Capítulo 7- Parte II

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---X---

Ao sair da sala, olhei á minha volta, até meio chateado com aquela raparigazita que parece achar-se muito. Segue-me, diz ela. Está bem que ela é a vice-presidente do Clube de Ajuda, mas podia ao menos ter um pouco mais de consideração pelas pessoas.

Afinal, eu só estava a ler um bom livro. Que mal há nisso? E vou ter de ir com ela onde?

Espero bem que não seja um bar qualquer sujo no meio da cidade.

Vi-a a passar a esquina no corredor á minha direita, e dei corrida na perseguição da saia dela.

Nunca me imaginei a correr atrás de uma rapariga, é tão estranho. Ainda por cima uma rapariga com quem eu nunca poderia ter uma relação romântica, espectáculo.

Cheguei ao pé dela e apanhei o seu ritmo, caminhando bem no seu encalce.

"Então, onde vamos?" Perguntei, tentando parecer interessado.

A Sly quase que virou a cara para mim, mas pareceu decidir ignorar-me e continuou em silêncio.

"Podias responder."

Nada. Ela não disse nada.

Abanei a cabeça. Ela é que sabe. É a vice-presidente, não é verdade? Eu sou só um membro do clube.

Saímos da escola e viemos subir as escadas de um prédio. Parámos á frente de uma porta. A porta 23. Ummm.....não, ainda não faço a mínima do porquê de virmos aqui.

A Sly tentou chegar á campainha, mas não conseguiu. Esticou o braço, mas nem assim chegou á campainha, que ficava a uns bons 1 metro e 80 do chão. Estava ainda acima da minha altura. Isso não é normal, quem é que decidiu por uma campainha tão alto?

Porém, ver a Sly a tentar chegar lá era bem interessante. Ela esticava-se, saltava, esperneava, mas não havia maneira de chegar á campainha. Ri-me um pouco. Será que ela ainda não chegou á puberdade, ou é pequena por natureza?

"Precisas de ajuda?" Eu perguntei, aproximando-me dela. A Sly virou-se para trás, e olhou-me nos olhos, mais uma vez mexendo levemente o queixo, como se a responder.

Podias falar, sabes? Não percebo...

Levantei o braço acima dela e toquei á campainha. O som soou pelo apartamento. "Vês, Sly. Não é assim tão difícil."

Ouvi um barulho vindo de baixo de mim. A Sly estava a tentar rosnar-me. Abanei a cabeça. Tão querida. Quase. Quase.

Virando-se para mim e encontrando o meu olhar, a Sly falou, numa voz baixa. "Não digas nada. Ele é meu."

O quê? Bem, não me importa. Eu só a segui, nem quero saber. "Faz o que quiseres, vice-presidente."

A porta abriu-se. De lá de dentro veio um rapaz. Parecia ser da minha idade, mas havia algo nele que era diferente. Não estou a falar do facto de ele parecer ser um pouco mais forte que o normal, ou de ter um pouco de queijo derretido a descer-lhe pela bochecha.

Uhhh....bem....isto sim é um personagem.

Ele olhou para mim, e coçou a barriga. "Que foi?" Ele disse, dirigindo-se a mim, como se eu tivesse alguma coisa a ver com ele.

Eu pisquei os olhos. Pisquei outra vez. Não disse nada.

A Sly, que estava abaixo de mim, á minha frente, foi a que falou. "Uhm...eu estou aqui."

O rapaz focou os olhos na minha barriga, local onde, no mesmo nível, estava a Sly. A pequena vice-presidente. Levou a mão á cabeça, coçando-a. "Ah, Sly. Desculpa, não te vi."

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