OITAVO INFERNO PALAVRÃO

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"Não saia da vossa boca nenhuma palavra que cause destruição, mas somente a que seja útil para a edificação, de acordo com a necessidade, a fim de que comunique graça aos que a ouvem."

Efésios 4:29

Chegando no oitavo inferno vi uma realidade diferente das outras , ali o sofrimento não parecia ser uniforme, cada um sofria de uma forma diferente. Existiam demônios que açoitavam pessoas.

Assando pelo caminho vi um homem angustiado com os olhos esbugalhados gritando repetidas vezes "cai em desgraça, cai em desgraça...".

— Os castigos aqui não são iguais a todos, nem parecidos, como eram nos outros infernos. O que há de diferente aqui?

— Aqui são os que sofrem pelas próprias palavras.

— Como assim?

— Aqui é a realização do que pronunciaram em vida. Aquele ali por exemplo.

Apontou para um homem que estava tendo suas entranhas devoradas por um demônio.

— Em vida nos chamou, vivia dizendo "diabo, capeta, satanás" agora estamos aqui. Respondeu Satanás erguendo as mãos numa postura como que quer dizer "não é lógico?".

— Aquele outro que você viu angustiado gritando "cai em desgraça" o que você acha que aconteceu com ele?

— Vivia falando "desgraça"!

— Pronto, você pegou o espírito da coisa.

— Bem que dizem que as palavras tem poder.

— Se tem não sei, aqui eu sei que elas tem respondeu Satanás com um sorriso de encher o rosto.

— Temos muitos outros exemplos, aquele sujeito ali se escondendo, você pode ver?

Apontando o dedo para um lugar escuro o segui e vi um rosto assustado.

— Ele foi um empresário renomado em vida, veio de família nobre e respeitada, quando chegou aqui sua memória familiar foi pagada e agora ele é atormentado dia e noite com pensamento de que seu mãe era uma prostituta e todos os que estão aqui pagaram e dormiram com ela.

— Por que isso aconteceu com ele?

— Ele gostava de chamar as pessoas em especial seus funcionários de "filho da p...".

— Meu Deus que terrível.

— Mas ele ainda esta melhor que aquele ali.

Apontou para um local fedorento, de longe não agüentei o fedor que vinha daquela direção. No canto escuro estava um homem assentado em uma mesa com um prato em sua frente, em tempos em tempos eles comia uma pasta marrom que estava em seu prato e fazia uma cara de nojo.

— Ele gostava de chamar as pessoas de "bosta". Adivinha o que ele esta comendo por toda a eternidade?

Não agüentei, vomitei muito ao escutar a explicação. Cheguei a perder as forças e não conseguir caminhar por um tempo. Náuseas e ânsia de vomito tomaram conta do meu ser de tal forma que senti minha barriga formigar e depois ficar como que anestesiada.

Depois de alguns minutos, recobrei as forças e pedi a Lúcifer para prosseguirmos saindo logo deste lugar miserável.

A Viagem: A Origem do MalOnde histórias criam vida. Descubra agora