Um Aroma Sem Igual - Parte 1

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"Todos os meus passos me levam até você

Eu tive que atravessar o inferno

Pra chegar até aqui

Mas eu não mudaria nada

Só para ter a chance de dizer

Meu amor, estou apaixonado por você."

Christina Perri, The Words

♥ ♥ ♥

Estava chovendo quando saí de Port Angeles e peguei a rodovia 101, rumo a Forks.

Grossos pingos de chuva caíam do céu acinzentado, trovões podiam ser ouvidos ao longe, ventos fortes vindos do mar anunciavam a chegada de uma tempestade. Embora a neve já tivesse a muito derretido a rodovia estava perigosamente escorregadia e, volta e meia, a caminhonete derrapava na pista.

A estrada estava tranquila naquela tarde de quinta. Não havia caminhões trafegando por ela, só uns poucos carros.

Se concentrar no trajeto para casa seria algo fácil de se fazer - afinal, eu o faço duas vezes por semana - se meus pensamentos não fossem tomados pela lembrança dela.

Desde que a vi pela primeira vez pela vitrine da floricultura de minha irmã, há pouco mais de um mês, eu não consigo parar de pensar nela e em seus sedosos cabelos azeviche, em seus brilhantes olhos negros e em seu belo sorriso.

No instante em que nossos olhares se encontraram, eu senti algo diferente. Foi como se - sei que isso vai soar piegas, mas é a verdade - uma corrente elétrica percorresse todo o meu corpo e aquecesse meu peito.

Nunca, em toda a minha vida, havia sentido isso antes. Muito menos depois de uma simples troca de olhares.

Confesso que isso me inquietou a princípio, contudo, quando a vi pela segunda vez, essa inquietação sumiu e a vontade de vê-la novamente tomou conta do meu ser.

Não só de vê-la na verdade, mas de sentir o sabor de seus lábios rosados, de sentir a maciez de sua pele e de, principalmente, sentir seu aroma novamente. Uma mistura de rosas, de gotas de chuva e de algo só dela. Um aroma totalmente diferente. Totalmente inebriante. Algo... indescritível.

Um aroma sem igual!

Infelizmente não consegui falar com ela. Não encontrei minha voz tamanho o nervosismo que sentia. Mas eu consegui sorrir. E isso foi uma coisa boa - eu acho - já que ela sorriu também.

Ah, e que sorriso!

Parece que todo o seu rosto se iluminou quando sorriu! - Se é que isso é possível.

Quando entrei na trilha, por entre as árvores - a pouco menos de 1 quilômetro de Forks -, a chuva já havia cessado. Porém, o céu ainda anunciava a chegada de uma tempestade.

Estacionei a caminhonete em frente a casa que herdei dos meus pais, desci, descobri a carroceria, jogando a lona preta para o lado e comecei a retirar os caixotes de madeira.

Depois de guardar todos os caixotes dentro de casa, ao lado da porta, decidi cortar um pouco de lenha para alimentar o fogo da lareira durante a noite, visto que ainda fazia muito frio e as madrugadas vinham registrando temperaturas ainda menores do que costumava marcar o termômetro.

Caminhei até o bosque que ficava perto de casa.

Como já havia separado algumas madeiras no dia anterior só me restava cortá-las.

Eu já estava a aproximadamente uma hora cortando lenha, e a cada investida do machado contra a madeira, sentia meu corpo se aquecer, vibrar com o exercício, e isso chegava a ser empolgante.

Passei a golpear o tronco à frente com mais força e agilidade quando senti meu celular vibrando em meu bolso.

Havia esquecido completamente que ele estava ali.

Era uma mensagem de Jules.

Eu não queria, mas sentia que precisava ler o que quer que minha irmã tivesse enviado.

Para Minha Querida Amiga SecretaOnde histórias criam vida. Descubra agora