Capítulo 6- Parte I

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Capítulo 6: Nyx significa noite, e ela é obscura...

As pessoas tendem a dar demasiado valor ao amor. Digo apenas isso.

Adorava ver como elas reagiriam se soubessem que o "amor" que elas tanto defendem é apenas uma séries de sinais que o cérebro emite, expelindo hormonas por tudo o que é sítio.

O amor deles é falso.

Sim. Falso.

Como poderia que fosse verdadeiro?

Faz-me rir.

Que morram todos.

Assim eu ficaria melhor. Sim. Morram vocês e o vosso amor. Desapareçam.

Desapareçam.

Deixem de existir.

Vão á merda vocês e a vossa moral e ética. Acham-se assim tanto? Por que razão pensam ser moralmente superiores a mim? O que vos torna corretos? Por que estaria eu errado?

A Luna. Sim. Sorrio, mesmo sabendo que isto não passa de um sonho. A Luna. A minha irmã. A minha irmã. A minha irmã, sim.

Nos meus braços, ela deixa de o ser. Passa a ser o bom. Deixa de ser a irmã.

Luna.

Não é amor. Não romântico pelo menos. É mais que isso. Ou menos que isso.

A razão dá-me nojo de mim mesmo. É por prazer. Por capricho.

Perguntem-me porquê de eu querer possuir a minha irmã. Eu irei responder. "Porque me apetece."

É o que eu quero. Não há razão. Não há pensamento. Há apenas capricho, e uma vontade de possuir.

Não há bom, nem muito menos mau.

Daí, vocês. Sim, vocês!

Os que me julgam e me chamam nomes. Dizem-me doente e perdido. Idiotas! Vocês são assim tão egocêntricos que acham que percebem as coisas só porque as veem?

Eu não preciso de vos aceitar. Por mim, podiam muito bem morrer todos.

Por isso, porque não tomam mais um passo em direção ao abismo, e se matam?

O que vocês fazem pouco me importa.

Sigo acima. Sorrio ao nada.

E acordo deste estranho sonho.

A Luna, como já parecia adorar fazer, veio-me acordar.

"Acorda, Lars. Escola." Ela disse, e abriu a janela do meu quarto, que deixou entrar um frio indesejado.

"Bom dia." Eu disse-lhe, e levantei-me da cama.

Depois de me preparar e de comer o pequeno-almoço, estava a preparar-me para sair de casa quando a Luna me parou.

"Lars, vamos os dois para a escola." A Luna disse, fazendo-me questionar-me. Sim, íamos os dois para a escola.

"Sim, Luna." Virei-me para sair de casa, mas ela parou-me. "Podíamos ir os dois juntos."

Eu virei-me para ela.

Ora bem, minha querida irmã. Parece querer passar mais tempo com o seu irmão. Suspirei. Ok.

"Tens a certeza que queres ser vista a chegar á escola comigo?" Eu perguntei, pousando a mão na maçaneta da porta e abrindo-a levemente.

A Luna sorriu depois de pensar um bocado. "Achas que não? Afinal, somos só irmãos." Ela disse, e tocou-me com o dedo nas costas. "Agora, vamos ou não?"

Claro.

"Vamos." Eu disse, e lado a lado saímos de casa.

O que se pensa de duas pessoas que chegam juntas á escola? O óbvio, se conhecem, como é claro.

Porém, talvez devido á sua inconsciência ou espectacular poder de criatividade e imaginação, os adolescentes tendem a tirar conclusões cedo demais.

Quase todos eles. E daí se torna uma regra.

Se se vê um rapaz e uma rapariga a chegarem juntos á escola é porque eles têm uma relação.

Rumores começam assim. E nós bem sabemos a facilidade de se formarem rumores nestes corredores da adolescência.

Rumores sem sentido, num mundo que nunca o teve.

Passámos pelo portão da escola, e a minha irmã disse-me o adeus assim que viu a Glacie a sair da sua limousine.

"Foi bom ter caminhado contigo irmão." Ela disse, com uma face meio triste. "No final das aulas, no portão?"

Olhei á minha volta. Havia algumas pessoas a olharem. Elas que olhem. "Sim, Luna. No portão."

E ela assim foi.

Chegou ao pé da Glacie de forma rápida. A Glacie saiu do carro caro e não olhou para a minha irmã. Deitou os olhos na minha direção. Fitou-me.

Ela já desistiu. Tenho certeza. Não é possível que ainda queira saltar para cima de mim depois de eu a ter rejeitado ontem.

Passou por mim com a minha irmã atrás, e entrou na escola. Como rainha.

Que pessoa mais nojenta.

Desejei boa sorte á minha irmã. Nunca perceberei o porquê dela ter escolhido uma prostituta como amiga. Mas vai para além de mim julgar as escolhas da minha irmã.

Eu só a protejo. E faço isso.

Por uma razão. Uma razão apenas.

A Luna é minha.

Só isso. Ela é minha.

Ela sabe disso. E eu sei-o também.

E como é minha, eu tenho de a proteger.

Afinal, não quero perder o que é meu.

---X---

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