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Cecília me avisou que no centro da cidade nesse horário era sempre perigoso, mas, eu já estou acostumada com isso.

Depois de perder o celular duas vezes para marginais, a gente acaba tendo que prestar atenção a nossa volta.

Enquanto caminhava, via as lojas da cidade se fechando, era o horário. O mercado ficava até 9hrs, então era bem tranquilo de chegar em quinze minutos de caminhada.

Fiquei pensando no dia de hoje e o quanto fora tumultuado. A correria para deixar tudo limpo deixou todos na loja estressados, inclusive Luiza minha colega e amiga mais próxima, era uma magrela mulata louca que ria de tudo, mas, por incrível que pareça, hoje, parecia ter saído das trevas e não da sua casa.

Mikhael Vizann... Que nome diferente,  fiquei imaginando como novo dono do shopping seria. Deve ser velhote neurótico por limpeza! Comecei a rir sozinha na rua. Algumas pessoas que passavam por mim deveriam me achar uma demente.

Cheguei no mercado, peguei algumas coisas de necessidade básica, papel higiênico, pasta de dente, frutas, filé, uma caixa de chocolate e claro não iria faltar o absorvente, aquela semana seria um inferno! Eu estava quase naqueles dias, e bem provavelmente no dia eu estaria de mau humor, ou como a minha colega louca a Luiza diria: "Distribuidora de coices gratuitos".

Realmente eu era uma pessoa calma, mas, quando eu estava de tpm, eu era um horror. A caixa de chocolates eu comeria em uma "sentada", e mesmo assim não ajudaria muito no meu humor.

Chegando de volta a pensão, Cecília minha avó adotiva, me cedeu um lugar no seu quarto me oferecendo um enorme bolo de laranja que ela tinha feito. Sim! Eu sou uma formiga gigante, eu adoro doces e se pudesse viveria disso, mas, desse jeito eu vou rolar mais do que já estou rolando.

- Filha, eu sei que você está naquela semana, por isso fiz este bolo para você. - Seu sorriso é acalentador.

Eu amo demais a Cecília além de ser uma pessoa que me passa segurança, conselheira em horas oportunas, ainda me dá presentes.

- Obrigada por lembrar... - Como um pedaço do bolo e não me dou conta que tenho que voltar para o quarto, pois, era tarde da noite.

- Filha! Não esqueça de por o filé no pequeno freezer!

Saio do quarto de Cecília aos tropeços fazendo barulho, ainda bem que eram pouco mais de quatro pessoas vivendo no "prédio pensão" contando comigo e com a Cecília.

- Sim! Está bem!

- E por favor... Não se estresse amanhã no trabalho! - Cecília fala mais alto.

- Vou tentar vó! - Grito chegando ao meu quarto no segundo andar.

Realmente... Eu vou tentar.

Eu também sou mulher! - [Pausado]Onde histórias criam vida. Descubra agora