3° ato do dia
Eu sentada na sala de espera do consultório do meu dentista esperando que a recepcionista viesse me avisar que o dentista em questão teve uma dor de barriga ou uma virose brava e que eu estaria dispensada hoje. No entanto, eu não sou a sortuda do dia, a começar por acordar no meio de um sonho encantador...
Tudo bem... Não vou começar a reclamar... Estou pronta e preparada para ser amputada do meu querido e lindo dente e somente meu que habitava a minha boca e que até o instante pertencia somente a mim.
- Débora! Vamos entrar?
- Tem segunda opção?
- Não!
Não entendi a pergunta dessa senhora. Se ela queria ser simpática que providenciasse: um sofá melhor para sentar, umas revistas decentes para que pudéssemos ler ou uma televisão com um canal com séries legais ou músicas e pelo menos com o som na altura que escutássemos e não o som do tic tac do relógio da parede. Ficar esperando numa sala de atendimento poderia ser um lugar mais agradável. No meu tempo livre eu gosto de aproveitar com algo que eu realmente goste de fazer, que seja: escrever, ler e escutar música... Dormir! Ah... Dormir é muito bom... Sonhar...
- Boa tarde Débora. Preparada? – perguntou meu dentista com aquela cara de quem é meu amigo.
Vou dizer a vocês... Eu nem dei crédito a essa pergunta besta, afinal quem estaria?
Meia hora depois eu caminhava pela rua com a boca torta e baba escorrendo. Parecia uma louca fugida de uma clínica psiquiatra. Combinei com minha mãe de encontrá-la em uma pequena livraria perto do consultório. Já que ela iria atrasar eu poderia ficar em um lugar mais apreciável.
Não sei se foi uma ideia legal depois que um atendente gatinho se aproximou e perguntou:
- Precisa de ajuda?
Em um milésimo de segundo eu pensei uma eternidade de possibilidades de repostas:
1 – Balançar a cabeça de um lado a outro.
2 – Balançar o dedo indicador em não.
3 – Fingir de surda e muda.
4 – Sorrir... Não! Essa não era uma boa...
5 – Pegar o primeiro livro e sair em direção ao caixa e deixá-lo plantado no mesmo lugar.
Não! Eu não tinha dinheiro.
6 – Sair correndo da livraria. Talvez.
Mas, como era eu, a Débora News, não fiz nenhuma das opções acima. Resolvi tentar falar e depois de perceber o desastre da boca torta, dura e babada explicar que tinha acabado de sair do dentista. E... Não é que rolou!!! Ele me contou que há um mês ele também tirou o dente e nem pode trabalhar, pois ninguém entendia o que ele falava. Acabamos conversando e falando os nossos gostos literários e eu contei que escrevia e que tinha um canal na internet e tudo mais...
Depois que mamãe chegou, eu tive que me despedir, mas não antes de deixar o meu contato e um convite: Assistir meu canal e curtir minhas resenhas e dicas de livros legais nas diversas plataformas. E antes que eu virasse e saísse ele perguntou:
- Débora! – virei - Qual a nacionalidade da maioria de seus personagens?
- Americana, estadunidense!. Ah... Exceto pela Simone de "Uma Passagem para o amor" que é brasileira. E a Marjorie e Stefano de "(Não são) Apenas seus Olhos" que, respectivamente são: inglesa e um irlandês.
Recebi um puxão da minha mãe para continuar andando, senão eu estaria lá ainda. Nem fiquei sabendo o porquê da sua pergunta. Na verdade eu poderia ter descrito todos os meus personagens para ele.
Uau!
Entrei no carro sonhando...
Sentada num café com meu mais novo 'amigo da livraria' e ele me olhava nos olhos firme e perguntava:
- Qual profissão você quer ter?
- Escritora.
- Qual sua cor preferida?
- Vermelho.
- Você já leu a Bíblia?
- Sim... – se ele pedisse, eu lia tudo...
- Qual livro gostou mais?
- Salmos!
- Você gosta de poesia?
- Não sou mega fã... – ai! Será que dei um furo? - Mas sei apreciar... – falei em seguida.
E eu sorria...
Com certeza ele poderia ser um príncipe encantado, aquele alguém que me amasse e me respeitasse assim como eu faria com ele todos os dias da minha vida...
- Débora! Chegamos!
Era mamãe me balançando e avisando que já estávamos em casa.
E, mais uma vez acordada num momento inoportuno.
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Para Minha Querida Amiga Secreta
ContoAmigo secreto é uma brincadeira bastante tradicional, que geralmente ocorre na época do Natal, que consiste em trocar presentes, entre colegas de trabalho, de escolas, e de familiares e amigos, desconhecidos. (Fonte internet) Nessa perspectiva 20 m...