Capítulo 13

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– O que você pensa que estava fazendo?! – Foram as primeiras palavras que Kylo Ren gritou quando ficamos à sós no solo da Primeira Ordem. Ele estava muito vermelho, e levemente descabelado. Seus olhos praticamente estavam em chamas e eu havia me afastado alguns passos dele por precaução.

Eu não respondi pois estava assustada. Eu talvez tivesse agido impulsivamente quando corri para ajudar a frota da Resistência. Talvez eu não tivesse pensado nas consequências. Mas eu não me arrependia de ter ido ajudar um amigo.

– Você não está me ouvindo falar com você?! – Kylo Ren jogou um pequeno objeto contra a parede que fez um estrago maior do que eu esperava, o barulho ecoando por todo o quarto. Vi seu sabre preso ao cinto que ele usava em volta da cintura, então ele tinha achado o seu sabre. Ele virou de costas, passando as mãos ferozmente nos cabelos. – Você está fazendo isso para me testar, não é? Você quer saber se eu posso me controlar? – Ele gritou novamente ao lançar uma luminária na parede bem perto de mim, fazendo com que eu me encolhesse.

– Eu fiz isso por um amigo. Eu fiz pelo Poe. – Respondi com a voz trêmula.

A expressão de Kylo ultrapassou o nível da raiva e chegou a algo pior. Muito mais sombrio. Algo como a expressão que ele fez quando eu mencionei Luke Skywalker na outra conversa.

– Isso não melhora as coisas. Só piora tudo. – Ele, surpreendentemente não gritou. Seu tom era baixo e contido. Eu sinceramente achava pior, pois ele se tornava o mais imprevisível dos homens.

– Kylo, Poe Dameron salvou a minha vida! – Eu respirei fundo. – Por que você quer matar a mim, e ao Poe, sabendo que nada disso teria acontecido se Hux não tivesse tentado dar um fim em mim?! Por que o General Hux está maravilhosamente bem, e eu estou sendo tratada como uma criminosa? Por que você está me olhando dessa forma?

– Essa não é a questão aqui! – Ele gritou, se aproximando.

Seus olhos penetraram os meus com tanta raiva que eu comecei a andar para trás conforme ele chegava perto. Consequentemente, acabei encurralada na parede e eu senti um pavor crescente. Ele aproximou o rosto do meu e eu encarei seus olhos, um arrepio ruim subiu a minha espinha. Era a mesma sensação de urgência que eu senti quando eu era apenas uma criança e ele queria me matar. Aquilo era praticamente a mesma coisa. A certeza que eu morreria. E eu, que nunca quis estar no meio do conflito, tive certeza que aquele seria o fim.

De repente, Kylo socou a parede ao meu lado e eu gritei com o susto. As lágrimas começaram a cair, e eu olhei para o punho dele a centímetros da minha cabeça. Eu não sabia qual era a intenção dele com aquilo, mas percebi que era para me mostrar o seu poder. Para mostrar que ele poderia ter me machucado se quisesse.

Suas mãos estavam com as luvas de couro. E aquilo tinha um significado maior do que parecia. Suas mãos enluvadas, significavam que aquele não passava de Kylo Ren, Mestre dos Cavaleiros de Ren. Não era o garoto perdido que lutava para ser Ben. Era o homem cruel que queria dominar a Galáxia.

– Kylo... – A minha voz se quebrou em um sussurro conforme eu erguia a mão para tocar seu rosto.

Mas ele se afastou antes mesmo que eu o tocasse. Eu sabia que aquilo era ruim pois sempre que nós brigávamos, eu me conectava a ele através do toque. Eu o amolecia. Mas não daquela vez. Eu não o tinha alcançado.

– Eu fiz aquilo que achei certo. – Eu rompi aquele silêncio de morrer, tentando em vão conter as lágrimas. – Da mesma forma que eu faria por você.

– Está dizendo que sente pelo Poe o mesmo que sente por mim? Você o ama? – Kylo Ren distorceu totalmente as minhas palavras.

– Não! – Eu me alterei. – Olhe o que está fazendo! Eu amo você, caramba! O Poe é um amigo, assim como eu faria o mesmo pela Leia.

– Você diz que não consegue entender meus motivos, mas eu não entendo nada de você. Você diz que não quer fazer parte dessa guerra, mas quando é preciso escolher um lado, você escolhe a eles. – Kylo não havia virado na minha direção. Eu não via seus olhos, por isso não saberia descrever o que ele poderia estar pensando.

– Não é sobre escolher um lado. É sobre os meus princípios! – Rebati, passando as mãos sobre as bochechas, levando o rastro de lágrimas.

– Eles valem mais do que eu, para você? – Kylo indagou, finalmente me encarando e eu vi tanta mágoa em seus olhos, que aquilo me quebrou por dentro.

Eu vi como fui inconsequente, mesmo que não me arrependa. Eu não poderia negar que não pensei em como aquilo o afetaria, em como Kylo se sentiria sobre aquilo. Eu sabia que apesar da instabilidade, ele era frágil e facilmente magoável. Eu sabia que no fundo ele era só um garoto, Ben implorando para ser salvo. Para ser amado.

– Talvez a Resistência seja mais forte em mim do que imaginamos. – Eu suspirei, finalmente conseguindo secar as lágrimas. Kylo me encarou sem entender. – Talvez esteja no meu sangue.

– O que você quer dizer?

– Quero dizer que aquele homem em quem seu nome foi inspirado, é meu avô. Ben, Obi-Wan, como preferir. Eu sou uma Kenobi. – Finalmente tirei aquele peso das costas.

Kylo contraiu os lábios em uma expressão incrustada demais para que eu pelo menos tivesse uma ligeira noção do que se passava na cabeça dele. O silêncio que recaiu sobre nós era quente e sufocante. Quando Kylo me encarou, seus olhos estavam cheios de água.

– Há tanta luz em você... – Kylo disse, quase como um sussurro. – Tanta luz que eu achei que você poderia me...

– Salvar? – Sussurrei quando ele não terminou, me aproximando sutilmente. Ele assentiu. – É o que eu estou tentando. Arduamente. Apenas o amor vai salvar você.

– Ninguém nunca tentou tanto por mim. – Kylo admitiu, quase como se tivesse vergonha.

– Todos estamos. A sua mãe... Eu sei que ela foi ausente por muito tempo, sei que ela deixou você com Luke, mas eu também sei o quanto ela está triste com tudo. Ela ainda tem esperança.

– Tudo o que ela sempre tem é esperança. – Kylo murmurou, amargurado.

– Não vamos desistir de você. Eu não vou desistir de você. – Me aproximei ainda mais, e consegui colocar uma mão em seu rosto. – Eu amo você.

– Não deveria. – Ele fechou os olhos com o meu toque.

– Não é algo que eu possa controlar. – Murmurei.

– É tão perigoso. Mas eu sou tão egoísta. – Ele murmurou como se aquilo o ferisse, ao mesmo tempo que me puxava para si.

– Nós vamos dar um jeito, tudo bem? Eu prometo. – Sussurrei enquanto ele me abraçava ainda apertado. Apertei meus dedos nos seus cabelos e afundei o rosto em seu pescoço.

– Temo que não possamos dar um jeito. – Kylo sussurrou, tristemente.

– Mas nós vamos. Ou eu não me chamo Maya Kenobi. – Respondi, decidida, e sem soltá-lo.

Eu estava morrendo de medo, mas eu sabia, que naquele momento, o meu principal inimigo era o Líder Supremo Snoke, pois ele estava na cabeça de Kylo, o manipulando.

E era Snoke que eu precisava derrotar para trazer Ben de volta. Para ter o homem que amo.

*****

Alohaaaaa, que a Força esteja com vocês! Só passando para me desculpar pelo capítulo mais curto que o normal, nele acontece tudo o que eu queria que acontecesse então não encontrei motivos pra ‘encher linguiça’. Além disso, quero avisar que a história está na reta final. O próximo capítulo é o último e ainda tem um epílogo.

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