Um Aroma Sem Igual - Parte 2

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Tenho que confessar que o pedido me surpreendeu: Jules perguntou se eu poderia fazer uma coroa de flores para entregar amanhã junto com os restantes dos arranjos.

De acordo com minha irmã, uma jovem tem apresentação de ballet amanhã à noite e não consegue encontrar uma coroa de rosas, mais especificamente vermelhas, para completar seu figurino.

"Ela está desesperada, Oliver! Precisa ajudá-la! Ela não pode se apresentar sem a coroa! Você é ótimo com arranjos, tenho certeza que vai conseguir fazer uma coroa de rosas maravilhosa!"

Jules sempre foi exageradamente dramática. Para ela, tudo é motivo de drama e, na maioria das vezes, isso me irritava.

Eu solto um suspiro pesado.

Jules também é muito insistente e sabe que no final vou acabar cedendo.

"Anda, Oliver, não seja malvado! O quê que custa ajudar a moça?!"

"Está bem! Você venceu! Eu faço a coroa de rosas. Diga para ela ir buscá-la depois do almoço, lá pelas 14hrs, que é o horário da entrega."

"Obrigada! Já disse que você é meu irmão favorito?"

"Sou seu único irmão, Jules."

"Ainda bem, se eu tivesse outro enlouqueceria!"

Eu rio. Só ela mesma para me fazer rir.

Depois de guardar meu celular no bolso, pego novamente o machado e golpeio com força a madeira à minha frente, no instante em que um trovão irrompe o céu.

O vento começa a soprar forte e grossos pingos de chuva começam a cair do céu acinzentado.

Concluo que já cortei lenha o suficiente e que já é hora de entrar.

Carreguei uma boa quantidade de lenha para dentro, e no momento em que fechei a porta da cozinha o céu desabou em água.

Decidi passar um café antes de começar a trabalhar nos arranjos. Parece que com café tudo é mais gostoso: o trabalho, o estudo, a vida.

O aroma do café fresco toma conta da cozinha e faz com que meu estômago ronque, lembrando-me que não almocei ainda hoje. Contudo, como preciso preparar os arranjos para a entrega de amanhã, decido que prepararei algo para comer mais tarde, quando o serviço estiver terminado.

Caminho até a sala e começo meu trabalho.

Trabalhar com plantas é algo revigorante. Traz-me paz. Aqui, entre as flores, posso ser eu mesmo que elas não vão me julgar ou condenar.

Se você as ama e as trata com zelo e carinho, elas vão lhe presentear com sua beleza e com seu perfume; se você as maltrata, elas lhe espetam com seus espinhos ou, simplesmente, morrem de tristeza.

Com todo o zelo possível, transfiro para um vaso mais elaborado uma orquídea branca. Cubro delicadamente com terra a sua raiz e a rego, mas não encharco a terra, afinal, só quero matar a sua sede e não afogá-la.

Corto um pedaço pequeno de barbante e amarro a haste da orquídea, um pouco abaixo das flores, aproximando-as. Isso confere mais delicadeza ao arranjo.

Faço a mesma coisa com as outras orquídeas e com algumas tulipas, e quando dou por mim, já anoiteceu.

Com cuidado arrumo os arranjos dentro dos caixotes; três vasos para cada caixa.

Para Minha Querida Amiga SecretaOnde histórias criam vida. Descubra agora