Capítulo 15- Parte II

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"Tu não gostas dele?" A Glacie perguntou-me, brincando com o cabelo.

"Não."

"Tens a certeza? Olha que eu vi-o a olhar para ti na aula..."

"Não estou interessada."

Depois das aulas acabarem, eu e a Glacie fomos a uma pastelaria, e supostamente éramos para nos encontrarmos com o Sol, mas ele não apareceu.

Acabámos por ficar as duas á conversa.

Como era de esperar quando eu falava com a Glacie, o assunto eram rapazes.

"E tu, Glacie? Não estás interessada nele?"

Ela riu, remexendo o batido de morango com a palhinha. "Luna. Minha querida Luna. Eu já te disse em quem me interesso. O teu irmão, ele sim dá-me os calores. Pelo menos agora."

A Glacie parecia ter uma paixoneta pelo Lars, mas eu não consigo perceber porquê.

"Porque é que estás interessada no meu irmão?"

A resposta da Glacie surpreendeu-me. "Não sei."

"Não sabes?"

O sorriso dela tornou-se meio idiota. "Sim."

"Como assim 'não sabes'? Eu sabia que tu eras idiota, mas isto é demais."

Pegando no batido e bebendo um pouco, a Glacie deixou a frescura do morango descer-lhe pela garganta, e depois falou. "Eu não tenho razão. Não há nada que em si logicamente me faça querer estar ao pé dele. Se eu olhar para ele e pensar bem, ele não é assim tão bonito, tem poucos amigos, e parece-me meio perigoso."

Então...

"Então porquê? Porquê ir atrás dele?"

A Glacie olhou pela janela, observando um carro passar pela estrada, no dia que já se esgotava.

Ela parecia em pensamento. Vi, por um segundo, um olhar triste na sua face.

"Luna...tu alguma vez sentiste borboletas na barriga?"

"Borboletas?"

"Sim, como se o teu coração estivesse a gritar de tanto sentir..."

Bem...

Não posso dizer que não.

Ela continuou. "Quando eu passo pelo Lars, eu não sei porquê, mas o meu corpo aquece. É como se eu deixasse de pensar."

Vi um pequeno brilho nos olhos dela, e soube que o monstro tinha voltado.

"Glacie..."

"Esse é um sentimento animalesco." Ela cerrou os olhos um pouco e levou um dedo á boca, lambendo-o. "E eu adoro os homens que me fazem sentir isso. Tenho a certeza que o Lars é muito bom na cama. O meu corpo sente-o."

Ela assusta-me.

Mas sim, ele é bom na cama.

Acho, pelo menos...

Não que nós tenhamos feito muito, ok? Nós só nos beijámos um pouco. Parámos antes das coisas aquecerem muito...

"Por isso, é que..."

"Sim. É por isso que eu o desejo."

Olhei o meu telemóvel.

Já está mais do que na hora de ir para casa. O Lars já deve estar á minha espera.

Levantei-me da mesa. "Sabes, Glacie. Isso é tudo muito bom, mas está na hora de eu me ir."

"Claro. Vai lá ter com o meu homem."

"Ele não é teu..."

"Depois diz-me se ele é mesmo tão bom na cama quanto eu acho que ele é."

"Não."

"Ohhhh, podias pelo menos entrar na brincadeira!"

Saí da pastelaria sem mais dizer.

Cada vez me custa mais a ouvir a Glacie a falar assim.

O Lars não é dela, é meu.

Ele é só meu. Todo meu, e de mais ninguém.

Apressada, corri, desejando voltar rápido para a casa de quem é meu, e que de mim é dono.

---X---

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