Meu dia (não tão) encantado Assim...

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2 ° tempo do dia

Tomei meu rumo e fui para a faculdade. Já que não tinha outro jeito... Voltar para meu sonho não era uma alternativa e muito menos ser abduzida por extraterrestre para evitar aquela agulha anestésica e o meu dentista com sede de um dente novo e lindo... Precisava seguir firme e esperar que o dia de amanhã chegasse mais rápido. Pedir uma ajudinha para o Sr. do Tempo nem estava nos meus planos, pois se ele quisesse ter sido legal comigo teria feito um pequeno esforço nesta manhã. E não foi isso que ele fez.

Cheguei na correria, de sempre, à frente da porta da sala de aula e sabe o que aconteceu? Sim. Porta fechada e lacrada. O que significava? Sentar nas escadarias e esperar a próxima aula. Estava começando a pensar que esse não era o meu dia. Com esse pensamento veio um pequeno arrepio subindo a minha coluna. O dentista macabro veio a minha mente. Levantei o braço e disse em voz alta. "Sai de mim pensamentos do cão!" Uma garota me olhou estranho e eu fingi que lia um texto e falava uma peça teatral. Segui uma fala improvisada para não pagar mico maior.

Abri meu aplicativo de conversa e fui contar as amigas a minha saga do dia. Como sempre as minhas conversas perdiam no tempo e com isso quase que a outra aula era perdida também.

Hora do almoço, eu aproveitei para comer bem e bastante, isto porque sabia que depois da extração eu iria viver de sorvete e sopinha morna ou quase fria. Assim que acabei de comer e afastei meu prato, satisfeita, escutei mamãe dizer:

- Filha, você lembra que o dentista disse não é mesmo? Uma alimentação leve para não ter enjoo.

Sabem aquela cara de gato que engoliu o peixinho do aquário? Foi essa a minha seguida de um sorriso que não revelava dente algum.

- Lembrei mãe... – os dedos estavam embaixo da mesa em figa.

Minha irmã, minha querida e companheira irmã, ela sorria a minha frente em cumplicidade eterna. Como é bom ter uma irmã... Uma cúmplice

... Como sonhei ter uma irmã... Olhando-a voltei um pouco no tempo.

Eu sonhei tanto tempo que finalmente ganhei a irmã. Sempre quis ter alguém com quem compartilhar minhas alegrias, felicidades e segredos. Lógico que também brigas e zoeiras. Ela chegou em 2007 para me completar e eu estava com os meus nove anos.

Quando lembro como era a vida sem ela não consigo imaginar mais esse tempo. Fico ali diante dela recebendo seu sorriso encantador. Então consigo visualizar apenas uma cena que ainda ficou gravada na minha memória RAM e o backup não foi apagado: brincando na varanda da casa da minha tia com minhas primas mais velhas, como se o mundo não tivesse tempo e a única coisa que realmente importava para nós era o riso... Sim perdíamos nas risadas e palavras sem sentido que no nosso mundo apenas nós as compreendíamos. Essa era minha única lembrança boa sem ela na minha vida.

- Acorda Débora! Estou falando com você e parece que está em outro planeta.

- O que foi que disse?

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Para Minha Querida Amiga SecretaOnde histórias criam vida. Descubra agora