuou me olhando como se esperasse uma resposta, mas sua presença inevitavelmente atraiu as atenções dos outros caras e acabei disfarçando, tive medo por causa dos comentários daqueles caras no dia anterior. Me acovardei e sabia que ele se chatearia por isso, estava em seu olhar.

"Esquentadinho?!", Inácio foi o primeiro a notá-lo, e sua exclamação fez todos os outros se aglomerarem ao nosso redor para comemorar o retorno do fuzileiro que sobreviveu a um crocodilo americano e uma picada de cascavel. "Esse aqui é o..."

"Homem de aço", interrompi as palavras de Inácio de tal forma que fez os olhos azuis do Guilherme brilharem, mas no fundo eu reconheci a tristeza ameaçar seu olhar.

"Não consigo pensar em melhor definição para esse troglodita!", concordou Inácio, dando uns tapinhas nas costas do Gui. Assenti em resposta, mas quando me virei fui empurrado junto a outros por Pedro, que passou correndo e deu um abraço apertado no cara. Encarei-os, pasmo, e bastante irritado, antes de trocar olhares com Inácio que também desmanchou o sorriso.

"Cara, que bom que você tá de volta! E vivo!", Pedro abriu um sorriso de orelha a orelha o abraçando de volta. Sem reação e desacostumado a abraços, Guilherme demorou para correspondê-lo, mas o fez. E isso foi o suficiente para me tirar do sério.

Por Trás da Farda (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora