Capítulo 15- Parte I

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Capítulo 15: Luna

Nunca houve razão para eu duvidar de mim mesma. Sempre acreditei que o que eu faria seria o certo.

Sempre.

Nem sempre, mas como em tudo, há exceções.

Quais?

O meu irmão, Lars.

Desde muito cedo que me apercebi que eu gostava de brincar com ele. Mas não era apenas isso, eu não gostava apenas de brincar com ele, eu amava brincar com ele.

Sinceramente, não me lembro de fazer mais nada quando era criança. Posso mesmo dizer que o meu irmão foi o meu primeiro amor.

Ainda o é.

Quando o meu pai e a minha mãe me contaram que não eram meus pais biológicos, eu acho que até nem reagi. Era como se tudo estivesse destinado.

Sabendo que o meu irmão não era meu irmão deu-me porta aberta para o amar á vontade.

E assim o fiz. Em silêncio, amei-o ao longo dos anos, á medida que crescia e o via a crescer.

Nós sempre brincámos. Sempre contámos tudo um ao outro.

Quando ele me disse que estava apaixonado, eu sorri.

Não era por mim, mas sorri. Algo como um sorriso triste.

A rapariga que ele amava rejeitou-o, e eu sorri por dentro.

Afinal, ele ainda era meu.

Na noite da rejeição, o Lars abraçou-me. Um abraço algo diferente dos outros. Foi demorado e sentido, como se ele não me quisesse largar.

Imaginei que ficaríamos juntos para sempre. Porém, nunca lhe contei.

Não havia nada para contar.

Tínhamos que manter para sempre a nossa fachada de irmão mais velho e irmã mais nova.

Eu era apenas mais uma, por entre os milhões e milhões de raparigas apaixonadas.

A filha de um casal de empregados, que se via apaixonada pelo filho dos patrões, que a adotaram depois da morte dos pais.

Que história mais romântica.

(Achas?)

Sim.

(Muito obrigado)

Apesar de ter esqueleto romântico, a minha relação com o Lars já deixou de ser romântica. Ou se calhar nunca foi.

Não me importa muito.

No final, ele é meu.

E eu sou dele.

(Estão bem um para o outro)

Pois estamos.

(Vai lá ter com ele. Ele está á tua espera)

Vou a caminho.

Passemos ao presente.

---X---

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