Capítulo 1

3.1K 217 189
                                    

Sentei no chão, sentindo um arrepio devido a parede gelada. Fechei os olhos e me forcei a lembrar de algo pelo que parecia ser a milionésima vez desde que acordei.

A minha mente era um vazio frustrante.

As únicas lembranças que eu tinha eram do meu nome, o rosto de um homem que eu sonho constantemente e sua voz me prometendo que tudo ficaria bem, então ele virava de costas e eu o via partir. Além desses conhecimentos médicos e mecânicos. A minha amnésia era uma prova de que nada tinha ficado bem.

Aquele lugar era uma prisão.
Os stormtroopers me encontraram e trouxeram para cá. Acordei sem saber de nada além do meu nome. Sem família, planeta de origem, sem nada. Fizeram vários testes em mim, perguntaram as mesmas coisas várias vezes. Quando as perguntas não geraram resultados, partiram para a tortura, primeiro psicológica e depois física. Até se darem por satisfeitos e decidirem que eu era irrelevante. Porém, ao invés de me deixarem ir, me colocaram nessa jaula. E isso já faz mais tempo do que posso lembrar. Com refeições básicas duas vezes ao dia.

E um tédio mortal. Tudo o que eu podia fazer era forçar a minha mente a lembrar quem sou e como fui parar desacordada no meio do nada com uma concussão e duas costelas quebradas, além de escoriações por todo o corpo e uma cicatriz grotesca no antebraço.

Ouvi o arrastar da pequena janela de contato da minha cela. Ergui os olhos, atordoada. Há muito tempo eu não via pessoas ou ouvia vozes.

- Ei, garota! – A visibilidade que eu tinha era do capacete de um stormtrooper. Sua voz robótica me assustava.

A última vez que vi um stormtrooper, fui torturada, física e psicologicamente. Então o temor que eu sentia não era totalmente infundado. Me encolhi no canto da cela.

- Eu já disse tudo, não lembro de nada! – Gritei.

Ele ficou parado e depois fechou a janelinha, indo embora. Pelo menos, era o que eu achava, mas a porta se abriu bruscamente e o stormtrooper irrompeu para dentro.

- Levante. – Ordenou com um objeto que eu bem conhecia em mãos. A algema eletrônica.

- Por favor, não me machuq...

- Levante! – Gritou e eu senti meu corpo se retrair.

Fiz o que ele mandou, em silêncio. Ele prendeu meus braços para trás e me encaminhou para o corredor. Outro stormtrooper tomou a responsabilidade de me escoltar.

- Eu já disse que não sei de nada. Por que vão me machucar? – Indaguei, sem tentar lutar contra ele. Eu já tentei antes e não deu certo, apenas ganhei novas escoriações no corpo.

Esse stormtrooper parecia mais amigável, ou melhor, menos rude que o outro. Ele não me empurrava pelo ombro, como o outro. Apenas seguia ao meu lado, com a arma empunhada.

- A senhorita não será machucada, apenas...

A fala do stormtrooper foi interrompida quando ambos visualizamos uma figura imponente à nossa frente. Um homem, usando terno preto e quepe da mesma cor, contrastando com o ruivo de seus cabelos. Um ruivo de tom bem claro, quase loiro. Seus olhos eram de um azul intenso, frios como uma espessa camada de gelo, cruel. Aquele homem não me passava nenhuma tranquilidade, pelo contrário, seu olhar esnobe me deixava inquieta. E eu nunca havia lhe conhecido.

- General Hux. – o Stormtrooper bateu continência.

- Pode voltar aos seus deveres. Deixe que cuido da senhorita Maya. – Falou o general Hux, aparentemente a par da minha miserável existência.

O Stormtrooper se retirou e eu fiquei parada, encarando o homem. Eu queria abraçar meu próprio corpo, como tentativa psicológica de me sentir segura, mas a algema me impedia. O homem fez um gesto para que eu o seguisse. O fiz, com um suspiro. Mesmo que meu instinto de auto preservação não confiasse naquele homem, eu não tinha escolha. Caminhamos por alguns corredores, em silêncio. Até o General parar e se virar para mim.

Os Lados de Kylo Ren ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora