A tempestade da noite anterior deixou alguns estragos na propriedade. O galpão fora destruído por uma árvore que caíra em cima dele, um pinheiro para ser mais específico. Galhos caíram em cima da minha caminhonete – que felizmente não foi danificada.
Depois de limpá-la, arrumei com cuidado os caixotes com os arranjos na carroceria. Os cobri de uma maneira que não machucasse as flores e dirigi rumo à rodovia.
Eram quase duas da tarde quando saí da rodovia 101 e entrei em Port Angeles.
O trânsito estava tranquilo e em menos de uma hora já havia chegado à floricultura de Jules.
Carrego um caixote de cada vez para dentro.
— Oi, Jules! Tudo bem por aqui? — Pergunto, colocando o caixote em cima do balcão.
— Oi! Sim, tudo tranquilo hoje. Como foi de tempestade?
— Mais ou menos. Um pinheiro caiu no galpão dos fundos. — Passei as mãos pelos cabelos antes de retirar um arranjo da caixa de madeira.
— Oh! Quer a ajuda de Michael?
— Não quero incomodar, Jules. Michael é bombeiro e tem coisas mais importantes para fazer do que perder seu tempo tirando uma árvore de um galpão velho.
— Sem essa, Oliver! — Exclamou ela, colocando as mãos na cintura. — Você sabe que não é incomodo algum, afinal, é meu irmão. Além disso, ele lida com esse tipo de situação sempre depois de uma tempestade.
Eu dei um suspiro resignado, então disse:
— Okay, aceito a ajuda. Mas o trabalho terá que ser feito amanhã.
— Sem problemas, assim tenho tempo para falar com ele hoje na hora do jantar.
Rumo para fora da floricultura e pego outro caixote. Quando estou prestes a depositá-lo no balcão, vejo Jules acenar e sorrir para alguém atrás de mim.
Viro-me para ver quem é.
Meu coração da um solavanco dentro de meu peito quando meu olhar cruza com o dela.
Ela está do lado de fora da floricultura, na calçada, acenando e sorrindo. Quando entra e diz bom dia com sua melodiosa voz, eu perco o fôlego.
Bato o caixote no balcão e, sem querer, derrubo um dos vasos. Não gosto quando isso acontece, pois acabo machucando a flor.
Retiro os arranjos do caixote e os entrego a Jules.
Quando me volto para entrada da floricultura, vejo que ela está ao meu lado, sorrindo. Retribuo, embora sem jeito.
Saio para deixar este caixote na carroceria da caminhonete e pegar outro e não vejo quando minha irmã faz sinal para que ela venha atrás de mim.
— Oi — diz ela, parando ao meu lado.
— O-oi.
— Sou Dandara — ela estendeu a mão — e você?
— Oliver — respondo, aceitando sua mão. Ela me puxa e deposita um beijo em meu rosto. Meu coração para de bater por um instante e seu aroma me inebria.
— Prazer — diz ela com um sorriso largo nos lábios. — Sabia que Oliver é o meu nome favorito? Não sei por que, mas adoro esse nome.
Sorri sem graça, passando a mão nos cabelos e apertando minha nuca.
— Obrigado! Dandara é um nome diferente, mas eu gostei. É tão bonito quanto a mulher que o carrega.
Ela ruborizou, então disse:
— Jules me disse que você fez uma coroa de flores para mim.
— Eu fiz uma, mas não sei se está boa.
— Tenho certeza que está perfeita! Posso ver? — Pergunta ela, ansiosa.
— Claro! — Abri a porta da caminhonete e tirei a coroa de dentro de uma caixa.
Os olhos dela se arregalaram quando viram a coroa de rosas vermelhas e um sorriso de surpresa iluminou seu rosto.
— Uau! É linda! Obrigada! Não sei como te agradecer.
— Não precisa agradecer — sorri sem jeito —, só de saber que você gostou já me deixa feliz.
Os belos olhos dela cintilavam de tal maneira que me lembravam estrelas brilhantes no céu noturno.
— Mas é claro que eu preciso, você salvou meu dia, afinal.
— Jules havia me dito que você estava desesperada atrás de uma coroa, não sabia que era verdade.
— Pior que é. Ganhei o papel principal em Giselle e – apesar de sonhar com isso – fiquei desesperada por não conseguir encontrar uma coroa de rosas vermelhas. É a minha primeira apresentação como bailarina de ponta.
— Tenho certeza que você vai se sair super bem.
Ela sorriu tímida.
— Bem, eu... preciso ir. Tenho que me preparar para apresentação de hoje à noite — diz ela, colocando uma mecha de seu cabelo atrás da orelha. — Eu... adoraria te ver no teatro mais tarde, sabe... assistindo minha apresentação. Isso se você não estiver ocupado — apressou-se em dizer.
— Adoraria — respondo, com um sorriso torto nos lábios.
— Maravilha! — Ela sorriu largo e meu coração perdeu uma batida. Céus, que sorriso lindo ela tem! — Então nos vemos depois... Ah! Seu ingresso.
Peguei o papel dourado que ela me entregou, então a fitei fundo nos olhos e disse:
— Te vejo depois, então.
Ela beijou meu rosto novamente e se afastou, sorrindo.
Fiquei parado na calçada fitando o nada por alguns minutos. Um sorriso bobo pairava em meus lábios e meu coração saltava dentro de meu peito.
Eu não podia imaginar que a moça que precisava tanto de uma coroa de flores fosse a moça de meus sonhos. Aquela que passou a tomar conta de meus pensamentos e que possuía um aroma sem igual. A que se tornaria uma parte importante em meu mundo – assim como eu, no dela – e, principalmente, que se tornaria dona de meu coração.
Fim
♥ ♥ ♥
Este conto é baseado no clipe The Words da cantora Christina Perri. Mas é inspirado e dedicado à minha querida AS, Dandara Murad. Dands, espero que você tenha gostado da minha pequena homenagem; a fiz de coração. Você é tão delicada e perfumada como uma rosa, mas sei que quando é necessário você usa seus espinhos para se defender. Você merece um amor tão puro e doce quanto o aroma de uma flor; alguém que queira fazer parte de seu mundo e que deseje que você faça parte do dele. Estou certa de que o seu espetáculo está apenas começando. Curta os aplausos e acene para mim quando me vir na primeira fileira, vibrando com o seu sucesso.
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Para Minha Querida Amiga Secreta
Short StoryAmigo secreto é uma brincadeira bastante tradicional, que geralmente ocorre na época do Natal, que consiste em trocar presentes, entre colegas de trabalho, de escolas, e de familiares e amigos, desconhecidos. (Fonte internet) Nessa perspectiva 20 m...