Capítulo 7- Parte I

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Capítulo 7: A timidez que se ganha e a timidez que se perde...

É bom que fiques a saber uma coisa. Algo que se calhar devias ter em mente sempre que olhares para um adolescente. Sabes, podes até nunca ter pensado nisto, nessa tua estupidez que eu sei está bem aí dentro de ti, e que percorre todo o mundo.

Os adolescentes de hoje são os adultos de amanhã. É a verdade.

Eu não quero soar os alarmes, e fazer de mim um em demasia negativo, mas essa é a mais pura das verdades. Apesar de pura não ter nada.

Os adolescentes são burros. Não há forma de dizer isto de outra maneira. São burros. Todos. Um bando de burros. É que nem tentam esconder. São tão burros que se pavoneiam na idiotice, mostram a tudo e todos a sua burrice e riem com os seus amigos ("amigos?") da burrice dos outros.

Hipócritas. Todos eles. Um bando de hipócritas. Eu sei que já disse isto, mas eu digo novamente. Os adolescentes são o futuro da nossa sociedade. Como será o nosso futuro, se há tantos burros no presente, que serão ainda mais burros no futuro?

E falam de trabalhar no McDonalds.

Suspiro...

Só me assusto com o nosso destino. Estou preocupado com a humanidade. Faço-me de preocupado com a humanidade, isso sim.

Não quero saber, lá no interior de mim, estou-me nas tintas, como já dizia outro.

Se calhar falta-me vontade para me preocupar com os outros, para além de uns sortudos escolhidos pelos quais eu me preocupo, muito que inconscientemente e irracionalmente, algo que de certeza está escrito no meu ADN.

Escolhas. Só essa palavra que parece tão fácil e prestável acaba fazendo da vida humana algo efémero e pequeno.

Diz-me, quantas escolhas fizestes hoje?

Não. Quantas escolhas fizestes na última hora?

Incontáveis, de certeza. Não. Elas são contáveis, porém são tantas que contá-las seria sem sentido. Para quê conta-las.

Já te apercebeste das possibilidades que a tua vida poderia tomar?

Do facto de, só se calhar, tivesses escolhido passar a estrada um segundo antes naquele dia tinhas sido atropelado e já cá não estavas. Morrerias, e não estarias a ler isto.

Mas pouco sentido faz. A borboleta vive apenas um dia. Linda, voa pelos campos, sempre voando. E no final do dia morre, sem nunca sequer saber o que é a felicidade.

Entendes o que quero dizer?

Só os humanos entendem o que é ser feliz. Só eles entendem o que é ser triste.

Então diz-me, porque não posso eu ser uma borboleta?

No fim da história, isto não faz sentido nenhum...

Bem, já está na hora de eu sair do meu interior. Está escuro aqui.

Com o chegar do final da tarde, mais uma vez, agora a segunda, chegou a altura de eu ir para o Clube de Ajuda.

Mais um dia em que irei ler muito livro, talvez? Nem sei, e sinceramente, não me importo muito.

Abri a porta e entrei na sala do clube. Não havia lá ninguém. Bem, parece que tinha chegado primeiro, por isso sentei-me na cadeira, numa mesa ao fundo da sala, e tirei o livro Zaregoto da minha mochila.

Isto sim, boa leitura.

Ok, pensando. A Cold disse ontem que hoje não vinha, tinha coisas para fazer ou que era. Imagino que coisas sejam? Bem, não importa... Ela até disse para eu ir sempre atrás da Sly. Mas ela não está cá.

Ou será que está escondida debaixo de uma das mesas?

Por mais estúpida que esta ideia pudesse ser, por alguma razão quando me apercebi já estava a olhar debaixo da minha mesa, seguida pelas outras, procurando pela pequena rapariga tímida que parecia não querer aparecer.

Como claro, não havia lá ninguém.

Em que é que eu estava a pensar? Porque é que ela havia de estar debaixo de uma das mesas? Devo estar a ficar maluco.

Abanando a cabeça, voltei ao nível em que estava sentado, retornando sem vontade para o livro que me lia hoje. Isso quando me apercebi que alguém me olhava.

Ao meu lado, parada sem nada dizer, estava a Sly. Olhei para ela e quase saltei.

"AHH!" Gritei. De certeza não estava nada á espera que ela aparecesse aqui do nada. Respirei fundo. Olhei para além do ombro de cabelo loiro dela, e vi a porta do clube aberta. Como é que ela entrou aqui sem eu dar conta?

Quem é que ela acha que é? O Solid Snake?

Recuperei a minha calma. "Boa tarde, Sly." Ela fez um pequeno, muito pequeno, tão pequeno que eu quase nem o notei movimento com o queixo, se calhar a dar-me as boas tardes, do jeito muito silencioso que ela tem. "Há algo preparado para hoje?"

A Sly olhou-me nos olhos, por alguma razão. "...Segue-me." Ela disse, virando-se e saindo da sala. Tudo no seu passo meio lento.

Espera. Como é que é?

Quando me apercebi, uma pequena brisa fez-se sentir na sala do Clube de Ajuda, e eu apercebi-me que ela já tinha saído, sem nem esperar por ninguém.

Fechei o livro rapidamente e pu-lo na mochila, trazendo-a comigo para fora da sala.

Mas qual é a razão dela ser assim? Deus, diz-me o porquê?

---X---

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