Capítulo 10

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Quando abri os olhos, acordei por causa de uma movimentação na cama. Até achei que Kylo Ren estivesse indo embora, mas ele continuava ao meu lado, dormindo.

Tendo um pesadelo.

Ele se remexia bruscamente, seu rosto contorcido. Eu me apoiei em seu peito e o chamei.

- Kylo. - Eu sussurrei.

Ele abriu os olhos e em um movimento inesperado, me empurrou de costas na cama e sua mão segurou meu pescoço. Quando se deu conta do que estava fazendo, ele arregalou os olhos e me soltou, se afastando.

- Me perdoe, eu... - Kylo começou, e passou a mão nervosamente pelos cabelos, de costas para mim.

- Tudo bem. Você estava tendo um pesadelo. - Eu murmurei, me aproximando e o abracei pelas costas, o encaixando entre as minhas pernas e repousando a cabeça em sua costa musculosa. - Quer conversar sobre isso?

- Eu preciso ir. - Ele fez menção de levantar, mas eu o segurei. Eu deveria saber que ele fugiria de uma conversa mais profunda.

- Por favor, não vá. - Eu sussurrei e pressionei os lábios na sua omoplata.

- Eu preciso.

- Não... - Eu falei, sentindo um nó na garganta.

- O que há? - Ele indagou, se virando para me olhar. Ele segurou meu rosto com ambas as suas mãos grandes e encarou o fundo dos meus olhos. Ele pareceu ler no meu olhar, pois disse. - Você está com medo. Por quê?

- Eu tenho medo que assim que passar por aquela porta, você se arrependa de nós. - Eu nem sei como as palavras saíram da minha boca. Só percebi quando as ouvi. - Eu não suportaria.

- Você é minha agora, Maya. Eu não me arrependo de nada. - Ele disse, convicto. Ele segurou minha mão com a sua e beijou a palma da minha mão, exatamente como fizera antes. - Não demorarei.

Observei quando ele se afastou e se recompôs com suas vestes. Ele passou as mãos nos cabelos negros e rebeldes, então vestiu as luvas de couro. Ele deu uma última olhada na minha direção e saiu.

Acho que o meu conceito de demorar era diferente do de Kylo Ren.

Afinal eu tive quase duas horas para enlouquecer com os meus próprios pensamentos.

Eu queria muito contar a Kylo a verdade sobre mim. Sobre a minha imunidade à Força, sobre a minha memória, sobre eu ter sido uma Padawan. Mas ao mesmo tempo, eu tocava a minha cicatriz e lembrava da sensação de pânico que aquela situação me causou antes, de como eu tive certeza que morreria, se não fosse por Luke Skywalker ter me salvado.

Eu não poderia ter raiva de Luke, pois mesmo tendo me abandonado em um deserto à mercê de stormtroopers e ter me privado a minha vida toda de memória, ele me salvou. E eu não estaria aqui agora.

Era uma situação muito confusa. Eu não tinha memória graças à Luke que tentou me salvar de Kylo Ren, anos atrás. E agora, mesmo Luke tendo tentado impedir, eu havia caído nos braços do homem que um dia já quis me matar.

- Você está bem? - Ergui a cabeça assim que ouvi a voz de Kylo. Ele me encarou enquanto entrava triunfalmente, retirando as luvas de couro.

Levantei e andei decididamente até ele. Fiquei na ponta dos pés para beijá-lo. Segurei seu rosto com as mãos e uni nossos lábios docemente.

- Precisamos conversar. - Eu sussurrei, me afastando.

- O que aconteceu?

- Eu não conheci apenas Leia e Poe durante o meu resgate. Na base da Resistência eu conheci Luke Skywalker. - Assim que terminei a frase, Kylo Ren ficou com a expressão tão sombria que eu hesitei sobre continuar. Se apenas a menção a Luke lhe fizera aquilo, eu temia como ele reagiria a saber sobre a Força. - Ele foi uma peça importante do meu passado. Nos conhecemos quando eu era criança e me tornei uma Padawan.

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