Capítulo 7

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Levantei quando Leia entrou no quarto.

– Sua nave está pronta. – Ela afirmou, mas ainda assim tinha um olhar de preocupação. Ela andou até mim, e pousou uma mão no meu ombro.

– Eu não quero que o Poe me leve. – Eu murmurei, talvez ainda magoada pela discussão de minutos antes.

– Ele não irá. – Leia garantiu. Ela hesitou por um momento, então falou. – Eu quero que você tenha certeza de que quer ir.

– Eu tenho. – Afirmei. – Kylo... Ele não é como vocês pensam.

– Eu espero que sim, Maya. – Leia disse com pesar no olhar. – Pois pode ser que ele não seja como você pensa.

Eu suspirei. Toda a história sobre Kylo e seu lado da força, tudo sobre o que Leia e Poe afirmavam com tanta certeza que ele era, tudo aquilo me assustava um pouco. Mas a única coisa que eu possuía no momento, era a minha vontade. E a minha vontade era de estar com ele.

– Obrigado por tudo o que fez por mim. – Eu balancei a cabeça.

– Foi um prazer conhecê-la. – Leia sorriu.

Depois disso, nos encaminhamos para o setor das naves, onde estava aquela que eu ia embarcar. Era uma nave bem pequena mesmo, com lugar para apenas duas pessoas.

– É uma nave teleguiada. Ou seja, levaremos você até lá controlando daqui. – Leia explicou.

– Eu sei, não podem arriscar as tropas da Resistência os dando de bandeja para a Primeira Ordem. Não se preocupe. – Eu entendi, olhando para a nave.

– Entre, aperte os cintos e coloque o capacete. Enquanto for possível, estarei em contato com você. – Leia disse, me entregando um capacete.

– Bom. Adeus. – Eu murmurei.

– Não é um adeus. – Leia disse, convicta. Ela se afastou alguns metros e foi para a sala de comando, e acenou através da parede de vidro.

Eu estava prestes a entrar na nave quando fui chamada outra vez.

– Maya! – Eu olhei sobre os ombros e era Poe. Desci as escadas de volta e esperei que seus passos apressados me alcançassem.

– Poe. Não tente me fazer mudar de ideia. – Eu adverti, assim que ele parou na minha frente.

– Eu não vou. Apenas vim me despedir. De algum modo, sinto que isso é definitivo. – Ele lamentou, seus olhos castanhos absorvendo um tom tristonho e ao mesmo tempo mórbido. Ele achava que não me veria outra vez.

– Poe Dameron, obrigado por ter me salvado. – Eu disse, suspirando. Então o abracei apertado. – Você é um homem bom.

– Por nada. – Ele disse, então me afastou de si. Ele segurou a minha mão e deixou um pequeno objeto quadrado nela. – Se as coisas ficarem ruins por lá, me chama. – Ele sussurrou. Observei que o dispositivo era um comunicador interplanetário bem antigo, porém útil. Eu sorri.

– Obrigado novamente. Eu acho que...

Minha voz foi interrompida quando os portões da área de embarque de desembarque se abriram ali mesmo. Poe instintivamente se colocou na minha frente para me proteger. Eu e ele observamos a nave descer e pousar ali perto. Olhei para Leia na sala de controle e ela não parecia assustada. Apenas particularmente nervosa.

Aguardamos alguns momentos até um Wookie enorme sair da nave. Então Rey, a garota saiu de lá. E por último, um homem de capuz.

Senti meu coração pulsar fortemente pela familiaridade que me atingiu em cheio. Dei alguns passos para frente, saindo de trás de Poe para tentar ver com clareza. Leia se juntou a nós.

O homem de capuz se virou para nós e removeu o capuz. Senti meus olhos encherem de lágrimas e cambaleei para trás, me apoiando no Poe para ficar de pé.

Flashes de memória bombardearam a minha mente. Em todos eles aquele mesmo homem estava presente. Não eram memórias continuas o suficiente para eu ter certeza do que se tratavam, mas eu tinha certeza que era ele. Talvez alguns anos mais jovem, mas sim, era ele.

Então lembrei daquela lembrança, a única que eu tenho antes de ser levadas pelo stormtroopers para a prisão da Primeira Ordem. Eu estava naquele planeta desértico e o homem que me abandonou lá, estava agora na minha frente. Depois de muitos anos, eu o encontrei. Minha cabeça rodava e Poe me segurou quando eu estava prestes a cair.

Encarei os olhos azuis do homem e um raio de reconhecimento o atravessou com clareza. E qualquer dúvida que eu pudesse ter sobre ele não ser o homem da minha lembrança foi sanada.

Foi ele.

Consegui me agarrar a apenas uma lembrança. Era a continuação da lembrança que eu havia tido antes quando Poe me ajudou durante a crise. Eu estava naquele lugar escuro e frio outra vez sentada no chão abraçando minhas pernas em pânico, os passos se repetiam e a única proveniência de luz vinha de um sabre de luz verde. A lembrança não foi interrompida daquela vez e eu vi a pessoa e seu sabre se aproximarem, até eu constatar que quem segurava a arma era aquele homem do capuz.

– Maya. – Ele chamou. Sua voz me assustava, mas não me permitia temê-lo. Ele andou até onde eu estava e eu me encolhia a cada passo que ele chegava perto. – Maya.

Ele se aproximou, então olhou para o meu braço, preocupado. Quando ele puxou meu braço para cima, eu vi que meu antebraço sangrava violentamente e aquela dor que eu estava sentindo não era apenas psicológica. Era física. O corte estava recente e eu reconheci como a origem da cicatriz que eu tenho naquele mesmo lugar.

– Maya. Eu não vou te machucar. – Ele disse, preocupado. – Mas nós precisamos ir embora agora, antes que ele volte.

Então a lembrança chegou ao fim e estávamos de volta a área de naves da Resistência.

É claro que eu conhecia. Ele estava nas minhas lembranças.

O baque daquela realização foi tão grande que eu percebi tudo ficar escuro aos poucos.

– Maya! – Era a voz de Poe. Mas após perder a visão, eu perdi a consciência.

Abri os olhos com um susto. Vi que estava deitada na cama que eu havia dormido, ainda no posto da Resistência.

Poe estava ao meu lado, me olhando. Sua expressão preocupada se aliviou quando fizemos contato visual. Levantei mas Poe fez um gesto enquanto dizia:

– Calma, você precisa ficar em repouso depois do desmaio. – Ele avisou. Mas eu não ligava para o repouso eu precisava ver aquele homem.

– Onde ele está? – Eu levantei mesmo assim.

– Quem?

– Aquele homem que desceu da nave, Poe! – Eu disse assim que meus pés se firmaram no chão.

– Aquele homem é o Luke Skywalker. Ele que fez você desmaiar? – Poe indagou, muito preocupado. Luke Skywalker, absorvi seu nome mas ele não me trouxe mais lembranças.

– Sim, Poe. Eu preciso vê-lo agora. Ele é o homem da minha última lembrança. – Afirmei. Poe ficou boquiaberto.

– Como vocês se conhecem? – Ele perguntou, confuso. – Luke vive recluso há anos e ninguém sabia onde ele estava.

– Eu não sei! Mas é ele, eu tenho certeza. – Eu coloquei ambas as mãos na cabeça em desespero. Poe se aproximou.

– Precisa se acalmar. – Ele disse, tranquilamente.

– Ele pode ter muitas respostas à respeito da minha vida, como posso me acalmar? – Rebati, começando a me irritar.

– Tudo bem. Só me explica, como você o conhece? – Por pediu, mais uma vez tentando me deixar calma.

– Eu acho... Acho que ele é meu pai.

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