Capítulo 12

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– Maya.

Abri os olhos sentindo todo o meu corpo doer como o inferno. Era como se eu tivesse sido atropelada por uma manada de Hutts. Percebendo algo frio abaixo de mim, me ergui devagar. Ainda estava no chão do meu quarto. O meu ombro queimou como o inferno e eu sabia que era aquele tiro que Hux me acertou.

Preocupada, ergui a cabeça e vi que Kylo estava me chamando, ajoelhado eu meu lado. Ele tinha uma mão no peito sobre o ferimento e a outra mão estava no meu rosto.

– Kylo, você precisa repousar e... – Eu me levantei, nervosa. Me interrompi ao sentir uma vertigem e a minha cabeça girar. Kylo segurou a minha cintura e me manteve de pé.

– Você precisa repousar. – Ele brigou, me ajudando a ir para a cama. Kylo foi até o outro canto e pegou o kit médico.

Sentei na cama e fechei os olhos, respirando devagar. Senti quando Kylo sentou ao meu lado, ofegando de dor. Eu o encarei e vi que mesmo que eu o houvesse medicado antes do desmaio, ele ainda estava sofrendo com as dores. Talvez isso o tenha feito acordar.

– O que aconteceu? – Ele perguntou com a testa franzida. Observei quando ele abriu o kit e começou a cortar a minha roupa, bem no ombro.

– Hux atacou você.

– É, disso eu lembro. Quero saber como ainda estamos vivos. – Kylo sussurrou com certa ironia na voz.

– Eu nos protegi. – Murmurei. Kylo me encarou, preocupado. Sua mão repousou na minha perna e eu fechei os olhos recebendo aquele pequeno carinho.

– Como?

– Eu usei seu sabre para nos manter seguros e quase matei Hux. Lutei contra as barreiras da Força e consegui trazer você até aqui, graças à isso. – Eu expliquei, sentindo as lembranças invadindo a minha mente. – O seu sabre é muito... Poderoso.

– Você sentiu? – Kylo indagou, se aproximando com uma expressão de dor.

– Eu senti o poder. As sombras tomando conta de cada uma das minhas terminações nervosas. – Senti as lágrimas subindo na minha garganta conforme eu lembrava do que eu poderia ter me tornado se eu tivesse deixado a Escuridão ser mais forte que os meus princípios.

Ao olhar para Kylo, percebi que havia certa esperança em seus olhos. Como se ele quisesse mesmo que eu abraçasse o lado sombrio.

– Não me olhe desse jeito. Eu jamais quero sentir aquilo de novo. Todo esse poder, ele nos cega. – Eu murmurei, minha voz falhando quando Kylo limpou o ferimento do tiro no meu ombro.

– Você poderia se juntar a mim. Ficar ao meu lado. – Kylo murmurou como se aquilo fosse apenas uma sugestão inocente.

– Eu estou ao seu lado. – Rebati, magoada. – E me chateia perceber o que você está propondo. Eu não vou seguir a Primeira Ordem, nem vou obedecer o Líder Supremo Snoke, junto com essas pessoas que só querem fazer mal a inocentes.

– Isso é o que acha que sou? Apenas um homem manipulado? – Kylo agora me olhou como se eu o tivesse ferido fisicamente.

– Eu não compreendo suas razões, Kylo. Eu tento, mas não consigo. Ainda mais agora que eu sei que “seguir o legado do seu avô” é apenas uma desculpa. – Eu passei a mão no cabelo e suspirei, recuperando minha compostura. – Eu não estou julgando suas escolhas. Não julgue as minhas.

– Parece que temos visões diferentes sobre a vida. – Kylo se levanta com certa dificuldade.

– Eu vejo a vida como apenas isso: vida. Por que precisamos ser heróis, ou vilões? Por que luz ou sombras? Por que não podemos todos viver simplesmente em ordem? Por que cada um não cuida da sua vida? – Exclamei, finalmente expondo minha opinião sobre toda aquela guerra que nunca tinha fim. Eu estava tão cansada disso.

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