Será?
O horário de expediente começava às 8:00h e desde às 6:30h Rebeca se encontrava pronta, tomou café e partiu para o ponto de ônibus.
Existe um detalhe que esqueci de mencionar, ela era um pouco estabanada, vivia esbarrando nas pessoas. E em um desses esbarrões...
- Scusi signorina, non ho visto te. – Um rapaz muito bonito e simpático vinha apressado para pegar o ônibus que já estava no ponto.
- Sem problemas, não precisa se desculpar, também estava distraída... gente que gatenho. Ele falou em italiano? Não. Deve ser impressão minha.
O rapaz estava com muita pressa, e nem teve tempo de escutar o que a moça dizia, mas na fração de segundos que durou o esbarrão, conseguiu captar o perfume e a textura dos seus cabelos.
Gianluca era um rapaz italiano, que veio ao Brasil a convite de alguns parentes, se apaixonou por Curitiba e há oito meses se estabeleceu na cidade, sem conseguir emprego fixo, pois era professor universitário na área de artes e literatura, e como no país as faculdades já estavam com os períodos se encerrando, resolveu dar aulas particulares de italiano, e naquela manhã estava atrasado para sua aluna predileta, uma senhorinha que já estava de viagem marcada para Nápoles. Dentro do ônibus ficou lembrando-se do perfume da moça e pensando se algum dia teria a oportunidade de senti-lo novamente.
Rebeca ficou olhando aquele rapaz sumir, só conseguiu prestar atenção na sua voz rouca e forte, nas costas largas e também pensava se algum dia voltaria a ouvir aquela voz. Sacudiu a cabeça espantando o pensamento para longe, voltando a focar no trabalho.
Já tinha se passado quinze dias que sua rotina havia se transformado, ela estava muito feliz. Apesar de toda a correria Rebeca se encontrava cada dia mais disposta e animada, esse trabalho havia lhe dado um novo ânimo, só que sentia falta daquela voz, sempre quando ia pegar o ônibus ficava olhando para os lados, pois queria, ao menos de longe, ver aquelas costas. Como só trabalhava de segunda à sexta, aos sábados ajudava a mãe com a casa e as compras no supermercado, também tirava esse dia pra cuidar de seus bichinhos, o Gordo, seu gato travesso precisava ir ao veterinário, pois havia engolido algo estranho, então neste sábado ela foi primeiro cuidar do seu amigão.
Chegando lá, ficou esperando a sua vez de ser atendida. Havia um rapaz no balcão da recepção e, de longe, aquele porte lhe pareceu familiar. O rapaz gesticulava muito com uma das mãos, na outra ele segurava um lindo gato, parecia que não estava conseguindo explicar para a moça o que seu gato tinha.
Quando de repente ele virou e perguntou se alguém ali falava italiano, para a surpresa de Rebeca, era o rapaz do esbarrão.
- Per favore, qualcuno parla italiano qui? Il mio gatto ha bisogna di aiuto urgente.
- Allora, se parlare più piano, posso aiutare a te.
- Grazie mile, bella ragazza!
Logo de início ele não a reconheceu, pois estava muito nervoso, porém quando ela se aproximou...
Era ela. O perfume, os cachos. Ele ficou em transe a ouvindo falar, até cair a ficha e voltar para o seu gato.
Rebeca conseguiu fazer a mediação entre o rapaz e a atendente, e logo ele entrou com seu gato, que havia comido algo envenenado.
Ela foi atendida também, e como não era nada grave o Gordo foi liberado em seguida, mas ela ainda demorou-se um pouco por ali, para ver se o rapaz saia de dentro da clínica. Como ele não apareceu, Becca precisou voltar para casa, e mais uma vez ficaram sem saber nada um do outro.
Os dois pensaram a mesma coisa, perguntar para a moça do balcão informações, mas como eram tímidos não o fizeram.
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Para Minha Querida Amiga Secreta
Short StoryAmigo secreto é uma brincadeira bastante tradicional, que geralmente ocorre na época do Natal, que consiste em trocar presentes, entre colegas de trabalho, de escolas, e de familiares e amigos, desconhecidos. (Fonte internet) Nessa perspectiva 20 m...