Capítulo 11- Parte I

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Capítulo 11: Uma relação que não pode ser classificada.

Um triângulo tem três lados. Tem três pontas.

É impossível escapar-lhe. Pelo menos, assim é para eles.

Amam-se. Odeiam-se.

E em tudo, as relações deles mudam invariavelmente.

(Ajudas?)

Não muito. Não vejo razão para o fazer.

(Mas és uma boa pessoa?)

Serei?

Talvez sim. Talvez não.

É subjectivo.

(É subjectivo apenas na tua visão)

Sim. Mas só não é na tua porque tu te prendes em uma visão apenas.

(Então tu acreditas no bem e no mal?)

Não.

Não posso acreditar no bem. Muito menos no mal.

(Porquê?)

O bem e o mal são apenas conceitos criados pela humanidade para se poderem defender.

(Defender...de quem?)

Que piada.

De si mesmos, como é claro.

(Não achas que a tua visão da humanidade está demasiado obstruída pelo teu passado? Ou melhor, pelos traumas do teu passado?)

Hm.

Não. Não pode ser.

Eu sou mais lógico que isso.

(Lógico, eh? Tem piada)

O que é que tem piada? Se te importas que eu pergunte.

(Esta é a opinião do mundo em ti. Tu. És. Nojento)

Hm.

É mesmo. Aposto que sim.

Mas gostava que me dissesses o porquê de o ser.

(Não é óbvio? Tu andas aos beijos com a tua irmã.)

Será essa uma razão válida?

Isso torna-me nojento. Porquê?

(Ah! Não é óbvio? Tu és nojento porque o mundo assim o diz. Não podes dizer que não. Não podes evitar ser julgado... O pensamento das massas é a lei. Ninguém te aceita, por isso estás errado)

Isso soa-me a um pensamento um pouco perigoso. Queres-me levar contigo só porque achas que a tua maneira de pensar é a mais correta. Isso é uma forma de pensar muito grupal para mim.

(Grupal? Não sei se compreendes que os humanos são animais que vivem em grupos. Sociedade, como se diz normalmente.)

Interessante. Pensei que fossem vocês que gostavam de dizer e defender que todos os humanos são diferentes.

Diz-me, escritor. Se todos os humanos são diferentes, porque tentas tu fazer-me pensar igual a ti?

Porque tentas tu destruir o que em mim é singular?

(O quê?)

A minha personalidade. Quem eu sou.

(Tu és um monstro)

Talvez. Mas eu não ando a tentar mudar o que os outros são só porque não me agrada. Isso sim é que é ser um monstro.

(Todos os humanos fazem isso. É uma forma de te aproximares mais dos da tua espécie. Sabes sequer o que estás a dizer?)

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