Capítulo 17 - Quem que manda? (+18)

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Fui para o calçadão andar na praia. Retirei os sapatos e os carreguei nas mãos para pisotear a areia, sentindo-a afofar abaixo dos meus pés bem quentinha. O vento um pouco frio da noite e aquele manto escuro que compunha o mar, indo e vindo bem tranquilo nas margens da praia me trouxe uma paz da qual estava precisando. Inspirei e expirei profundamente enquanto caminhava sem rumo, deixando uma trilha de pés descalços para trás.

Andei por longos minutos que pareciam sem fim, sozinho na praia se não fosse por alguns grupos desolados de turistas. Parei quando encontrei outra subida para o calçadão, sentando-me em um banco, dedicando os próximos minutos a simplesmente apreciar o mar em sua genuína imensidão.

Quando finalmente consegui esvaziar minha mente e acalmar meu espírito, fiz o trajeto de volta pelo calçadão pouco movimentado, mas muito bem iluminado. Quando estava bem próximo da onde os caras estavam, avistei o Joaquim e o Pedro carregando o Guilherme, cada um abraçado de um lado dele. Parei para observar a cena com preocupação. Eles falaram algo entre eles enquanto o Gui parecia realmente bem mal, sem se agüentar em pé. O Joaquim encostou ele na parede e voltou apressado, aparentemente para pegar alguma coisa. Pedro se aproveitou do momento para acariciar os braços fortes do Gui e beijá-lo.

A fúria me subiu de um jeito tão violento que não respondi por mim. Em um piscar de olhos eu estava lá me metendo entre os dois e dando um empurrão no Pedro pra ele sair de perto.

"Dá licença, seu babaca", disse-lhe de modo bem agressivo, passando o braço pelo do Gui pra poder carregá-lo.

"Qual é a tua? Quem é você pra me chamar de babaca?", respondeu-me notoriamente procurando encrenca.

Tentei fazer com que o Gui levantasse a cabeça e acordasse, me esforçando pra ignorar o babaca, mas estava impossível.

"Você não tá vendo que ele tá quase desmaiado?! Você tava beijando ele! Seu otário! Você não tem caráter?"

"Eu tava cuidando dele! E onde você tava? Fiquei aqui o tempo todo e você, sabe lá onde estava e o que fazendo... Ou com quem estava fazendo", sua insinuação me fez virar preparado para lhe dar um soco, mas o Joaquim voltou na mesma hora e captou o clima esquisito no ar se pondo entre nós feitou ma barreira humana.

"Eu trouxe água", explicou, nos olhando com atenção. "Calma, Felipe, porra, o cara tá ruim. Ficou falando coisa com coisa, fazendo merda quando você saiu", relatou me dando a água pra que eu desse à ele.

"Como assim, cara?", aproximei-me de seu rosto e tentei fazer com que bebesse a água, mas ele tava só acumulando na boca, sem engolir realmente. Fiquei com medo de que engasgasse e molhei seu rosto. Guilherme despertou no susto, mas bem sonolento. "Tá tudo bem?", lhe questionei e ele alcançou meus olhos com os seus bem afetados. Não me respondeu, parecia incapaz no momento. "Nós vamos pra casa, ok? Eu to aqui contigo", e ele relaxou um pouco.

Carregando o Gui, Joaquim e eu voltamos pra casa. Aproveitei o momento para insistir no assunto.

"O que você quis dizer com aquilo sobre o Gui?", questionei.

"Ah, eu não sei que porra vocês dois têm que parece um furacão. Quando não estão bem arrastam todo mundo pro tornado, cara! Eu, hein!", respondeu ele, mais reclamando do que contando, de fato.

"Para de rodeios, me diz o que aconteceu!"

"Ah, mano... Depois que o Guilherme deu por tua falta ele começou a derrubar as coisas, perdeu a noção. O Pedro tentou amansar a fera, mas parece que só você tem o maldito segredo pra controlar esse pirado! Cara esquentado da porra!", continuou reclamando e fiquei imaginando a cena. O Gui perdeu o controle de novo, ok, precisaríamos conversar sobre isso, mas o fato do Pedro ter se frustrado me fez abrir um sorriso de convencimento irrefutável. "Também aconteceu um negócio bem estranho", de repente, ele muda o tom de sua voz pra um mais cauteloso. Estávamos há poucos metros da entrada da casa. Parei de andar pra olhar pra ele.

Por Trás da Farda (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora